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O Planeta da Diversidade Cultural

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Publicada em 13, Nov, 2007 por Marcia Janini

Clique aqui e veja as fotos deste show.


No último sábado, 10 de novembro, o Planeta Terra Festival 2007 reuniu em seu três ambientes atrações das mais variadas vertentes, representando de forma coerente várias tribos, indo do indie ao eletrônico, passando pelo retrô.

Com público estimado em cerca de oito mil pessoas, o evento contou com excelente infra-estrutura; variados chill outs, grandes áreas de alimentação e ainda uma campanha pelo controle da emissão de gás carbônico, com cinzeiros no formato de tubos de ensaio para recolher as bitucas. Mais ecologicamente correto, impossível! Áreas de interatividade e telões transmitiram informações e a íntegra dos shows durante todo o evento.

Abrindo as apresentações do Main Stage, a banda Supercordas traduziu inovação ao apresentar melodias onde às guitarras distorcidas e efeitos robóticos mesclaram-se elementos de hard rock e sonoridades extraídas do blues e da MPB. Letras inteligentes e bem construídas tiveram seus efeitos ressaltados pelo poderoso vocal de timbre grave e gutural. Interessante e moderno, sem ser pedante.

A dupla brasileira Lucy and the Popsonics, primeira a apresentar-se no palco do Indie Stage, em seu inovador e transgressor trabalho, mostrou a fusão entre elementos do punk rock e samplers eletrônicos à voz aguda e contagiante da vocalista, em canções de ritmo acelerado e empolgante, criando um eletro rock de altíssima qualidade através de suas guitarras de acordes inusitados e bateria cadenciada, em composições ricas e repletas de boas variantes, numa das melhores apresentações da noite!

O Patofu cativou o público do Main Stage por meio de seu pop rock metalizado, mantendo o predomínio das guitarras em suspensão e o vocal poderoso de Fernanda Takai. Com suas canções de letras complexas e efeitos modernizantes, teclados bem conduzidos e bateria cadenciada, traduziu-se toda a suavidade dos vocais na já conhecida característica da banda: uma interessante fusão entre classic, pop e MPB, transmitindo jovialidade e leveza na execução de grandes sucessos de sua carreira, numa excelente apresentação.

Próxima atração do Main Stage, Instituto apresentou a banda Racionais, pautada na cadência do reggae e outras vertentes da black music como soul, jazz e R&B. Nota para o excelente vocal, de voz acetinada e timbre diferenciado e para os excelentes músicos do trio de metais que transmitiram às canções energia única. As canções de letras densas e reflexivas, com temáticas que exploraram a questão dos problemas sociais, fizeram críticas pertinentes sem apelar para simples lamento ou revolta, revelando composições bem argumentadas. Mais um diferencial ao trabalho, a brilhante percussão e as mesclas de vertentes clássicas à contemporaneidade do hip hop, em skretches que traduziram às canções um ar urbano.

A banda Data Rock, de tendência hard rock com inspiração no punk e heavy metal em sua interessante fusão com o eletrônico industry, surge como mais uma boa atração do festival, contemporânea e atual. Guitarras distorcidas, um poderoso vocal que perfeitamente transitou entre graves cavernosos e agudos em altas escalas, a bateria bem conduzida de cadência forte e pesada, que em alguns momentos remeteu ao alternative rock de tendência dark, magistralmente pontuada pelos teclados, conferindo ambientação melódica darkwave ao show, revelu competência e estabilidade ao trabalho da banda, em apresentação de grande efeito.

Lily Allen, através de seu timbre delicado e sutil, executou canções de letras reflexivas, existenciais e melodia suave, num excelente trabalho da banda, com afinadíssimo trio de metais e marcante percussão, revelando-se uma das mais aguardadas atrações da noite.

Simultaneamente no Indie Stage, a irreverência (da também ovacionada) Cansei de Ser Sexy, presente durante todo o tempo nas letras, atitudes e mesmo na divertida interação palco-platéia. Na cadência do heavy metal, apresentou arranjos clássicos e bem construídos em melodias contagiantes, onde teclados traduziram modernidade e o surgimento de feitos, que ressaltaram o timbre vocal diferenciado e igualmente bem impostado do vocalista. Fantástico!

A mais aguardada atração do evento revelou-se a melhor e mais bem produzida dentre todas. Devo executou seus maiores sucessos como “That’s Good”, “Peek-a-boo!”, “Satisfaction”, “Girl U’ Want” entre outros.

No telão, em retrospectiva, trechos de clips e dos melhores momentos da carreira.

Eternamente irreverentes, os performáticos intérpretes divertiram o público por meio de suas cômicas coreografias e improvisados “sorteios” de peças de sua indumentária lançadas à platéia. Melhor impossível!

A participação da banda demonstrou de forma descontraída a evolução musical nas experimentações entre classic rock e efeitos sonoros robóticos, prenunciando o eletro rock e outras vertentes hoje em voga, que se baseiam em sua sonoridade única e contestadora. Os saudosos fãs oitentistas assistiram a um espetáculo maravilhoso, que representou ao mesmo tempo o new wave não apenas como vertente musical, mas como estilo e comportamento que influenciou totalmente esta geração musical e, de forma decisiva, as posteriores, na mostra de uma importante parcela do universo musical. Oh, yes... It’s Devo! Forever!

Encerrando a noite, a banda Kassabian, de linha harcore clássica, mostrou trabalho elaborado, com excelentes arranjos e riffs sincrônicos. Letras inteligentes e atuais traduzem às canções jovialidade, num estilo agradável, pontuadas pelo excelente vocal, com interpretações criativas e inspiradas. Formada por grandes instrumentistas, demonstrou cuidado e correção na condução precisa das melodias, na tonalidade ideal utilizada, sem descambar para o “trash”, apesar do vigor demonstrado em algumas passagens e conversões, em mais uma apresentação de grande qualidade estilística do festival.

Outro grande diferencial da noite a tenda DJ Stage, trazendo alguns dos melhores DJs da atualidade em set lists de tirar o fôlego.... Nota para as apresentações de Layo & Bushwaka e Jon Carter, numa interessante fusão entre sonoridades que iam do techno ao trance passando pelo acid e drum n’ bass.... Excelente!!!


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