Gojira no Carioca Club
Publicada em 25, Sep, 2015 por Fabiano Cruz
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Em tempos de Rock’ n’ Rio, sempre a bandas aproveitam e fazem shows em cidades para fãs que não podem ir ao festival, aumentando assim muito os shows durante a época em nosso país; sempre com a correria atrás de ingressos de shows mais badalados, alguns acabam ficando meio perdido no meio de tantas notícias e divulgações, e são sempre esses shows que nos deixam boquiabertos pela capacidade musical das bandas e pela interação mais íntima com o público mais seletivo e realmente fãs da banda. Nesse quadro, os franceses do Gojira, banda que aos poucos sem tomando para si uma referência cada mês mais forte na mistura do Heavy Metal mais extremo com os sons progressivos e experimentais, fez em São Paulo um dia após o festival carioca uma das mais intensas apresentações de uma banda esse ano no Brasil.
A abertura contou com o Furia Inc., que aos poucos o público paulista vem descobrindo com o lançamento do primeiro disco Murder Nature, lançado ano passado. O som mais “groove” e Thrash um pouco distancia do estilo da atração principal, porém a competência – e peso! – da banda segurou bem a abertura da noite na casa Carioca Club. Com o ar naquele clima de “suspense”, deixando os presentes ansiosos, não demorou muito o acerto de som do Gojira para que a banda entrasse em palco com a já clássica Ocean Planet e The Axe. Mesmo com o vocal mais baixo que o instrumental – que foi sendo regulado sem muita demora – so esse começo já foi devastador. O Death Metal entrecortado por ruídos sonoros, notas extremamente dissonantes e ritmos desconcertantes é rigorosamente técnico ao vivo. E poderoso. Uma massa sonora que poucos se atrevem a fazer, ainda mais com a perfeição que a banda nos apresenta.
O caos sonoro seguiu com maravilhas do porte de Backbone, Love/ Remembrance e L’Enfant Sauvage. No meio das leituras sonoras folclóricas da costa francesa à sonoridade experimental que envolve ruídos e sons concretos, o Gojira tem a influência do Brasil vindo pelo Sepultura, banda homenageada e dedicada The Art of Dying – a execução dessa composição foi um dos pontos mais altos da apresentação, algo que deixou fãs impressionados tamanha técnica e qualidade que os franceses possuem. Fatores que tem de sobra a cada integrante; o baixista Jean-Michel Labadie não para um minuto sequer em palco, ensandecido, louco; Christian Andreu, o mais quieto do quarteto, toca com facilidade complexas harmonias na guitarra; Joe Duplantier surpreende a cada momento e comanda com perfeição a banda, em um carisma inigualável. Mas o que chama a atenção mesmo é Mario Duplantier... Sem nenhum exagero, foi um dos melhores bateristas que vi atuando: “senta a mão” sem nenhuma dó, e sem soar que esta tocando qualquer coisa; suas viradas e variações são muito bem pensadas e feitas com malabarismos a todo o momento, sem deixar a força da banda cair em nenhum momento. O caos não fica somente no som, e sim na performance como um todo; em muitos momentos os músicos trocam de posição, saem pulando e correndo, agitam sem parar, saem da convencional postura “certinha”que estamos acostumados a ver.
Mesmo faltando alguns sons – e curiosamente sem nenhum do primeiro trabalho, não faltou canções que todos esperavam: Flying Whales foi outro momento mágico e Vacuity não deixou pedra sobre pedra. Sem muita enrolação, os irmãos Joe e Mario trocam de posição por um curto período para a introdução de Oroborus e fecham a noite com a impactante viajem de The Gift of Guilt. A alegria estava estampada no rosto dos franceses, conversando em tudo que é língua – inglês, francês, português, até espanhol - , tirando fotos, mostrando humildade e agradecimento. E quem agradece são nós que estivemos presentes numa apresentação que ficará na memória por um bom tempo.
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