Irreverente e Único, Ney Matogrosso Bota seu Bloco na Rua em São Paulo
Publicada em 28, Aug, 2022 por Marcia Janini
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Na noite da última sexta-feira, 26 de agosto, Ney Matogrosso apresenta mais um show de sua aclamada turnê "Bloco na Rua" no Vibra São Paulo, após passar por várias capitais paulistas.
Intenso e sensual, Ney inicia a apresentação ao som de "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua" (Sérgio Sampaio), seguida pela belíssima releitura de "Jardins da Babilônia" (Rita Lee), trazendo um delicioso acento ragtime dos teclados em dedilhados intensos, num convite à descontração...
Trazendo a intensidade do ska pelo afinadíssimo duo de metais, "O Beco" (Paralamas do Sucesso) chega firme, contundente no bem explorado fraseado vocal de Ney, que empresta aura de reflexiva urgência e indignação à letra. Grandioso!
Remontando à sonoridade mediterrânea dos solos de Derbak pela bem pontuada percussão, em modulações diferenciadas e intensos vocalizes introdutórios "Álcool: Bolero Filosófico" (DJ Dolores) uma canção atualíssima e moderna, traz mais uma criativa e diferenciada performance concebida pela genialidade de Ney, que traz métrica diferenciada em seu fraseado vocal, prolongando e sustentando cada sílaba, resultando em uma aura densa, onde seu vocal surge sobreposto com efeito crossfader, num moderno cantochão.
"Já Sei", traduzindo o charmoso acento da salsa latina à divertida canção, traz a ousadia dos trocadilhos em inglês/ português, demonstrando criatividade e irreverência ímpares.
Relembrando um de seus grandes sucessos na década de 1970, "Pavão Misterioso" (Ednardo) surge em releitura mais intensa, com instrumental dinamizado, atual, apoiando a linda interpretação vocal repleta de modulações intensas! Belo momento do espetáculo!!!
Na beleza de um samba modernizado com acentos de marcha rancho "Tua Cantiga" (Chico Buarque), surge permeada com brejeira graça pelo pandeiro, traduzindo ares de delicada irreverência...
Para a passional "A Maçã" (Raul Seixas) o andamento instrumental ralentado, com predominância da bateria, em dramática marcha nas conversões ao refrão, ampliam a carga de intenso romantismo da canção. Visceral!
Em mais um belíssimo momento da apresentação, o lindo bolero "Yolanda" (Pablo Milanés) traz mais uma interpretação primorosa de Ney, explorando notas altas com seu timbre delicado e suave, porém firme, emprestando enorme carga de sensual dramaticidade à letra. Impactante!!!
Com acordes modernos dos sintetizadores "Postal de Amor" (Fagner), mais uma canção intensa remontando aos cantes aflamengados e ao acento intenso das tonás, revela mais um brilhante momento da performance de Ney, em modulações precisas e de extrema complexidade técnica. Amazing!
Trazendo ares andinos, a linda guarânia "Ponta do Lápis" (Fagner) surge traduzindo a beleza da latinidade em andamento constante, permeado com graça pelos metais em junção com a guitarra solapada em acordes gentis.
"Tem Gente Com Fome" (Solano Trindade) urgente, repleta de belos recursos como sons onomatopaicos, modulações imprecisas e belos vocalizes, traz mais uma performance especial de Ney... Extasiante!
Flertando abertamente com sonoridades pop, "Corista de Rock" apresenta também a velada sensualidade latina na percussão, em diálogo constante com os metais, que emolduram com elegância o vocal preciso de Ney. Intensas, as cordas em riffs complexos de dedilhados ágeis exploram acordes diferenciados, trazendo a energia do rock n'roll.
A graça do carimbó e a sonoridade do norte brasileiro de "Já Que Tem Que", no delicioso swing e remelexo proporcionado pelos metais, aliados à percussão cadenciada da bateria e ao som dos atabaques constantes, surge como mais um momento especial do show em energia vibrante.
A batida do funk brasileiro se alia à salsa latina, para "O Último Dia" (Paulinho Moska) em uma das releituras mais geniais já vistas para clássicos gravados anteriormente por Ney... Esplendoroso, escandaloso de tão perfeito!!! Um dos melhores momentos do show!!!
Trazendo a força da sonoridade do maracatu, "Inominável" surge com força de hino, trazendo mais uma performance intensa, diferenciada, causando deliciosa aura de estranheza na finalização... Intenso!
Relembrando um dos grandes sucessos de sua carreira junto ao Secos e Molhados, "Sangue Latino" também ganha roupagem moderna, com elementos pop no andamento ágil e nos acordes dos metais, em intensas clarinadas nas conversões.
Para os instantes finais da apresentação, a ultrarromântica "Como 2 e 2" (Roberto Carlos) e o lirismo da linda "Poema", além do samba "Ex-Amor" (Martinho da Vila) e "Homem com H" brindam o público presente, após uma apresentação em tudo bem cuidada, técnica, precisa e cativante!
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