Festival Nova Brasil FM: 25 Anos Dedicados à MPB
Publicada em 02, Dec, 2025 por Marcia Janini
No último sábado, 29 de novembro, o Parque Villa Lobos, localizado na zona oeste da capital paulista, sediou o festival de aniversário de 25 anos da rádio Nova Brasil FM, trazendo grandes nomes da música nacional e também bandas e cantores emergentes no cenário musical.
O festival, com curadoria musical assinada por Seu Jorge, trouxe um pouco de tudo o que se realizou na moderna MPB dos últimos 25 anos, com formato descontraído onde os artistas apresentavam-se entre si e realizaram duetos inspirados, fundindo estilos diversos, com ares de uma grande jam session entre amigos.
Acompanhando as atrações musicais convidadas para o festival, o Conjuntão Pesadão que acompanha Seu Jorge, formado pelos grandes músicos Adriano Trindade (bateria), Cláudio Andrade (tecladista), Edy Trombone (trombone), Fernando Bastos (saxofone), Fernando Vidal (guitarra), Jorge Quininho (percussão), Jr. Gaiatto (violão), Paulinho Viveiro (flauta/ trompete), Pretinho da Serrinha (percussão), Rodrigo Tavares (teclado/sintetizador), e Sidão Santos (baixo) marca presença, sob a égide do grande produtor musical Liminha, emoldurando e apoiando vozes e estilos musicais tão distintos entre si quanto complementares, tornando a celebração ainda mais especial. Amazing!
Tendo início por volta das 11h00 da manhã, com bloco de abertura intitulado "O Novo Sempre Vem" dedicado aos artistas revelação, nomes como Malú Lomando, Filipe Toca, Fitti, Ana Frango Elétrico e Julia Mestre ditaram a tônica e a atmosfera inovadora do formato.
Após rápida passagem de Arnaldo Antunes, Zélia Duncan e Paulinho Moska pelo palco, por volta das 15h15 o cantor Leo Jaime e sobe ao palco, trazendo grandes sucessos da carreira como "A Fórmula do Amor" e "Mensagem de Amor", que trouxe os belíssimos arranjos do teclado, em inspirado solo na ponte entre estrofe e refrão. Cheio de bossa, Leo Jaime traz seu ar suave e charmosamente descontraído.
No momento seguinte, Leo chama ao palco Julia Mestre para um delicioso dueto, dividindo com esta os vocais de "Eu Preciso Dizer Que Te Amo". Dotada de suavidade em um timbre de voz privilegiado, Julia traz delicado toque de sensualidade à emblemática letra.
Para "Será" (Legião Urbana) surge belíssima releitura nas vozes de Léo Jaime e Seu Jorge, que denota suave aura groove à canção, determinada pelo seu vocal potente e cheio de malemolência.
Em sequência, Seu Jorge convida Patrícia Marx para a execução de "Espelhos D'Água", trazendo mais um momento cheio de suavidade na apresentação. Na cadência gostosa do charm, a canção ganha outro colorido, explorando o vocal crooner de seu Jorge, que surge mavioso e encorpado.
Dando continuidade à sua performance, Patrícia Marx entoa os primeiros versos de "Quando Chove", sendo acompanhada em uníssono pelos presentes.
Seu Jorge novamente volta ao palco para dividir os vocais de "Está Chegando a Hora (Abre Alas)", sucesso de Marcelo D2, onde Patrícia traz leveza com seu belo timbre na introdução e primeiras estrofes. Evoluindo para o swing gostoso do samba canção, permeado pelos metais do bombardino, seu Jorge traz a firmeza de seu vocal barítono em grande versatilidade, alternando entre baixos intensos e notas efusivas, repletas de brasilidade e alegria.
Permanecendo no palco, seu Jorge chama Xande de Pilares para dar prosseguimento à festa, com homenagem ao sambista Arlindo Cruz, recentemente falecido, na execução de "O Show Tem Que Continuar".
