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Entrevistas

Coletivas de Imprensa Best of Blues and Rock (3º e 4º dias)

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Publicada em 20, Jun, 2025 por Marcia Janini


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Além dos shows, os últimos dois finais de semana reservaram momentos de proximidade e descontração com algumas das atrações do festival, que gentilmente concederam entrevistas coletivas à imprensa, pouco antes de suas apresentações.

No sábado dia 03, o foyer do Auditório Ibirapuera abrigou as coletivas de imprensa dos integrantes do Charlie Brown Jr, Alice Cooper, Larissa Liveir e Judith Hill, por volta das 18h00.

Iniciando com Thiago Castanho, Marcão Britto e os membros do novo projeto dos ex-integrantes do Charlie Brown Jr., a banda inicia sua coletiva respondendo sobre como vêem a juventude em relação à música na era do Tik Tok e plataformas virtuais. A banda considera essa relação natural, visto que o TIk Tok auxilia a divulgar os trabalhos das bandas, as novas músicas, agenda de shows, enfim, acaba sendo importante para dar visibilidade entre os jovens.

Trazendo duas baterias e duas guitarras nesta nova fase, é muito bom ver o legado da banda, o público mais jovem ainda se identificando e se inspirando. É gratificante continuar sendo referência para esse público, que sempre se renova, como exemplo para a turma mais jovem que está chegando...

É importante ver que a banda dá muita atenção e carinho aos seus fãs e o quão importante é a troca para "dar esse gás", perceber que existe uma cena onde tem gente que quer e busca informações...

O que é diferença entre esse legado e a história que foi construída e, não há como dissociar essa nova fase da carreira pós-Chorão e Champignon, tudo o que é feito hoje vai sempre trazer referências do modo Charlie Brown...

Mesmo se fizermos um projeto novo, sempre vai estar o cerne do Charlie Brown, a identidade do Charlie Brown e vai lembrar, sempre na sonoridade, porque é nossa identidade musical e isso é muito latente na banda.

Esse novo momento e ciclo surge como algo novo e muito importante, pois na data de hoje, comemoramos os 30 anos de carreira da banda, onde todos dedicamos nossa vida à música e à essa banda, ficamos por 5, 6 anos no underground batalhando antes da fama, então não surgiu do nada... Mas o Charlie ainda tem muito à oferecer, tanto com o possível lançamento de materiais guardados, como na criação de novas coisas.

A banda está feliz de estar tocando junta, pois a unidade de uma banda é justamente isso, estar juntos e felizes por estarmos juntos. Os novos integrantes estão representando os fãs, porque para eles é uma honra poder tocar ao lado de seus ídolos de infância...

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A partir das 18h15, Alice Cooper ao falar sobre Jack Ponti, compositor e ex-parceiro em muitos trabalhos falecido em outubro de 2024, diz que este era um gênio na composição e que é muito mais difícil escrever músicas simples que complexas... e que estas é que trazem, muitas vezes, sucesso e reconhecimento ao artista.

Sobre guitarristas como Nita Strauss e novos talentos que vêm surgindo, diz que não estava necessariamente procurando outra mulher como guitarrista, mas, quando a conheceu, viu que estava diante de uma força da natureza, com potência ímpar e, trazendo um som com influências de Steve Vai, por isso a colocou na banda e já estão juntos há cerca de dez anos.

Discorre também acerca do quão se sente tão bem, tão em casa durante as turnês, pois separa as vidas, do artista e do homem, mas sua esposa, com quem está casado a cerca de 50 anos, sempre o acompanha nas turnês quando possível, mas o personagem fica somente no palco... Em casa ele é o cidadão comum, marido, pai e avô...

No estúdio se sentiu em casa e parecia que tudo estava soando como em 1975 para a gravação de seu último álbum, num clima onde não há lugar para disputa de egos ou coisas do tipo, onde simplesmente se reúnem e gravam.

Uma história engraçada de quando tocou no Brasil pela primeira vez, foi de que quando entrou no camarim para se maquiar, apareceu uma pessoa com uma cobra enrolada ao pescoço com uma plaquinha onde estava escrito "macumba", talvez porque associaram seu estilo de música ou as performances teatrais do seu show a feitiços.

Sobre a música "Hanging On By a Thread (Don't Give Up)", faixa do álbum Detroit Stories, lançado em fevereiro de 2021, diz ter idealizado essa canção pensando em jovens que cometem suicídio como um alerta: "não façam isso, há outra saída!".

Em relação à música brasileira, escutava muito o álbum Wave de Tom Jobim em 1976, quando casou-se, pois estava apaixonado pela sonoridade, entretanto, ainda hoje, vez ou outra ouve seus velhos álbuns de vinil.

Perguntado sobre qual de seus hits "School's Out" ou "I'm Eighteen" escolheria como seu legado musical para os jovens de hoje, Alice simpaticamente responde que as duas são hinos de sua carreira, cada qual escrita em um momento diferente. Quando concebeu "I'm Eighteen" o mundo via estupefato os horrores da Guerra do Vietnã, assim, esta canção surge revestida de todo um significado pacifista, da mesma forma que "School's Out" é um hino à rebeldia da juventude, de forma que fica muito difícil escolher qualquer das duas... São canções únicas e igualmente especiais!

Como influências e ídolos na música, Alice cita Jimi Hendrix, The Rolling Stones e Blue Öyster Cult como bandas incríveis que ele viu tocarem ao vivo.

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Em seguida, a estadunidense Judith Hill se diz honrada em estar no Brasil pela primeira vez para este show...

