Bangers Open Air MMXXV (3º dia)
Publicada em 05, May, 2025 por Marcia Janini
Segunda banda a subir ao Ice Stage, a inglesa Paradise Lost traz a grandiosidade do doom metal com influências na sonoridade do symphonic, melodic e progressive metal, em canções repletas de variações dinâmicas e bons recursos.
Subindo ao palco por volta das 14h00, ao som da grandiosa e densa "Enchantment", que traz nas guitarras em glissandos altos e acordes em notas suspensas e na força da bateria alquebrada de Waltteri Wäyrynen aura tétrica, cortante para a melodia.
Com introdução que remonta ao melódico, com a presença do órgão sinfônico em sampler que paira como uma forte penumbra sobre a melodia, antecendendo a avalanche sonora em cascatas de puro som de "Forsaken" onde as guitarras de Gregor Mackintosh e Aaron Aedy em afinação soturna despejam geniais distorções em meio ao rascante extremo. Explorando tonalidades que apontam ao gutural no vocal Nick Holmes traz modulações enigmáticas. Ascendendo em dinâmica crescente, a bateria segue em criativas e ilógicas conversões apoiada pelo baixo de Steve Edmondson difuso em cavas tonalidades. Extremamente pesado e genial!
Em "Pity the Sadness" mais uma melodia de extremo peso traz a força calculada da bateria, que vibra em conversões firmes para cadenciados cheios de efeito e breaks estratégicos. Visceral, Holmes vocifera a letra com energia e vigor ímpares. Em intenso diálogo, as guitarras reinam absolutas na ponte entre estrofe e refrão, em cromatismos e glissandos complexos e de grande intensidade nos dedilhados ágeis. Variações dinâmicas vertiginosas dão o tom.
Para "Faith Divides Us - Death Unites Us" uma balada com forte carga de dramaticidade, o peso e a urgência da letra contrastam com o peso instrumental da melodia. Poderosas as guitarras se aliam em intensidade... Grande momento da apresentação!
Com o vocal profundo apoiado pelas cortantes guitarras solapadas e a constante cadência ralentada desenvolvida pela bateria "Eternal" traz um momento de grande dinâmica instrumental, onde a intensidade dos arranjos evolui em grande peso. Incrível!
Trazendo o estilizado e suave teclado em samplers na introdução, a melodia evolui para acordes solapados das guitarras que se entrecruzam com o baixo em doom de Edmondson para mais um técnico e pesado instante da apresentação. Breaks estratégicos da bateria em crescendo reforçam o belo refrão, no vocal suavizado de Nick Holmes, extraindo modulações ímpares, de grande valor estético. Great!
Trazendo a imponente bateria alquebrada de Väyrynen em meio aos solapados vigorosos das guitarras "No Hope in Sight" traz o firme instrumental permeado pelo sampler dos teclados em tonalidades minimal. Para a variação dinâmica, inversões precisas da bateria auxiliam na marcação do segundo movimento da música com precisão cirúrgica. Brilhante, o vocal de Holmes surge em mais um primoroso momento.
Finalizando sua passagem pelo palco do festival, surge a beleza e o vigor de "Say Just Words" em uma das canções mais descontraídas da apresentação, num bom momento de comunhão com os fãs. Amazing!
Subindo ao palco Ice por volta das 16h30 o guitarrista Kerry King, em projeto paralelo à sua carreira com o Slayer, traz seu heavy metal de linhas clássicas, em canções onde o peso e a agilidade são constantes.
Brilhante em vocais abertos e vociferados, Mark Osegueda (Death Angel)dá o mote à melodia de andamento ágil para "Two Fists" uma composição com melodia de peso.