Dando continuidade ao samba de partido alto, Xande de Pilares traz malemolência com o apoio de forte percussão para "Tá Escrito", sucesso com o Grupo Revelação, traduzindo alegria e nova dinâmica ao show.
Trazendo o toque de ijexá bem pontuado pelo agogô de "Banho de Folhas" Xande convida Luedji Luna, denotando um pouco da riqueza da cultura das religiões afro-brasileiras na letra.
Continuando no palco Luedji entoa "Iôiô", um samba dolente com acentos na soul music, bem pontuadas pela riqueza dos metais nas conversões ao refrão e pelo baixo em dub no contraponto.
Aliada a Seu Jorge, Luedji continua em belíssimo dueto para "Apocalipse" onde a sensualidade velada do charme ganha toque de brasilidade com o agogô, dialogando com o baixo em dub. Breaks estratégicos apoiam a força do refrão, onde o piano standard se corresponde com a bateria em afretados precisos.
A convite de Seu Jorge sobe ao palco o cantor paraibano Chico César para a execução do grande sucesso "Mama África", onde a ensolarada cadência do reggae coloca o público para dançar sob o sol forte e o calor intenso da tarde. Bom momento da apresentação!
Trazendo o nordestino forró pé de serra, Chico César muda o tom da apresentação em "Deus Me Proteja", trazendo formação mista, onde instrumentos clássicos ao estilo como zabumba e triângulo se aliam ao teclado, guitarra e baixo, determinando mais um grande diferencial neste verdadeiro banquete de gêneros tão genuinamente brasileiros e populares.
Após a execução da romântica ciranda "À Primeira Vista" permeada com graça pela flauta transversal, Chico César traz outra canção delicada e reflexiva em "Estado de Poesia".
Convidando Alceu Valença, Chico divide com este os vocais do xote "Cabelo no Pente", trazendo os metais em correspondência com a percussão dos atabaques, no andamento ralentado e sincopado da canção...
Trazendo o baião estilizado de "Como Dois Animais" na fusão com elementos da sonoridade pop e urban, bem representados pelos jazzísticos acordes do trio de metais, em diálogo intenso com o teclado e com o baixo blueseiro, Alceu chega cheio de euforia, interagindo fortemente com o público.
No baião com influência de outras sonoridades típicas do agreste nordestino como o martelo e o galope, surge a esfuziante brasilidade de Girassol, um dos grandes sucessos da carreira de Alceu. Digno de menção os perfeitos arranjos dos teclados e sintetizadores, trazendo a sonoridade da sanfona, encorpando a melodia e emoldurando com propriedade o refrão.
Na sequência, a clássica "Belle De Jour", mantém a cadência gostosa e cheia de remelexo do forró no andamento do baião.
Encerrando sua passagem pelo palco do festival o grande sucesso "Morena Tropicana" levanta o público em canto uníssono e muita dança, num dos mais festivos momentos da tarde, seguida por "Anunciação" em dueto com Seu Jorge, trazendo a potência de duas vozes de timbres e estilos tão diferentes, numa perfeita sinergia e complementaridade. Great!
Para finalizar o primeiro bloco de apresentações por volta das 17h30, o Falamansa chega trazendo seu delicioso forró pé de serra tradicional com toques de modernidade, flertando discretamente com o pop, ao som de "Xote da Alegria".
Na sequência "Confidências", releitura inspirada para sucesso do permambucano Jorge de Altinho na voz de Sandro Becker nos anos 1980, traz o trio formado por zabumba, sanfona e triângulo emoldurando o vocal firme de Tato, comunicativo e em perfeita sinergia com o público. Bom momento da apresentação!
Trazendo a agilidade do junino rastapé de "100 Anos" Tato brilha em mais uma performance intensa e cheia de energia, acompanhado pela banda que traz toda a marcante energia da firme percussão.
Para a belíssima "Asas", sucesso com a banda Maskavo, na cadência levemente ralentada do baião em junção com esparsos elementos de reggae, surge mais um ponto importante da passagem da banda pelo palco do festival.
