Jazz Fusion: BEAT Revisita Clássicos do King Crimson em São Paulo
Publicada em 12, May, 2025 por Marcia Janini
Na noite da última sexta-feira, 9 de maio, o Espaço Unimed recebeu mais um show da turnê "Plays the Music of 80's King Crimson" da banda BEAT, projeto formado por Adrian Belew e Tony Levin (membros do King Crimson) em parceria com o virtuoso guitarrista Steve Vai e Danny Carey, baterista do power group Tool com início às 22h00.
Ao som da criativa "Neurotica" a melodia apresenta o grooveiro baixo de Tony Levin em doom, que apoia a jazzística guitarra de Adrian Belew dialogando com samplers de teclado da mesa de som em tonalidades standard. Evoluindo para cíclico movimento em rondó, a bateria de Danny Carey abre espaço para acordes rascantes da guitarrade Steve Vai em uma melodia ousadamente experimental. O vocal de Belew, dissonante em relação à melodia, traz ainda outro grande diferencial à composição. Great!
"Neal and Jack and Me" inicia com os cromatismos abertos dos intensos dedilhados em fluido diálogo entre guitarra melódica e rítmica que se aliam difusamente ao baixo em dub de Tony Levin, seguindo a potência do cadenciado constante da bateria. Na finalização, intensidade das cordas apoiam o potente refrão, explorando rondó em minimal, que explode em altos glissandos e cromatismos na exímia guitarra de Stevie Vai. Great!
Em "Heartbeat" acordes em suspensão das guitarras acompanham o delicado címbalo da bateria de Danny Carey, ascendendo para uma melodia na cadência do classic/ hard rock, trazendo suave flerte com sonoridades pop. Em progressões bem estudadas pela bateria que explora sonoridade em crescendo, aliadas ao solo da maviosa guitarra de Vai em acentos urgentes, esta encontra a fluidez pop do refrão. Mais um bom momento da apresentação.
Profunda "Sartori in Tangier" em cavas tonalidades do baixo, aliado aos glissandos potentes das guitarras em afinação alta, apresenta na melodia toque de intensa modernidade em linhas encorpadas, que seguem em oscilantes movimentos, ascendendo em ondas que comunicam a robustez de uma melodia que traz esparsos acentos da sonoridade mediterrânea. Amazing!
"Model Man", um clássico de 1984 com os grandiosos rascantes em correspondência direta com a deliciosa cadência da bateria de Carey, acena suavemente para elementos da new wave determinadas no fraseado vocal ralentado e em dissonantes vocalizes, traduzindo toda a aura de ousada liberdade expressa pela letra.
Com intensa e inusitada introdução "Dig Me" explora o cíclico movimento rascante da guitarra de Steve Vai aliada a explosões cadenciadas da bateria de Carey em mais uma dinâmica sonora experimental, antecedendo os fluidos vocais para a belíssima letra interpretada com apaixonada intensidade por Adrian Belew, onde a melodia ascende para cavernosa declamação em guturais fantasmagóricos, em meio a elementos sonoros distorcidos, em grande dissonância, criando atmosfera tétrica. Intenso!
Traduzindo a festiva aura pop de uma melodia suavizada, com letra descontraída e repleta de lineares vocalizes "Man With and Open Heart" traz um festivo momento na apresentação, onde as roqueiras guitarras se apoiam no groove do baixo de Tony Levin, em mais um precioso momento da apresentação.
Pulsante, a introdução de "Industry" surge apoiando a sonoridade futurista dos glissandos abertos das guitarras, explorando tonalidades diferenciadas, que ascendem para jazzístico movimento ascendente em tonalidades próximas às do sax alto, em um momento de extrema destreza e perícia técnica! Genial! Para o segundo movimento, a bateria firme, traz elementos de tonalidades cavas e intensas, remetendo ao dark wave em cadenciado firme e dinâmico. Irrompendo em inovador diálogo, as guitarras apostam na fluidez de dedilhados etéreos. Na finalização, cordas friccionadas em slides distorcidos e repletos de efeitos verticalizadores. Impactante!
Em intensos e frenéticos dedilhados de grande intensidade, a introdução de "Larks' Tongues in Aspic (Part III) segue linha melódica na cadência alucinante do hard/heavy, com elementos jazzísticos pontuados pelo rondó da guitarra e pela bateria em
conversões nada óbvias e breaks estratégicos, apoiando a tonalidade em minimal das guitarras, que ascendem novamente para vigorosos acordes solapados, em mais um marcante momento da apresentação. Great!
Após breve pausa de cerca de 15 minutos, a banda volta ao palco ao som da rítmica "Waiting Man" onde a introdução traz a suavidade do conjunto de caixas claras em tonalidades mono, que ascendem suavemente para cadência frenética em piano, para a divertida e improvisada jam session Adrian Belew se alia ao baterista Danny Carey aumentando a intensidade sonora na repetição da cadência. Realizando movimentos similares na guitarra, Steve Vai explora a mesma tonalidade. Contrastando com a inusitada melodia a suave interpretação de Belew, em agudos intensos e profundos para a letra, traduz a deliciosa dissonância no estudado e primoroso descompasso entre vocal e instrumental. Ascendendo vertiginosamente para o pop, logo suplantado pelos dissonantes rascantes solapados das guitarras em mais uma intensa e experimental sonoridade, a canção evolui em dedilhados intensos.
Explorado em tropical introdução "The Sheltering Sky" traz o acento latino da percussão adotado pela bateria que se alia à jazzística guitarra, que aborda com grande destreza e propriedade a sonora dinâmica de som metálico unida ao baixo grooveiro em doom, para mais um belíssimo instante da apresentação.
Além destes sucessos, constaram também do setlist da apresentação canções emblemáticas como "Frame by Frame", "Elephant Talk" e "Indiscipline", reservando ao momento do bis gratas surpresas nas execuções das icônicas "Red" e "Thela Hun Ginjeet".
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