Em aliterações e inversões vertiginosas, a bateria de Paul Bostaph para "Idle Hands" cresce em dinâmica, trazendo para a primeira parte da melodia dissonâncias bem estudadas, de grande efeito. Para o segundo movimento da composição, a agilidade frenética desenvolvida pela bateria, ladeada pelas guitarras de Kerry King e Phil Demmel (ex- Machine Head) em riffs solapados e profundos glissandos, ascendem para os característicos rascantes do thrash metal. Nos perfeitos e furiosos vocais, Mark Osegueda traz a aura de revolta da letra. Grandioso!
O baixo contundente em doom de Kyle Sanders (ex- Hellyeah) já traz na introdução o andamento denso, acompanhado pela bateria de Paul Bostaph em tonalidades cavas e espaçadas em um cadenciado preciso, que ascende para a consistência de ágil dinâmica e versatilidade da releitura de "Disciple" (Slayer). Intenso em sua performance vocal, Osegueda traz drive e impostações de efeito em meio aos vocalizes, na bem posicionada alternância entre tonalidades graves e agudas. Infernalmente distorcidas, as guitarras de Kerry King e Phil Demmel explodem em encadeados arranjos, com uma potência avassaladora. Bom momento do show!
"Killers", mais uma inspirada releitura para o clássico de Iron Maiden, traz intensas dissonâncias entre a bateria frenética e a densidade solapada das guitarras em riffs cavos, densos, que emolduram poderosamente o vocal intenso de Mark Osegueda. Visceral!
Haken traz o progressive metal com influências modernas, flertando com o pop e com elementos de sonoridades urban, traduzindo aura inovadora.
Linear, a melodia de "Carousel" apresenta a força do vocal de Ross Jennings em modulações bem trabalhadas para a urgência da letra... Encadeadas em diálogo fluido as guitarras de Richard Henshall e Charles Griffiths seguem apoiando o vocal no refrão, onde a bateria de Raymond Hearne apresenta breaks de bom efeito em uma melodia coerente.
Em "Falling Back to Earth" o baixo grooveiro de Conner Green apoia as guitarras rascantes, em movimentos cíclicos, onde a guitarra melódica de Henshall exibe características jazzísticas, em uma melodia progressiva pela linha melódica apresentada no primeiro movimento da canção. Trazendo o apoio do arranjo em minimal e looping do teclado de Peter Jones, a canção ascende para um jazz com forte influência no blues da guitarra dedilhada. Boa finalização para uma apresentação marcante!
Iniciando sua apresentação no Hot Stage por volta das 17h30, a alemã Blind Guardian chega trazendo a frenética "Imaginations from the Other Side".
Descontraída na introdução onde a bateria desenvolve cadenciado simples, "Blood of the Elvis" traz o agudo vocal de Hansi Kürsch, explorando tonalidades de forte dinâmica. Em dedilhados ágeis, as guitarras de André Olbrich e Marcus Siepen adotam a tonalidade do power metal de forma clara e direta. Bom momento do show!
Para a balada "Mordred's Song" surge a singeleza de rascantes em glissandos das guitarras introdutórias, que dialogam graciosamente com o preciso teclado de Michael "Mi" Schüren em etéreas tonalidades. Coro em cânone traz a beleza do refrão em toda a sua simplicidade. Bela sem perder à delicadeza em meio à forte dinâmica da firme bateria. Na finalização o teclado expõe a influência medieval da sonoridade metálica do cravo. Lindo momento da apresentação!
Trazendo os acordes potentes do heavy em linhas clássicas das rascantes guitarras encadeadas da introdução à melodia de "Violent Shadows" evolui com propriedade para a ambientação densa da melodia, onde a bateria se alia ao baixo em dub step de Barend Courbois, para mais um momento marcante da apresentação.
Em um bom momento do show surge o hit "Into the Storm" onde o instrumental segue a cadência do heavy de linhas clássicas, abrindo espaço para o brilho do vocal de Hansi Kürsch em furiosas e intensas modulações em perfeita performance, acompanhado pelo coro em mais um momento de intensidade na apresentação. Em um moderno rondó as guitarras de Olbrich e Siepen verticalizam em dedilhados de intensa agilidade no bem marcado refrão. Great!