"Xote dos Milagres" o primeiro grande sucesso da carreira é relembrado com efusiva execução, inflamando o público que canta e dança junto.
Depois da execução de "Oh! Chuva", surge a inspirada releitura entre forró e axé para "Esperando na Janela" (Gilberto Gil) com a participação especial de Filipe Toca em medley com "Nosso Xote" (Bicho de Pé) e "Colo de Menina" (Rastapé).
Um dos primeiros sucessos "Rindo À Toa" surge bem permeado pelo andamento marcante do xote, bem pontuado pela zabumba em diálogo com a ágil bateria. Auxiliando na manutenção da cadência a sanfona surge fluida, aliada ao bem temperado triângulo. Excelente finalização da passagem da banda pelo palco do festival.
Dando início ao segundo bloco de apresentações Jorge Vercilo começa sua passagem pelo festival ao som de "Final Feliz", um dos grandes sucessos de sua carreira.
Na sequência surge o hit "Que Nem Maré", de melodia pautada no soul/ disco 70's, suavemente dançante onde Vercilo divide os vocais com Seu Jorge, marcando mais um ponto alto de sua passagem pelo palco do festival...
Depois da execução do hit "Monalisa", a passagem de Vercilo pelo festival vai chegando ao seu final ao som de "Melhor Lugar", uma canção delicada, de letra introspectiva, onde os acordes melodiosos e simples do violão emolduram com propriedade o vocal tranquilo e suave de Vercilo.
Despedindo-se do público, Jorge Vercilo encerra sua passagem pelo festival após a execução de "Quem Não Quer Sou Eu" dividindo os vocais com Seu Jorge em releitura complexa, onde o soul/funk ganha ares modernos no andamento ralentado desenvolvido pelo instrumental e no fraseado vocal diferenciado, traduzindo o preciosismo de uma melodia ralentada e repleta de acentos urban que traduzem delicada aura de mistério à composição.
Seu Jorge chama ao palco Luciana Mello, e divide com ela os vocais de "Simples Desejo", charmosa canção na cadência gostosa do soul, trazendo andamento ralentado e instrumental suave.
Após sua belíssima releitura pra "Sufoco", sucesso na voz da cantora Alcione na década de 1970, Luciana convida o garoto Miguelzinho do Cavaco para dividir com ela os vocais da clássica "Eu Só Quero Te Namorar" de Leci Brandão. Além de cantar, o garoto ainda realizou a belíssima condução do cavaquinho, em mais um importante momento do festival, onde com muita naturalidade ocorreu o encontro de gerações.
Continuando com "Alguém Me Avisou" (Dona Ivone Lara), Miguelzinho continua sua passagem solo muito ovacionado e celebrado pelo público, trazendo samba pra partideiro nenhum botar defeito! Grande menino, permeado pelos pistões de gafieira, divide os vocais da segunda porção da canção com Malu Lomando.
Miguelzinho convida a dividir o palco consigo Paula Lima, a grande crooner de soul/funk que chega em grande estilo, trazendo "Não Deixe o Samba Morrer" outro grande hit da cantora Alcione, fusão do soul com o samba clássico, em meio ao som do repique marcante na finalização. Grande momento da noite!
Marcando sua forte presença no festival, Paula Lima interpreta "Meu Guarda-Chuva" com o swing pesado da soul music 70's em junção ao samba de bossa nova na finalização.
Continuando sua marcante passagem pelo palco do festival Paula Lima, traz "Nem Luxo Nem Lixo" (Rita Lee) na versão grooveira do funk/soul, com o reforço dos metais nas conversões ao refrão. Genial!
Dividindo o palco com Seu Jorge, Paula traz a swingueira soul de "Quero Ver Você no Baile", trazendo o acento preciso e deliciosamente dançante dos metais dialogando firmemente com a percussão cadenciada da bateria, auxiliando na manutenção da gostosa cadência e apoiando a força do vibrante refrão. Great!
