Entre dois mundos: Uriah Heep em São Paulo
Publicada em 11, Dec, 2023 por Marcia Janini
Na noite do último domingo, 10 de dezembro, o Uriah Heep realizou mais um show de sua turnê comemorativa dos 50 anos de carreira no Tokio Marine Hall.
Subindo ao palco por volta das 20h00, ao som de "Grazed by Heaven", uma canção dinâmica onde os breaks estretégicos determinados pela bateria de Russell Gilbrook apoiam a força do refrão, a banda já inicia a noite com um grande momento. Primorosa, a linha melódica explorada pelo teclado hammond denota suave aura retrô. Em uma divisão precisa dos movimentos da canção, percebemos as influências do rock progressivo na composição.
Em "Take Away My Soul", solfejos e vocalizes inspirados traduzem maior dinâmica à letra. Na cadência gostosa do rock de linhas hard, o intenso diálogo entre a guitarra em virtuosos dedilhados e o teclado de notas em suspensão, emolduram o potente vocal de Bernie Shaw.
Para "Traveller in Time", trazendo o cadenciado da bateria precisa para o andamento ralentado, surge a guitarra de Mick Box em glissandos e cromatismos incendiários, acompanhada pelos brilhantes teclados.
Na introdução, o teclado suavizado abre espaço para o vigor dinâmico da guitarra distorcida e da bateria afretando para "Between Two Worlds", canção que traz a clássica atmosfera retrô aliada à pujança da modernidade sonora. Baixo de Dave Rimmer em dub no contraponto realiza um brilhante e diferenciado trabalho nas conversões ao refrão. Bom momento do show!
Rememorando canção da fase inicial da carreira, "Stealin'" lançada em 1973 surge trazendo a aura retrô do hard rock 70's em fusão com o blues, bem determinado pelo fraseado vocal ralentado e pelo teclado hammond de Phil Lanzon em arranjos standard. Guitarra despojada em cromatismos arremata o poder da melodia, com propriedade. Amazing!
Trazendo a aura futurista dos teclados hammond em poderosos glissandos, a ágil "Too Scared to Run" surge descontraída, trazendo os preciosos riffs da guitarra distorcida de Mick no refrão. Para a ponte, criativas inversões trazem esparsos elementos em progressão, em mais um momento especial do show.
Com a marcante introdução do teclado, surge a belíssima "Rainbow Demon", com sua aura misteriosa bem apoiada pelo forte e contundente vocal de Bernie. No andamento ralentado determinado pela cadenciada bateria, em diálogo com o potente baixo em doom, emerge o apoio para os riffs altos da guitarra distorcida. Great!
Após a execução da descontraída "Sweet Lorraine", um grande hit que flerta com o country, surge "Free 'n' Easy" uma canção de peso, permeada pela potência da guitarra em frenéticos rascantes. Auxiliando a manutenção do acelerado andamento, a exímia bateria se alia ao baixo em doom de Rimmer... que chega trazendo um pequeno e impactante solo na finalização. Como diferencial, os firmes arranjos do bem temperado teclado.
Uma das grandes pérolas da carreira, a progressiva "Gypsy" traduz o virtuosismo instrumental destes talentosos músicos, trazendo uma melodia repleta de intensas variações dinâmicas em seus vários movimentos, permeados com graça pelo teclado de Lanzon. Marcante, a performance vocal denota à letra visceralidade e ousadia, em uma finalização de grande efeito estético. Amazing!
Além destas canções, os hits "Look at Yourself", "July Morning" e "Lady in Black" constaram do primoroso set list da noite.
Finalizando a memorável apresentação, as execuções dos sucessos "Sunrise" e "Easy Livin'", no momento dedicado ao bis, encerram com maestria o show.
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