Bangers Open Air MMXXV (1º dia)
Publicada em 03, May, 2025 por Marcia Janini
Na tarde da última sexta-feira, 02/05/2025 o Memorial da América Latina em São Paulo recebeu a edição anual do Bangers Open Air, festival voltado ao heavy metal e suas vertentes.
Iniciando as apresentações no Ice Stage, a excelente banda alemã Kissin' Dynamite inicia sua apresentação por volta das 15h00, ao som de "Back With a Bang" pautada no heavy tradicional.
Na sequência, a descontraída "DNA" traz em seu bojo os elementos do hard rock, no refrão e nos vocalizes, em um divertido hino ao rock n' roll. Distorcidas, as guitarras apresentam glissandos poderosos aliadas ao baixo em doom de Steffen Haile e à bateria cadenciada. O forte coro em vocalizes apoia a força do refrão. Cheio de atitude, explorando intensos agudos, o vocalista Hannes Braun brilha em um momento todo especial de sua performance.
Trazendo a cadência marcante da bateria de Sebastian Berg em meio aos glissandos e cromatismos das guitarras distorcidas em afinação alta, surge a jovial "No One Dies a Virgin" em uma melodia linear. Em um bom trabalho do baixo em contraponto à bateria o instrumental cresce em dinâmica. Carismático Hannes explora tonalidades altas em intensos agudos nas finalizações.
Para "I've Got the Fire" mais um bom trabalho da performance do vocal de Braun alternando entre tonalidades medianas e cavas, ascendendo para a explosão aguda dos refrões. A bateria segue em conversões diferenciadas, apoiando os glissandos dedilhados e de extrema complexidade das guitarras, tendo o baixo de Steffen Haile no contraponto. Great!
Em uma canção encorpada, o peso das guitarras encadeadas de Ande Braun e Jim Müller em rascantes intensos se alia à brilhante performance vocal de Hannes Braun em modulações precisas para "My Monster" que traz ainda melismas das guitarras nas pontes entre estrofe e refrão, em uma deliciosa canção descontraída!
Trazendo elementos do country e do soft rock no andamento ralentado introdutório e na cadência bem explorada pelo vocal charmoso do front man, breaks estratégicos apoiam a força do refrão de "The Devil is a Woman". Bom momento da apresentação!
Marcante, um dos melhores momentos do show surge na execução de "Not the End of the Road" uma canção de forte apelo e potência na letra e no firme instrumental, conduzido com maestria pela banda.
Além dessas canções, outros sucessos como "You're Not Alone" e "Raise Your Glass" constaram da apresentação.
Segunda banda a se apresentar, por volta das 16h10 as paulistas do Dogma já iniciam com a densa "Forbidden Zone" uma canção pautada no thrash metal, onde ao vigoroso peso das guitarras rascantes se alia o poderoso baixo em dub de Nixe.
Performáticas, as noviças apresentam em seu "culto de freiras" além de indumentária criativa entre o sacro e o profano de seus hábitos sensuais, as maquiagens faciais inusitadas, assinando sua forte carga de irreverência.
Criativa, a bateria de "My First Peak" mantém o linear andamento da canção. Explorando a linha do melodic metal em cânones nos refrões a vocalista Lilith e suas companheiras exploram tonalidades altas. Impactante! Trazendo uma melodia levemente suavizada, onde a bateria de Abrahel brilha no apoio às guitarras rascantes em afinação alta, traz linha melódica criativa, onde diminuendos se alternam à explosão dinâmica do refrão.
Para "Made Her Mine" surge uma canção visceral, onde o peso das guitarras em rascantes poderosos de Lamia e Rusalka se aliam ao baixo em doom no contraponto. Alquebrada, a bateria evolui em conversões nada óbvias, contrastando com o melodioso coro das afinadas vozes femininas.
Trazendo um tango infernal na introdução de "Banned" com direito a um estilizado bandoneon, as irmãs trazem a junção de dois estilos tão diferentes e até mesmo antagônicos com grande propriedade...
