C6 Fest 2025: 1º Dia
Publicada em 27, May, 2025 por Marcia Janini
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No dia 24/05, com início às 14h30, teve início o primeiro dia do C6 Fest, edição 2025, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Segunda atração a se apresentar na tenda Metlife, os indianos do Peter Cat Recording Co. iniciam sua apresentação às 15h30, trazendo a sonoridade suave e ethereal da introdução de "Flowers R. Blooming" com elementos inspirados nas tradicionais citaras e acordes suavemente dedilhados no teclado de Kartik Sundareshan Pillai em ostinato. Para a porção mediana, no dissonante e criativo refrão, a melodia ascende vertiginosamente para os ruflares fortes do tambor da bateria. Marcante, o trompete de Rohit Gupta em tonalidade alta e aguda, de estudada dissônancia, traz aura delicada de desalento à inusitada melodia da balada ralentada. Interessante!
Grooveira, trazendo o marcante jazz introdutório em uma melodia suavemente dançante com reforço de bass, que apoia o forte e grave vocal de Suryakant Sawhney, "People Never Change" surge repleta de modulações malemolentes no andamento gostoso. Em acordes solapados, a guitarra traz aliada ao baixo em doom de Dhruv Bhola o groove 70's, aliado à potência da bateria cadenciada, em um refrão deliciosamente bem conduzido. No acompanhamento, o sax tenor brilha, apoiando a força do refrão. Bom momento da apresentação!
Outra canção descontraída "Floated By" traz acordes solapados em rascantes da guitarra de Kartik dialogando francamente com o baixo em dub step, em uma fusão divertida que remonta às guarânias, aliando-se à base pop desenvolvida pelo cadenciado constante da bateria de Karan Singh. Tudo isso permeado pelos arranjos delicados do teclado, em minimal.
Traduzindo elementos do rockabilly 60's no andamento desenvolvido pela bateria e nos acordes fluidos e soltos da guitarra em afinação alta, surge "Heera" uma melodia gostosa, com deliciosa aura retrô. Trazendo um toque charmoso de mariachi, o trompete de Gupta ecoa soberano na finalização, destacando o vocal firme porém malemolente e elegantemente sensual do vocalista Suryakant, em uma performance arrebatadora e muito ovacionada.
Finalizando sua passagem pelos palcos do festival, os sucessos "A Beautiful Life" e "Memory Box".
Primeira atração a subir ao palco da Arena Heineken, que concentra o line up principal do evento, às 16h00 o Beach Weather traz seu pop rock em "Chit Chat" com fortes elementos de hardcore no encadeamento entre a guitarra rítmica de Nock Santino e a melódica de Sean Silverman, aliadas ao grooveiro baixo. Breaks estratégicos ressaltam o marcante refrão de rascantes na finalização.
Trazendo a sononoridade urban do rap no cadenciado da bateria de Ryan Gose e no freasedo vocal ralentado, a canção "Unlovable" evolui suavemente no refrão, cheio de energia e vitalidade, na cadência do pop rock, com elementos de hardcore. Intenso, o vocal de Nick Santino apresenta despojamento, em uma aura ainda mais jovial à canção...
Utilizando efeitos de crossfader no vocal surge "High in Low Places", uma canção totalmente pautada no pop rock. Em cíclicos movimentos e com o apoio do coro no refrão, a canção evolui em criativa melodia de cadenciado constante, com destaque para o diálogo das cordas no desfecho. Bom momento!
Trazendo elementos esparsos do country rock nos cromatismos de dedilhados ágeis das guitarras de Santino e Silverman, e no contraponto apresentado pelo baixo em dub de Reeve Powers, "Hardcore Romance" canção na cadência do pop rock surge... Em mais um diferenciado momento de sua performance, o carismático vocalista Nick Santino explora recursos simples, para um momento descontraído.
