Nova Orquestra: Zed Zeppelin em Concerto Tributo ao 50° Aniversário
Publicada em 22, Oct, 2019 por Marcia Janini
Na noite de domingo, 20 de outubro, o Allianz Parque em São Paulo recebeu mais um concerto tributo ao 50º aniversário de uma das mais influentes bandas de classic rock, a lendária Led Zeppelin.
Com regência do maestro Eder Paolozzi à frente da Nova Orquestra, formada por 32 músicos, as clássicas canções da banda ganharam vibrantes arranjos adaptados à sonoridade erudita, num espetáculo de rara beleza, onde o requinte e bom gosto ditaram a tônica.
"Dazed and Confused" traz na introdução a força dos metais com a pulsação constante da trombone em diálogo com os violinos em pizzicato. Ascendendo em variação dinâmica vertiginosa, o andamento frenético determinado pelas trompas aliadas ao dedilhado em cromatismos da distorcida guitarra determinam grande peso e vitalidade à melodia.
Em arpejos as violas e violinos desenvolvem com o violão de aço a belíssima introdução de cadenciado suave, bem pontuado pela percussão em "No Quarter". Incorporando novos matizes, esparsos acordes do fagote surgem no contraponto. Em seu cíclico movimento de rondó, a melodia ascende na conversão ao refrão pelo ataque firme e vibrante das trompas. Em melismas, as cordas em junção às madeiras realizam a ponte entre os movimentos da canção, para o retorno ao rondó inicial.
Com o belíssimo solo do baixo na introdução, em diálogo com o poderoso trompete em clarim, permeado pela suavidade das flautas em acompanhamento, "Since I've Been Lovin' You" ascende em vertiginosa variação, magistralmente conduzida pela bateria, em conversões precisas, de grande teor técnico. Violinos e violas em arpejos descendentes, aliados aos fagotes e trompetes na finalização do primeiro movimento, rendem-se ao andamento frenético desenvolvido pelas guitarras em distorção, traduzindo grande dinamismo.
Festiva, a introdução para "The Song Remains the Same" traz o gostoso sincopado cheio de groove dos metais, tendo os trompetes preponderante papel na manutenção do andamento ralentado, trazendo esparsos elementos de sonoridades como o reggae, na junção com o soul/blues da melodia. A blueseira guitarra semi-acústica brilha em rápidos cromatismos espelhados, de dedilhados melodiosos e precisos. Aliando-se à guitarra o trompete surge em altos e brilhantes acordes, apoiado pela grave solenidade emprestada à melodia pelo bombardino. Em acompanhamento suave, o delicado diálogo das cordas permeia com graça a canção. Great!
Os metais introdutórios para "Good Times Bad Times" realizam o fluido e alegre diálogo com as cordas, em um verdaeiro show de alegria. Sincopado, o andamento traduz-se num swing gostoso, descendendo para sonoridade suave no segundo movimento da melodia, determinadas pelas madeiras bem apoiadas pelo melífluo clarinete, que realiza o inteligente e dinâmico diálogo com os metais, que exploram tonalidades jazzísticas em sua porção média, num show de dinamismo e técnica.
Para "Black Dog" aliado à marcha desenvolvida pela caixa clara da bateria de Jonas Cáffaro (Matanza), violinos e violas em arpejos suaves unem-se ao trompete. Auxiliando na manutenção da poderosa avalanche sonora que se seguiu, os trombones de vara traduzem maior dinamismo e energia à melodia.
Ao lindo diálogo dos violinos em suavidade, alia-se a beleza dos viscerais acordes rascantes das guitarras em distorção na introdução de "Communication Breakdown". Mantendo o andamento ralentado para a balada, affretando no segundo movimento em profunda variação dinâmica, a bateria segue firme, pontuando com propriedade a canção.
Violas e violoncelos desenvolvem na introdução poderoso diálogo para "Whole Lotta Love", seguidos pelo vigor explosivo dos metais, conduzidos pelos incendiários trombones no contraponto à bateria e ao baixo, emoldurando a guitarra em ágeis cromatismos, que na junção com os violinos em gentis affretados auxilia na manutenção da atmosfera de urgência e genialidade da canção... Amazing!
Poderosa e descontraída, a introdução para "Babe I'm Gonna Leave You" traz na alternância entre o peso dos metais e a suavidade das madeiras sua aura de delicada graça... Os metais exploram a sonoridade swingada do ragtime, em acordes rasgados de tonalidades altas, unindo-se à solenidade das cordas, em arpejos profundos de glissandos e cromatismos de rara beleza. Great!
O estádio ilumina-se para a execução da linda releitura para "Stairway to Heaven", onde os metais sobressaíram-se com graça aos demais instrumentos em melismas, cromatismos e rara beleza no diálogo entre flautas e clarinetes, traduzindo na correspondência com as cordas em rascantes vigorosos toda a linda aura de urgência expressas pela melodia. Na finalização a bateria, tendo os fortes metais no contraponto, reina absoluta em conversões precisas e cadenciado ágil.
Raphael Miranda (Ego Kill Talent) é chamado para conduzir a bateria na execução de "Immigrant Song", com o predomínio forte dos metais. Os trompetes em clarinadas na alternância com os trombones, realizam o perfeito contraponto à bateria firmemente conduzida, em um dos momentos mais efusivos da apresentação. Perfeito!
Na belíssima execução de "Kashimir" grande explosão de energia, com a entrada simultânea de todos os naipes, desenvolvendo alternâncias em cromatismos de rara beleza, fazendo deste mais um celebrado momento do concerto. Perfeitos os metais apoiam com sua dinâmica potente a suavidade das cordas, auxiliando a percussão na manutenção da cadência genialmente ralentada, abrindo espaço para o brilhantismo das cordas no segundo movimento, com o perfeito solo da guitarra em riffs solapados e intensos dedilhados.
Nos instantes finais da apresentação a clássica "Rock N' Roll" surge como mais um ponto alto da vibrante apresentação!
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