Na sequência surge a ousada releitura para o clássico 80's "Like a Prayer" de Madonna em um momento no mínimo inusitado da apresentação, onde os viscerais rascantes das guitarras melódica de Lamia e rítmica de Rusalka se aliam à bateria cadenciada e ao baixo em doom, extraindo sonoridade extremamente complexa e de forte dinâmica. Great!
Após a pesada "Bare to the Bones" surge a suavizada e densa "Make Us Proud", uma melodia linear, de andamento ralentado explorando o grave e cavo instrumental, em contraste com o vocal fluido e agudo das integrantes da banda. Mavioso, surge o vocal da líder e vocalista Lilith. Bom momento da apresentação.
"Pleasure From Pain" em mais uma canção repleta de sensualidade, irreverência e ousadia, com o galope da bateria de Abrahel permeando a melodia e conduzindo o andamento na cadência e furor do thrash de linhas clássicas, apresenta uma canção repleta de variações dinâmicas e outros recursos, como movimentos cíclicos na finalização.
Em "Father I Have Sinned" o baixo de Nixe em dub step se alia à bateria de condução linear e precisa, apoiando a força vocal de Lilith, em uma melodia de linhas clássicas ao estilo.
Encerrando sua passagem pelo festival, a banda apresenta a execução de "The Dark Messiah".
Próxima banda a subir ao palco do festival, o Armored Saint traz seu som pautado no classic metal por volta das 17h00, ao som de "March of the Saint".
Na sequência, trazendo as guitarras altas em acordes encadeados "End of the Attention Span" traz a vitalidade do vocal de John Bush em meio aos riffs, glissandos e cromatismos das guitarras. No contraponto, o baixo de Joey Vera em doom auxilia na manutenção do andamento constante desenvolvido pela bateria.
Carismática, a banda interage com o público para a execução da ágil "Raising Fear" que explora tonalidades altas no andamento frenético. Traduzindo os potentes rascantes do speed metal em palhetadas vigorosas, a melodia segue em grande peso dinâmico, sem muitas variações, onde os cíclicos movimentos das linhas melodicas das guitarras rítmica de Jeff Duncan e melódica de Phil Sandoval traduzem na simplicidade toda a visceralidade da letra.
Para "Long Before I Die", as guitarras rascantes se aliam à potência do baixo em dub step no contraponto à bateria alquebrada. Em glissandos altos na ponte entre estrofe e refrão de solos preciosos, as guitarras soam plenas, acompanhadas pelas conversões técnicas da bateria de Gonzo Sandoval conduzida com extrema precisão e agilidade, ascendendo para andamento frenético na finalização. Great moment!
Ousadas, as guitarras em vigorosos rascantes predominam na execução de "The Pillar" sendo acompanhadas pela bateria constante, surgindo como pano de fundo ao vocal suavizado em tonalidades altas, onde as modulações simples de John Bush trazem deliciosa aura de liberdade estética.
Após a execução de "Last Train Home" uma melodia criativa pautada no heavy com a incidência da influência do hard rock no instrumental, surge a explosão dinâmica de "Left Hook From Right Field" uma canção repleta de bons recursos como os breaks estratégicos apoiando as pontes e o vocal despretencioso de Bush, que ascende para intensos agudos e vocalizes em uma melodia dinâmica. Bom momento da apresentação!
Pesada "Standing on the Shoulders of Giants" traz melodia em rondó nas guitarras em dedilhados singelos, que se aliam ao cadenciado diferenciado e à dramática bateria, que traduz à melodia peso descomunal em vigorosas cascatas sonoras. Ascendendo para rascantes extremos, as guitarras emolduram o potente vocal, que traduz toda a revolta da letra em um refrão poderoso, de modulações imprecisas e estudadas dissonâncias. Amazing!
Encerrando sua apresentação o Armored Saint traz três de seus maiores sucessos nas execuções de "Win Hands Down", "Can U Deliver" e "Reign of Fire".
Iniciando sua apresentação por volta das 18h15 ao som de "Mother of All Lies" a banda dinamarquesa Pretty Maids traz seu heavy de linhas clássicas, trazendo fortes influências no rock de linhas hard.