Traduzindo a cadência gostosa do vocal de Santino para "Hottest Summer on Record", uma balada de refrão sincopado bem marcado pelos arranjos rascantes das guitarras aliadas ao baixo em doom. Linear, a bateria de Ryan Gose segura andamento e cadência com transparência e correção. Bom momento!
Apresentando um aberto namoro com a musicalidade eletrônica do eletro rock e do minimal, os samplers do sintetizador de "Rebel Sun" permeaiam toda a melodia, fundindo-se ao rock, em evoluções precisas. Divertido e dançante, o refrão cresce em dinâmica, em mais uma jovial performance de Nick Santino.
Densa a introdução de "Seth Cohen" um dos maiores hits de sua carreira traz toda a beleza do andamento ralentado para o vocal melodioso e cheio de bossa de Nick, denotando com propriedade a urgência da letra, marcante e decisiva. Belos, os acordes das guitarras em glissandos rascantes no refrão trazem o desalento e a aura de dramaticidade bem explorada pelos arranjos cavos do baixo. Momento marcante da passagem da banda pelo palco.
Em seguida, a divertida "Fake Nice" traz mais um momento de eufórica e jovial descontração no ágil andamento desenvolvido pela bateria, apoiado pelo baixo no contraponto, em ostinato. Amazing!
Subindo ao palco da tenda Metlife às 16h40, o cantor Perfume Genius (nome artístico de Mike Hadreas) traz sua sonoridade moderna em "In a Row", com eleitos robóticos e a presença bem marcada do ostinato da bateria em "It's a Mirror" permeado com graça pelos arranjos delixados e agilmente dedilhados do teclado. Guitarras estridentes e baixo cavo, denso traduzem dinâmica e peso à melodia, contrastando com o vocal fluido de Genius.
Para a descontraída balada "Clean Heart", o movimento linear da melodia se alia perfeitamente ao vocal de tonalidades agudas de Perfume Genius, em uma canção que contrasta a vertiginosa variação dinâmica do refrão com a suavidade ralentada do instrumental.
Para a linda balada "No Front Teeth" a guitarra surge em acordes doridos de glissandos altos que traduzem aura de urgência ao vocal suave e melífluo de Perfume. Em interessantes samplers dos sintetizadores, os címbalos permeiam graciosamente a melodia, em um belíssimo rondó. Mantendo firmemente a cadência ralentada para o intrincado movimento cíclico, o baixo no contraponto favorece a bateria, apoiando o belo vocal de Perfume Genius.
Introspectiva, "Left for Tomorrow" traz no ralentado vocal de Perfume a singeleza da introdução em simples movimento, ascendendo para a tonalidade do rock de linhas hard no refrão, onde a guitarra segue em frenético crescendo, como um laivo de desalento visceral, cortando a suavidade da melodia com brio e acento de tonalidades altas. Intenso, inclusive na inspirada performance do intérprete, que traduz também para sua corporeidade a dor e o desalento expressos na melodia e letra.
Mais uma linda balada, suave e delicada "Valley" traduz a leveza do inspirado vocal de Perfume, onde denotamos o belíssimo trabalho da bateria em cadenciado linear constante, para um acompanhamento suavizado e dorido, que se alia ao glissando aberto e rasgado da guitarra em preciosas dissonâncias... O teclado sugere beleza em acordes de notas suspensas, denotando esparsa aura de densidade à melodia.
No setlist apresentado pelo performático cantor, canções de sucesso como "Otherside", Describe", "Capezio" e "My Body" não faltaram, para alegria dos fãs...
Subindo ao palco às 17h30, Stephen Sanchez traz seu pop rock romântico e suave, com influências no soul e blues para o palco da Arena Heineken.
"Evangeline" traz a beleza do privilegiado vocal de timbre límpido, em modulações belas, onde o intérprete passeia por tonalidades agudas e medianos com a segurança da técnica... Solfejos e vocalizes de intensa beleza traduzem a doçura da melodia, com pequenos falsetes nas terminações de frase. Suave, o acompanhamento da bateria sugere o andamento de um moderno bolero, em um ousado retorno ao retrô.
