Sentindo a Beleza das Formas: Nightwish em São Paulo
Publicada em 30, Sep, 2015 por Marcia Janini
O metal melódico com influências na sonoridade medieval invade o palco do Tom Brasil em São Paulo na noite do último sábado, 26 de setembro. Com início às 22h00, o show da celebrada turnê "Endless Forms Most Beautiful" contou com público de aproximadamente 3,5 mil pessoas.
Com aparatos cênicos tradicionais composto por ciclorama de fundo, mini painéis ladeando a ilha de bateria e iluminação com predominância de tons ocres e soturnos, o bem realizado trabalho de cenotécnica confere à casa de espetáculos atmosfera intimista para o evento.
Esbanjando talento e carisma, a front woman Floor Jansen já inicia a apresentação com belíssima performance individual para a execução de "Shudder Before the Beautiful" canção de extrema complexidade técnica. Solfejos e vocalizes inspirados com a beleza de seu timbre personalizado e incomum, passeando por áreas e tessituras diferenciadas fazem desta uma grandiloquente abertura para o espetáculo.
Após a execução de "Yours is an Empty Hope", surge "Ever Dream" num belíssimo contraste entre o vocal delicado da soprano e a melodia repleta de densidade, variações dinâmicas e dissonâncias, bem exploradas pela marcante bateria cadenciada e guitarra distorcida em afinação alta, na cadência do heavy metal com esparsos acentos de ethereal.
Para "She is My Sin" o andamento frenético determinado pela brilhante condução da bateria aliado ao baixo em contraponto, sugerindo intrincadas evoluções melódicas em raros e criativos cromatismos também surge como privilegiado diferencial no espetáculo.
Em "My Walden" se apresenta um dos momentos mais belos do show, com a alternância das vozes dos integrantes da banda em cânone, permeados pela belíssima flauta transversal, remetendo ao festivo cancioneiro celta. Mais uma brilhante performance vocal de Floor, onde todo o talento e a perícia técnica desta grande intérprete surge evidenciada pela melodia suave. Dividindo os vocais com Floor na execução desta canção, e prosseguindo em solo para a execução de "The Islander" o baixista Marco Hietala teve um de seus melhores momentos na apresentação, revelando também lindíssimo potencial vocal de timbre suave, aveludado.
Grandes momentos do show surgem nas execuções de "Weak Fantasy" e "7 Days To The Wolves", explorando aura fantástica, com recursos de notas em suspensão, distorções e acordes em crossfader, sustentando o realismo fantástico das antigas lendas nórdicas retratados pelas letras das canções.
Explorando as técnicas da arte do bel canto erudito, a cantora realiza evoluções vocais extremamente técnicas, desenhando com perfeição a melodia em anacruzes delicados, sem perder o mote dinâmico de intenso vigor exigido por "Storytime".
Na execução de "Sleeping Sun", um dos maiores sucessos da banda, e um dos grandes momentos de sinergia e participação do público, Floor realiza introdução intimista, com seu privilegiado timbre vocal, em suaves notas agudas e solfejos em suspensão, emolduradas pelo intenso instrumental, de andamento acelerado. Breaks estratégicos, sustentando a força e vibração dinâmicas do refrão sugerem pequenas sutilezas na condução instrumental... Um dos momentos de maior beleza estética da apresentação.
Canções de sucesso como "I Want My Tears Back", "Wishmaster", "Stargazers" e "Ghost Love Score" também constaram do set list da apresentação.
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