Em dissonâncias e com o peso marcante e visceral das guitarras rascantes, "Kingmaker" traduz aura descontraída em uma melodia de linhas clássicas, onde o diálogo entre a guitarra melódica de Ken Hammer e a guitarra rítmica de Chris Laney permeiam com graça a melodia de andamento constante determinado pela técnica bateria. Ascendendo em glissandos intensos e cromatismos as guitarras encadeadas traduzem leveza à canção, surgindo como perfeito fundo ao vocal agudo de modulações precisas de Ronnie Atkins.
Nos precisos arranjos das guitarras de intensos dedilhados, surge "Rodeo" mais uma canção pautada na gostosa cadência do hard rock de linhas clássicas. Explorando tonalidades altas no vocal que evolui em linhas e modulações simples Atkins demonstra um pouco de seu enorme talento e técnica.
Densidade e dramaticidade surgem determinadas pelo potente baixo de Rene Shades em doom contrapontístico. Em intenso diálogo com a bateria pesada de Allan Tschicaja de andamento frenético para "Red, Hot and Heavy" se traduz uma melodia intensa, onde os riffs encadeados e extremamente ágeis das guitarras apresentam aura efusiva... aliadas ao potente e perfeito vocal de Ronnie Atkins. Amazing!
Trazendo a riqueza de uma melodia pautada na fusão entre hard e heavy, com diminuendos e intensas variações dinâmicas "Pandemonium" demonstra a precisão de uma bateria conduzida com extrema perícia por Tschicaja, aliada às guitarras rascantes e ao baixo em diferenciada linha melódica.
Em mais uma bela melodia, o Pretty Maids traz o contraste entre o vigor instrumental em pesada dinâmica e o vocal agudo e visceral de Ronnie Atkins, suavizado no refrão de "I.N.V.U". Contundente, a bateria evolui em movimentos certeiros, sem deixar espaço para distorções... Perfeito, o diálogo entre as cordas e os teclados de Chris Laney demonstra a grandeza do instrumental e da precisão destes exímios instrumentistas. Amazing!
Com intensa participação do público "Little Drops of Heaven" traz a dinâmica tranquila e o andamento ralentado da bateria na cadência do hard rock. Brilhante o vocal reina absoluto na ponte entre estrofe e refrão... Baixo em doom se alia às guitarras em riffs soltos de intensa carga dramática. Mais um aguardado sucesso... Na finalização, intenso diálogo das cordas e teclado denota dinamismo e elegante complemento.
A banda traz ainda sucessos como a inspirada releitura para "Please Don't Leave Me" (John Sykes), "Future World" e "Love Games".
Penúltima atração a subir ao palco por volta das 19h30, a cantora alemã Doro (Dorothee Pesch) ex-integrante do Warlock, intitulada Rainha do Metal por ser uma das mulheres pioneiras do estilo na década de 1980, traz o seu heavy clássico em "I Rule the Ruins" uma melodia pesada e cheia de atitude, remanescente de sua carreira junto ao Warlock.
Continuando, "Earthshaker Rock" surge na cadência marcante do hard rock, com bateria cadenciada e ágeis riffs das guitarras em arranjos malemolentes, repletos de velada sensualidade. Explorando linha blueseira no baixo, Nick Douglas traz dinâmica diferenciada à melodia. Em modulações precisas de seu vocal potente, Doro brilha em poderosos vibratos nas terminações.
Trazendo toda a irreverente aura de seu potente vocal, Doro traz "Time for Justice" mais uma importante canção de sua carreira, permeada pelo diálogo entre a guitarra melódica de Bas Maas e a guitarra rítmica do brasileiro Bill Hudson em glissandos de dedilhados técnicos, que se aliam à bateria precisa e ao belíssimo baixo de Nick Douglas no contraponto.