Na sequência, a linda "Doesn't To Me Any Good" com suaves elementos country, traz a guitarra semi-acústica de Sanchez na linha melódica, suavemente dialogando com a guitarra rítmica. Permeando com suavidade a melodia, o teclado surge em acordes precisos, onde diminuendos se alternam no andamento ralentado. No contraponto, o blueseiro baixo em dub carrega de intensa dramaticidade o marcante refrão. Intenso! O vocal de Stephen paira absoluto sobre a melodia, em mais um lindo momento de sua performance vocal. Intenso!
Depois da inspirada releitura para "Pretty Woman" (Roy Orbison), trazendo momento mais descontraído e dançante à intimista apresentação, surge a blueseira "The Other Side" de introdução marcante, onde o vocal incrivelmente bem colocado de Stephen ressalta cada sílaba da letra em
um fraseado vocal intenso, repleto de modulações de rara beleza, onde todo o brilhantismo de sua voz surge brilhante, grandioso... Lindo e precioso monento da apresentação.... Em cromatismos de intrincada complexidade, a guitarra explode em semi-colcheias encadeadas de tonalidades rascantes, aliada à precisão da bateria em cadenciado constante. No contraponto, o baixo em dub realiza um firme trabalho em respostas ágeis à bateria... Intenso!
Em vocalizes delicados e altos na introdução de "I Need You Most of All" Sanchez segue em modulações de grande valor estético, parecendo saborear cada frase sonora, para deleite dos fãs... No acompanhamento, o teclado em tonalidades densas no ostinato, surge como pano de fundo. Para o segundo movimento, a firme condução da bateria traz firme dinâmica ao andamento ralentado... Amazing!
Atração da tenda Metlife, A.G. Cook, traz a fusão de estilos atuais como o trap e o trance, para na sequência trazer samplers extraídos do synthpop 80's, em sonoridades que remontam ao new wave onde o cantor também realiza intervenções com seu vocal descontraído em meio à parafernália eletrônica de "Soulbreaker/ Britpop"
Evolui em seu set para melodias em minimal sampleadas e mixadas, em meio à recursos como scratches e alterações no andamento em zip... Interessante!
Atração do espaço Pacubra, a impecável dupla de DJs Della Juices traz a marcante sonoridade do pós-disco dos anos 80, trazendo em seu set a sonoridade black do groove e r&b, em um som deliciosamente dançante... Trazendo a marcante batida da black music em tonalidades viajantes, com reforço de bass, a dupla apresenta repertório consistente e precisão em viradas de impacto...
Subindo ao palco da Arena Heineken às 19h00, os Pretenders liderados por Chrissie Hynde, um dos vocais femininos mais proeminentes do rock de todos os tempos, chega ao som do pós-punk marcado fortemente pela bateria cadenciada e baixo em dub de "Hate For Sale".
Para "Turf Accountant Daddy" o andamento suavemente ralentado do ostinato da bateria traz aura de irreverência à composição... Em mais uma bela interpretação de Chrissie, seu fraseado vocal traduz pausas de efeito no apoio à força marcante da letra para a balada moderna.
Trazendo o baixo grooveiro do r&b, "Kid" traz no diálogo com a bateria o andamento perfeito para mais uma marcante melodia. Em riffs soltos da guitarra blueseira de Eric Heywood, de dedilhados rascantes e cromatismos percemos a intrincada técnica empregada pela guitarra melódica de James Walbourne em diálogo com a guitarra rítmica de Hynde. Amazing!
Trazendo suaves elementos para o reggaeiro andamento, surge "Private Life" na fusão de estilos, onde a bateria alquebrada de Martin Chambers auxilia na manutenção do andamento dolente da canção, ladeada pelas guitarras em suave diálogo e baixo contundente no contraponto à bateria. Trazendo tonalidade e densidade bem marcadas, Chryssie entoa com precisão os versos da canção.
