Noite de Nu Metal em São Paulo: System of a Down
Publicada em 30, Sep, 2015 por Marcia Janini
Na noite da sexta-feira, 25 de setembro, a banda americana de ascendência armênia System of a Down pôs, literalmente, para tremer as estruturas do palco montado na Arena Anhembi, em mais uma apresentação da 2015 Latin American Tour.
Apesar da forte chuva que caiu sobre a cidade durante toda a duração do espetáculo, o ânimo das cerca de 25 mil pessoas que compareceram ao evento não arrefeceu, apresentando maciça aderência à proposta da banda extremamente carismática, em perfeita sintonia com seus fãs.
Iniciando a apresentação, a divertida "I-E-A-I-A-I-O", em vocalizes que remetem aos cantos beduínos, trazendo a junção das tradicionais cantigas do oriente médio à vigorosa batida do doom metal. O fraseado vocal rápido remete às vertentes street como o hip hop.... Intenso!
Após excerto de "Suite-Pee", a banda volta à carga com a urgente "Attack" na cadência do speed metal em fusion com sonoridade suave em standard nas estrofes, numa interessante dicotomia com a temática de forte cunho social expressa pela letra.
Explorando sonoridade pautada no experimental, repleta de dissonantes staccatos introdutórios "Prison Song" impressiona pela ousadia e criatividade, fugindo de qualquer padrão musical convencional. Seguindo também métrica alquebrada e de grande complexidade, o fraseado vocal apresenta fluidez entre anacruzes. Diferente!
Com introdução forte, determinada pela bateria cadenciada em sonoridade próxima à do punk rock em junção com as guitarras distorcidas em afinação alta, "Know" surge na interessante mescla de estilos, trazendo as influências do dabke mediterrâneo à melodia rica em melismas.
Traduzindo a festiva sonoridade do hardcore na melodia, em contraste com a letra ácida e o fraseado vocal vigoroso "Soil" antecede a irônica "Darts", que explora variadas alturas na extensão vocal, sugerindo com grande propriedade e técnica caricatos diálogos. Grande momento da performance individual de Serj Tankian.
Nos belos acordes da guitarra de Daron Malakian simulando balalaika na introdução, "Radio/Video" surge traduzindo a cíclica estrutura de rondó das cantigas campestres armenas na fusão com elementos de reggae, traduzindo à canção características de ciranda com toques de contemporaneidade. Great!
Trazendo a malemolência da musicalidade mediterrânea dos solos de derbak "Temper" funde-se a elementos do trash metal nos refrões repletos de indignada atitude politizada do refrão. Sonoridade também explorada por "Needles", canção de andamento frenético e fraseado ralentado. Grandes momentos do show.
Em mais uma divertida charge musical "Bounce" explora cacófatos no fraseado vocal ligeiro e intenso, contrastando com a melodia densa, de cunho introspectivo.
Na balada "Question!" suave tonalidade andaluza do paso doble surge no andamento proposto pelo violão, numa inusitada fusão com o rock de linhas heavy. Furiosos vocalizes e grande intensidade no refrão fazem desta uma melodia que alia com destreza o clássico e o moderno.
Além destas canções, no bem escolhido set list para esta apresentação constaram os grandes sucessos da banda como "Aerials", "B.Y.O.B", "Hypnotize", "Suggestions", "Psycho", "Chop Suey!", "Lonely Day" e "Toxicity" perfazendo aproximadamente duas horas de intensidade criativa e diversão. Brilhante!
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