Em mais uma melodia que transpira inspiração e ousada irreverência, o belíssimo coro dos instrumentistas apoiando a beleza do vocal de Doro, em meio aos glissandos altos das guitarras e ao baixo em doom, denota mais um belíssimo momento de sua apresentação na melodia fluida e descontraída de "Burning the Witches" onde as cordas dialogam perfeitamente com a precisa percussão, que mantém com propriedade andamento e cadência, seguida pela dinâmica e frenética "Fire in the Sky" onde às guitarras em rascantes se alia a bateria de Johnny Dee em conversões precisas no andamento aceleradíssimo. Perfect!
Com introdução grandiosa e esparsos elementos de melodic metal na introdução "Raise Your Fist in the Air" traz os perfeitos vocais de Doro em uma melodia suavizada, onde o ruflar dos tambores da bateria de Johnny Dee em cadência marcial se alterna à firmeza do andamento ralentado, em uma melodia densa. Brilhantes e precisas, as guitarras dialogam com lirismo, num instante de rara beleza, permeados pelo teclado de Luca Princiotta. Em vocalizes belos, a cantora realiza homenagem ao público, empunhando a bandeira nacional. Amazing!
Na sequência, mais dois petardos "Für Immer" e "Hellbound" se sucedem em verdadeiras avalanches sonoras, onde Doro traduz todo seu carisma levantando o público, que respondeu ovacionando a cantora e sua respeitável banda, que conta também com a presença do italiano Luca Princiotta nos teclados, traduzindo esparsos elementos delicados nos acordes de notas suspensas. Grande show!
Após o inspirado cover para "Breaking the Law" (Judas Priest), a apresentação se aproxima de seu final ao som de "All We Are".
Encerrando a primeira noite de atrações Glenn Hughes traz o hard rock com elementos de blues e soul para o festival, surgindo como grande diferencial.
Subindo ao palco por volta das 20h40, ao som de "Stormbringer" seguido por "Might Just Take Your Life" Glenn traduz nesta apresentação a expertise de mais de 50 anos dedicados ao rock junto ao Deep Purple e posteriormente, em carreira solo.
Para a blueseira "Sail Away" terceira canção apresentada, a linha melíflua de baixo e o andamento ralentado desenvolvido pela bateria abrem espaço à dedilhada guitarra de efeito de Soren Andersen, emoldurando com graça e propriedade o suave e descontraído vocal de Hughes. Trazendo arranjos diferenciados em standard, o teclado de Bob Fridzema dialoga com as cordas pontuando a melodia.
Trazendo jovialidade à melodia, os acentos latinos denotados pela percussão se aliam aos arranjos do teclado e à potência do baixo de Hughes, apoiando a força do refrão para o intenso medley entre "You Fool No One", "Blues" e "High Ball Shooter" que surgem como inspirada jam session permeadas por vigorosos solos da guitarra melódica de Soren Andersen e da bateria de Ash Sheehan. Em mais um bom momento de sua performance vocal Glenn traz a firmeza em modulações graciosas, explorando agudos que se aliam com precisão ao teclado hammond de Bod Fridzema, trazendo a criatividade e o delicioso acento 70's à melodia. Great!
Na execução da blueseira "Mistreated" com predomínio da guitarra e do baixo surge o hard rock setentista em melodias fluidas de letra descontraída. Na finalização, um impactante solo de bateria de Sheehan explora outras sonoridades, bem diversas do heavy metal, onde o performático e versátil baterista introduz vários estilos, indo desde a latinidade da cumbia ao samba, passando pelas criativas pesquisas sonoras do jazz. Bom momento da apresentação!
Pesada, na cadência do heavy de linhas clássicas, onde as semicolcheias encadeadas exploram a versatilidade e técnica da guitarra de Andersen em tonalidades rascantes "Gettin' Tighter" surge trazendo um dos grandes clássicos da carreira com o Purple, na fusão com o blues, em uma das mais emblemáticas canções da banda. Ambientando a densidade da melodia, os teclados hammond apoiam os agudos vocais de Hughes. Amazing!
Encerrando este primeiro dia de apresentações do festival, as clássicas "You Keep on Moving" e "Burn".
|