Após a execução do grande hit "Back on the Chain Gang", surge "Talk of the Town" mais uma canção marcante na cadência ralentada do post-punk, bem pontuada pela bateria de Martin Chambers cadenciada em aliterações.
Em "Hymn to Her", uma balada linda onde todo o enorme potencial vocal de Chrissie Hynde surge brilhante, majestoso, em modulações mais que perfeitas nos solfejos e pontos de aumento, prolongando com intensidade e elegância as notas finais das frases sonoras em vibratos intensos, numa demonstração de um pouco de sua enorme técnica e carisma, suavemente acompanhada pela guitarra. Amazing!
Após a execução da aguardada "Don't Get Me Wrong", clássico da new wave 80's, surge o country rock estilizado de "Thumbelina" em cromatismos potentes das guitarras introdutórias apoiadas no intenso trabalho da bateria, extraindo a cava e cadenciada sonoridade da caixa para manutenção do andamento constante. Blueseiro, o baixo de Nick Wilkinson traz o ágil dub step, que se alia às guitarras na tonalidade do banjo. Mais um momento intenso e descontraído da apresentação. Na finalização, o andamento frenético desenvolvido demonstra a enorme versatilidade destes exímios instrumentistas. Amazing!
Na cadência gostosa do pop rock, trazendo o peso vertiginoso das guitarras em rascantes intensos, "Let the Sun Come In" traz elementos punks nas linhas melódicas adotadas pelo cadenciado da bateria e nas guitarras em cíclicos cromatismos.
Após o intenso solo introdutório do baixo em doom de Wilkinson surge a descontraída "Junkie Walk", mais uma melodia intensa, contrastando com o vocal fluido e contagiante de Hynde, apresentando frescor e jovialidade em meio ao pesado instrumental. Great moment for a great song!
Desenvolvendo cadencia vertiginosa na forma rondó, onde os cromatismos das guitarras se entrelaçam, permeados pelo cadenciado firme e constante da bateria post-punk de Chambers, "Time the Avenger" surge no apelo marcante do baixo apoiando o firme vocal ágil de Chrissie... Amazing!
Mais clássicos da carreira foram entoados com muita energia e vibração até o encerramento de sua passagem pelo palco, com a execução de "Middle of the Road", "I'll Stand By You" e "Precious"...
Atração da tenda Metlife, Gossip sobe ao palco por volta das 19h30... A canção "Move in the Right Direction" trazendo "Smells Like Teen Spirit" como canção incidental em inspirada releitura, relembra um dos maiores hits da carreira... Firme o ostinato do baixo permeia a melodia, apoiando o agudo vocal da cantora, na cadência marcante do pop rock...
Mais um sucesso "Turn the Card Slowly" apresenta o rascante da guitarra em slides introdutórios emoldurando o vocal intenso da cantora, evoluindo para uma melodia descontraída, com elementos da disco music... Cadenciada, a bateria spoia a grooveira guitarra e o baixo em doom... Bom momento da apresentação...
Subindo ao palco às 20h45 Air toca na íntegra seu álbum "Moon Safari" explorando sonoridades inusitadas onde o experimentalismo se funde à apurada técnica, trazendo excelentes exemplos de pesquisa sonora.
Para a primeira canção no groove em loopings, onde o baixo em tonalidades rascantes e grooveiras se alia aos acordes de notas suspensas do teclado, que se aliam à robóticos sons e diferenciadas tessituras extraídas dos sintetizadores. A bateria segue em afretandos numa improvisada jam session. Dividida em movimentos distintos, a melodia remonta também ao krautrock alemão e às invenções sonoras do rock progressivo. Num futurismo tardio para o segundo movimento, elementos etéreos criam atmosfera espacial, traduzindo uma completa viagem sonora aos sentidos. Diferente!
E assim temos um pequeno resumo da primeira noite do C3, que trouxe para esta edição estilos e culturas musicais tão ricas e diferenciadas.
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