Encerrando a sua brilhante passagem pelo palco do festival o Blind Guardian executa "Valhalla", provocando comoção geral no público.
Trazendo a sonoridade visceral e crua do death metal, o Nile inicia sua apresentação por volta das 18h15 no Sun Stage, trazendo "Vile Nilotic Rites" melodia onde a bateria de George Kollias surge em tonalidades cavas de grande dissonância, contrastando violentamente com as guitarras rascantes de Brian Kingsland, Karl Sanders e Zach Jeter, que emolduram os vocais em extremo gutural de Karl e Brian em doentia alternância. Clássico do estilo!
Trazendo o interessante e cadenciado dobre da bateria de Kollias em intensidade e andamento frenético, surge a execução da rápida "Sarcophagus" em uma melodia que traz remotamente elementos do punk rock, determinados também pela potência do baixo de Dan Vadim Von.
Diferenciada na introdução suavizada da bateria em conversões rebuscadas, a melodia de "Lashed to the Slave Stick" ascende para a agilidade e profundidade ensandecida do instrumental, que em mais uma variação dinâmica traz o bem marcado elemento trash nas palhetadas de vigorosos rascantes das guitarras. Intenso e criativo, sem abrir mão do peso! Bom momento do show!
W.A.S.P. sobe ao palco Ice por volta das 19h00 trazendo seu marcante heavy metal de linhas clássicas, com elementos do glam e do shock rock 70's, já iniciando com o grande clássico "I Wanna Be Somebody", trazendo na sequência "L.O.V.E. Machine".
Para a estradeira "The Flame" na cadência do hard com elementos extraídos do soft rock no melhor estilo "on the roads", as guitarras em afinação alta de Blackie Lawless e Doug Blair emolduram com firmeza o vocal em tonalidades agudas de notas altas, moduladas com grande destreza por Lawless, o front man em incrível forma e performance impecável. Amazing!
Trazendo mais um clássico do álbum de estréia, lançado há mais de 40 anos "B.A.D" chega levantando o público, com o instrumental pesado e cheio de vitalidade. Rascante, o vocal de Blackie segue trazendo tonalidades diferenciadas em modulações e fraseado vocal ralentado e cheio de descontraída versatilidade, seguindo a tonalidade rascante das guitarras em diálogo intenso, só moderado pelos cromatismos na ponte entre estrofe e refrão de dedilhados ágeis. Frenética, a bateria de Aquiles Priester explora recursos extraídos do thrash, onde o bumbo surge atordoante e intermitente... Genial!
Mais uma melodia pautada no heavy clássico com esparsos elementos hard "School Daze" traz a firmeza do bem posicionado e ousado vocal de Blackie Lawless, revelando toda a irreverência de uma melodia bem pontuada pela firmeza da primorosa condução instrumental.
Descontraída, "Hellion" aponta mais um bom momento da apresentação, seguida pela densa "Sleeping (in the Fire)" uma balada de letra urgente e instrumental consistente... Lindo solo da guitarra rítmica de Doug Blair na porção média da melodia surge como mais um
inspirado momento da passagem da banda pelo festival em um show à parte de detreza e exemplar técnica. Amazing!
Trazendo mais um hit de sucesso na execução de "The Torture Never Stops" mais uma balada onde ao vigor da bateria se aliam as guitarras de acordes encadeados em tonalidades altas, tendo o brilhante baixo de Mike Duda no contraponto. Criativa, a bateria de Aquiles Priester apresenta logo na introdução recursos em diminuendos, mantendo a cadência hard da melodia. Ascendendo para galope intenso, se alia às intensas e aceleradas guitarras em glissandos dissonantes prestíssimos no andamento. Bom momento da apresentação.