Entrando no palco por volta das 19h45, a grande dama do samba nacional Alcione traz a potência de seu vocal de enorme extensão e técnica, em modulações precisas e vibratos intensos, iniciando sua participação ao som de "Você Me Vira a Cabeça (Me Tira do Sério)".
Depois da execução do sucesso "Meu Ébano", Alcione continua sua aguardada aparição no festival ao som de "Juízo Final" (Nelson Cavaquinho), sucesso também na voz de Clara Nunes na década de 1980, na cadência macia do samba dolente, em inspirado dueto com Seu Jorge.
Mudando novamente a dinâmica do festival, Samuel Rosa (ex-Skank) sobe ao palco trazendo grandes sucessos de sua carreira, iniciando sua apresentação com a divertida "Não Tenha Dó" em dueto com Seu Jorge, que traz a aura ensolarada do pop com acentos no rock, em uma balada moderna que traz beats urban nas finalizações.
Após a execução do hit "Dois Rios", Samuel continua sua apresentação ao som de "Ainda Gosto Dela" parceria de grande sucesso com Nando Reis.
Continuando com as baladas pop e encerrando sua passagem pelo palco do festival "Rio Dentro do Mar" surge, trazendo ainda mais suavidade e leveza à sua apresentação.
Após a execução de "Vamos Fugir", encerra sua participação em dueto com Nando Reis para "Resposta".
Prosseguindo com sua apresentação, Nando Reis traz seu grande sucesso "O Segundo Sol", imortalizado na interpretação de Cássia Eller em final dos anos 1990.
Para o grande hit "Os Cegos do Castelo", de sua carreira junto aos Titãs, a canção surge ainda mais suavizada pelo acompanhamento delicado do instrumental, apoiando o urgente vocal de Nando, em um lindo momento de sua passagem pelo palco.
Na sequência, após belíssima introdução do violão dedilhado em acordes doces e vigorosos, surge a linda balada "Por Onde Andei".
Para "Do Seu Lado", derradeira canção de sua passagem pelo festival, Nando realiza uma execução despojada e intimista, entregando energia e descontração ao público, que entoou em uníssono os versos da canção.
Chamando Paula Toller, que esbanja charme e carisma para dueto em "Fixação", Seu Jorge mais uma vez brilha como um dedicado anfitrião, para mais um importante momento do festival.
Em "Lágrimas e Chuva", versão acústica e modernizada apresenta andamento ralentado, ascendendo suavemente para cadência roqueira.
Levantando o público, o clássico "Pintura Íntima" ecoa pelo parque Villa Lobos, em um momento de pura descontração para esta celebração da música nacional.
Trazendo o swing gostoso da black music com acentos de brasilidade no toque de ijexá, Seu Jorge e Paula Toller dividem os vocais da bem humorada "Felicidade"...
Seu Jorge chama na sequência sua talentosa filha Flor Maria para dividir os vocais de "Pra Melhorar", realizada pela jovem compositora em parceria com Marisa Monte, surgindo daí um momento muito bonito e deliciosamente intimista da apresentação. Grata surpresa para o público!
Continuando sua apresentação Seu Jorge traz "É Isso Aí" grande hit em parceria com Ana Carolina, em versão acústica, apenas voz e violão.
"Para La Baiana" traz ritmos latinos como a rumba na junção com o funk/ soul onde o incrível quarteto de metais do Conjuntão Pesadão dialoga com a firme percussão dos atabaques. Mais um belíssimo momento do vocal despojado e repleto de malemolência de Seu Jorge. Brilhante!
Na sequência a divertida "Sim Mais" traz o delicioso acento caribenho da cumbia na junção com a soul music, onde os metais trazem mais um momento impressionante de sua performance, auxiliando na manutenção do dançante andamento e terminando numa jazzística jam session. Great!
Trazendo os metais firmes do funk na introdução surge "Mina do Condomínio", em mais um belíssimo presente de Seu Jorge aos fãs de música brasileira.
Encerrando a noite, Seu Jorge traz ainda em sua apresentação grandes sucessos de sua carreira como "Amiga da Minha Mulher" e "Burguesinha". Primoroso!
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