Miscelânea: Caldeirão do Rock num Mix Completo...
Publicada em 25, Nov, 2007 por Marcia Janini
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No dia 24 de novembro, a edição 2007 do Mix Festival reuniu algumas das bandas mais aclamadas da atualidade distribuídas em 10 horas de muita música e descontração.
Iniciando as apresentações, a banda Cidade Negra apresentou grandes sucessos de seu repertório, incluindo os clássicos “A Sombra da Maldade”, “Girassol” e “O Erê”. Apresentando algumas modificações nos arranjos, o primeiro grande hit “Pro Que Der e Vier” surge com introdução mais voltada ao rock, também sofrendo alterações no tocante ao ritmo e cadência, revelando um andamento pausado, deixando-a com ares mais suaves e sem a explosão de ritmo que a caracterizou numa interessante e suave versão.
Nota para a brilhante versão do clássico do cancioneiro popular “O Mal Sai da Boca do Homem”, na cadência marcante do reggae com pitadinhas do forró e fricote nordestino, numa fusão alegre e espontânea, além da enorme sinergia de Toni Garrido com o público, em simpático corpo a corpo junto à platéia, marcando de forma decisiva uma maravilhosa performance do conjunto.
Na seqüência a banda Strike, de estilo jovial e fundamentos no hardcore, com bateria muito bem conduzida e guitarras afinadas nos padrões do classic metal em uma interessante fusão com elementos extraídos do ska, realizou boa apresentação, com melodias de acordes elaborados e letras atuais.
A cantora Pitty apresentou seus grandes sucessos com toda a dose de carisma e irreverência que a caracterizaram como uma das maiores intérpretes do gênero na atualidade, em inspiradas interpretações. Além de outros sucessos a excelente “Memórias” e o hit que consagrou a banda “Admirável Chip Novo”. Nota para a atual música de trabalho "Pulsos" integrante do primeiro DVD da banda, de arranjos ricos e letra bem construída, além da fantástica condução da bateria bem pontuada pelo poderoso vocal. Além de repertório bem escolhido para a ocasião, a cantora interpretou o clássico “Can’t Take My Eyes Of You”, em grande estilo, não alterando a melodia, apenas emprestando traços de sua energia e vitalidade pessoais, o que resultou em outro grande momento da apresentação. Sem dúvida uma das melhores apresentações do festival.
A banda Charlie Brown Jr. também realizou apresentação com todo o rigor e peso que a ocasião exigiu em um show bem realizado do início ao fim, com intensa participação do público, em melodias que mesclam ao hard rock vertentes extraídas da sonoridade urbana, como o ska. Com sua costumeira energia, a banda subiu ao palco do festival apresentando grandes sucessos de seu vasto repertório. As canções de há muito consagradas pelo público apresentam letras versáteis, possibilitando várias leituras partindo do mero entretenimento de alguns refrões de fácil assimilação a versos densos e reflexivos, além de melodias bem construídas, de estilo agradável e peso correto, apresentando bons arranjos e criatividade nas conversões. Nota para a boa atuação do excelente guitarrista, apresentando performance criativa e verticalizada em riffs de guitarra inspirados.
O Natiruts traz inovações ao reggae através das letras suaves e despretenciosas. Na melodia, metais em novas combinações de escalas dão um toque contemporâneo, além dos teclados que substituem elegantemente as sonoridades de outros instrumentos. Nota para a atuação individual do baixo, contribuindo decisivamente na harmonia apresentada nas finalizações. A percussão igualmente realiza belo trabalho na construção do andamento e o coral, de afinação ímpar, sobressai-se no arremate dos refrões. Neste espetáculo, a inspiração e total integração palco-platéia contribuíram à criação da atmosfera dub, que perdurou durante toda a apresentação.
O Capital Inicial incendiou literalmente os palcos do festival ao colocar estrategicamente máquinas pirofágicas junto às caixas de som do proscênio. Com seu costumeiro carisma, a banda apresentou brilhantemente músicas de seu novo álbum e alguns clássicos do início da carreira, numa apresentação que ainda reservava ao público presente outras surpresas. Nota para a desenvoltura e sinergia de Dinho Ouro Preto aos vocais, em total interação com a platéia durante toda a apresentação. Entre outras, constaram do repertório as canções “Veraneio Vascaína”, “Que País é Esse?”, “Independência”, “Fátima” e “Natasha”. Mantendo-se fiéis aos arranjos originais das canções, os excelentes instrumentistas da banda causaram sensação. Digna de menção a excelente performance do guitarrista em solos inspirados de grande qualidade estética. A bateria pontualmente bem conduzida também apresentou diferencial à parte. Entretanto, o melhor ainda estava por vir, com as participações especiais de dois convidados “gigantes”. Bonecos infláveis como um simpático robô e a prostituta Natasha deram colorido e ludicidade especiais à cena. Em mais um fantástico e bem produzido show, a banda demonstrou todo o talento e criatividade que a tornam uma das principais bandas do segmento há mais de duas décadas, na melhor entre todas as atrações da noite.
Dando prosseguimento ao festival, as bandas Fresno e NX Zero dividem o palco, numa apresentação cheia de vitalidade e energia. Suas canções, na cadência do hardcore, com letras atuais que retratam os conflitos e dilemas humanos, demonstram grande criatividade na maneira como se retratam as temáticas abordadas, de forma leve, descontraída e enérgica. Com melodias bem arranjadas, apresentando boas finalizações e criativas variações de tom e andamento, as bandas demonstram influência também em outras vertentes do rock, como no punk e hard metal.
Com proposta artística e sonoridade próxima das anteriores, o CPM 22 apresentou igualmente bom show, com melodias ricas em variações, verticalizadas e de arranjos elaborados, numa sonoridade hardcore marcante. As letras suaves, de cunho especialmente romântico apresentam um interessante contraste com o peso e agressividade da melodia. Nota para a performance do vocalista e para o excelente guitarrista, de criatividade e recursos variados.
Encerrando o festival, o irreverente Tihuana realiza show que marca mais um excelente momento da noite. Interpretando grandes sucessos, a descontração foi a tônica do espetáculo. Através de suas letras ácidas e satíricas e da sonoridade rica advinda de influências que vão do ska ao hip hop, passando pelo punk e outras tendências, a banda transmitiu não apenas entretenimento, mas críticas lacônicas e excelentes argumentos, levando à reflexão sobre temas polêmicos.
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