Emocionado, o baterista da Namíbia naturalizado brasileiro Aquiles Priester fala aos seus fãs, agradecendo o carinho de todos pelo seu trabalho e trazendo mensagens positivas aos jovens sobre a perseverança e o árduo trabalho e dedicação para se conquistar o almejado, de acordo com suas próprias palavras, optando por falar ao seu povo em detrimento de tocar mais um solo de bateria.
Encerrando sua passagem pelo festival, os grandes hits "Wild Child" e "Blind in Texas" que remontam aos primórdios da carreira...
Encerrando o festival em grande estilo o Avantasia se apresenta no palco Hot, com início do show por volta das 20h00, com grande aparato da cenotécnica, trazendo a tecnologia das lindas imagens nos telões e na privilegiada ilunimação, que auxilia a ambientar as canções.
Para a mini suíte de "Twisted Mind" Tobias Sammet divide os vocais com Ronnie Atkins em uma canção com o peso marcante do instrumental em variados movimentos. O coro em inspirado cânone traduz a forte influência da ópera e do progressive metal. Em grandioso instrumental, a bateria de Felix Bohnke conduz com precisão os diferenciados momentos da melodia com grande propriedade.
Na introdução o metal sinfônico apresenta tonalidades célticas no instrumental de "Avalon". A perfeita alternância das vozes auxilia na construção da aura de fantasia que envolve o imaginário da composição. Dividindo o vocal com a intérprete Adrienne Cowan surge mais um momento grandioso e de rara beleza no inspirado dueto, repleto de grande e intensa dinâmica, apontando para uma finalização em tudo perfeita. Bem cuidados, os intervalos em rascantes da guitarra de Sascha Paeth em ágeis dedilhados explora linha melódica clássica. Predominante na finalização a bateria de Bohnke surge como importante pano de fundo ao precioso e mavioso vocal feminino. Intenso!
Trazendo a firmeza dos tambores celtas cadenciados na introdução, acompanhados pelos samplers dos sintetizadores de Miro que traduzem a sonoridade de gaitas e violinos entremeados às guitarras em dedilhados de grande intensidade, surge a beleza do forte instrumental para "The Scarecrow" mais uma canção na cadência marcante do symphonic metal. Cadenciada, a vibrante bateria marca com precisão as conversões ao refrão, apoiando o intrumental na manutenção do andamento preciso. Grande momento da apresentação da banda!
Após a introdução etérea do teclado de Miro, soma-se a esta a densa bateria em sinistro dobre que se alia às cordas em cromatismos e distorções altas, se amoldando ao vocal tenor de Tobias Sammet e à backing vocal soprano, em vocalizes suaves e de grande beleza para "The Toy Master" em mais um marcante momento da apresentação.
Pesada e acelerada na cadência do speed metal "Shelter from the Rain" surge como um grande diferencial na linear apresentação, apresentando sonoridade diferenciada em relação ao restante da apresentação, contando com a técnica e primorosa participação de Jeff Scott Soto. Extremamente técnicos, os talentosos músicos conduzem com maetria o intrincado instrumental. Amazing!
Além destas canções constaram do serlist canções como "The Witches" e "Farewell", encerrando com "Lost in Space" e o medley entre "Sign of the Cross" e "The Seven Angels". Grandioso!
E assim termina o Bangers Open Air, festival que reuniu mais de 30 horas de puro rock n' roll em três dias, 2, 3 e 4 de maio, apresentando bandas que trouxeram a sonoridade heavy em todas suas vertentes e onde bandas veteranas e outras mais recentes puderam trazer um pouco do que foi feito no segmento nos últimos 45 anos, distribuídas em quatro palcos (Hot, Ice, Sun e Waves).
O festival trouxe ainda feira com diversos expositores ligados à indústria do vestuário e acessórios e duas grandes praças de alimentação, garantindo todo o aporte necessário para todos os dias de entretenimento do público.
Além das bandas mencionadas nesta série de resenhas, muitas outras bandas passaram pelos palcos nestes três dias de festival, sendo este apenas um sucinto recorte acerca de algumas das mais relevantes atrações. Enjoy!
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