Sendo uma cantora solo que traz o blues e o funk como referências, se torna talvez mais difícil liderar o palco, visto que, geralmente, estes estilos surgem representados por grandes bandas.

Ela utiliza suas canções como representações de sua espiritualidade, pois enxerga a música como coisa sagrada, uma verdadeira forma de comunhão entre as pessoas.

Sobre sua relação com a música brasileira diz amar as sonoridades do Brasil, afirma gostar muito de Rosa Passos e ouve muito harmonias e ritmos diferentes do Brasil.

Em relação às suas influências para compor, gosta muito de rock e se concentra mais no blues, que é a raiz de todos esses estilos musicais representados no festival.

De tudo o que ouve ela tira um pouco de influência para suas composições, até da música clássica saem várias referências.

Sobre a questão do avanço das novas tecnologias, o streaming, as plataformas digitais, redes sociais e inteligência artificial, a cantora e compositora diz que do ponto de vista de composição algumas coisas até podem mudar quando falamos em novas tecnologias, que podem auxiliar sem dúvidas nesse processo, porém o fator humano, o cantor, a banda sobre o palco, isso nenhuma tecnologia pode substituir. O sentimento humano, que é arte, o que caracteriza a arte, o calor do público, das pessoas, nada disso pode ser substituído por inteligência artificial ou qualquer outra tecnologia.

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Larissa Liveir se mostra muito feliz em estar participando do Best of Blues and Rock e poder tocar para um público tão grance em um festival tão relevante dentro do estilo.

A cantora diz que estar no palco é sempre como se sentir em casa, e que esta não é uma questão para lidar, apesar de ser ainda uma jovem e talentosa instrumentista, recentemente descoberta e que o ato de tocar são os momentos mais felizes para ela, onde se sente totalmente conectada consigo mesma, quando estão só ela e sua guitarra.

Sobre a experiência de tocar com Nita Strauss (guitarrista de Alice Cooper) a instantes atrás, durante sua apresentação, relata empolgada sobre a intensidade deste momento, que surgiu como uma grata surpresa para ela e para o público.

Não imaginava tão cedo estar em um palco grande como o do festival e que, quando percebeu o enorme sucesso que começou a chegar por meio das redes sociais, onde as pessoas estavam vendo, compartilhando e comentando sobre seus vídeos, e que por conta disto foi convidada a participar deste festival, figurando ao lado de grandes nomes e verdadeiras lendas da música, se sentiu plena, que para ela esta se revelou uma oportunidade sensacional, e que ainda está curtindo esse momento incrível, ainda processando todas essas informações e toda essa alegria, e que espera que sua história inspire outras mulheres guitarristas a surgirem e se exibirem, em um mercado dominado em sua quase totalidade por homens.

Agora observando sua escalada gradual para o sucesso, pretende investir em sua carreira, passando a compor e trabalhar com canções de própria autoria, visto que na apresentação de hoje, desempenhou apenas seu papel de instrumentista ao realizar covers e releituras de grandes clássicos do rock.

Indagada sobre a sensação de tocar para um público tão grande e exigente como o desse festival, Larissa revela que para ela não importa essa questão de quantidade, e que tanto faz tocar para 10 pessoas em um pub ou para 10 mil pessoas em um festival, o que importa é a energia, a vibração e a adrenalina de estar ali, e que é essa troca entre palco e plateia o que realmente importa e faz de cada apresentação um momento mágico, de muita felicidade!

Questionada sobre como sendo tão jovem, com apenas 23 anos, músicas tão mais velhas que ela conseguiram conquistá-la a este nível, a jovem instrumentista responde com simplicidade que, como toda boa interiorana mineira cresceu ouvindo música caipira, sertaneja e moda de viola e que não se recorda de como o rock em suas variadas vertentes chegou em sua vida, porque em sua casa ninguém ouvia rock. Ela acredita que seja uma coisa nata, não sabendo como explicar sua predileção pelo rock, por tocar guitarra e por amar tanto o classic rock... Acredita ser algo intuitivo, natural como caminhar ou respirar...

Concordando com a fala anterior de Judith Hill, a cantora acredita que realmente, nada pode substituir o humano em matéria de shows e performances ao vivo, assim sua profissão nunca perecerá aos ditames tecnológicos.

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Única banda a conceder entrevista coletiva no último dia do festival, domingo 14 de julho, Deep Purple se reúne com os profissionais de imprensa que lotaram o foyer do Auditório Ibirapuera, discorrendo sobre sua carreira e impressões pessoais por volta das 18h15.

Ian Gillan responde que começou a cantar aos 15 anos de idade e que nunca havia pensado àquela época que chegaria a um sucesso e uma carreira tão longeva.

Sobre tocar em um festival aqui no Brasil, e para tantos fãs, é uma energia bem diferente de outros lugares, porque o público brasileiro é muito caloroso, expressivo e que se admiram com a enorme receptividade dos fãs brasileiros ao seu trabalho, mesmo após tantas décadas!

Acerca da conexão com um público tão atual e abrangente a banda ressalta que música é música e envolve mesmo diferentes pessoas em diferentes tempos e que na década de 1970 apenas faziam música, sem se importar muito com isso.

A escolha do setlist geralmente inclui também coisas novas, além de clássicos que eles gostam de tocar, dessa forma, em todos os shows, sempre há espaço para canções novas e mais antigas. Dessa forma, conseguem agradar aos fãs de todas as fases de sua carreira, e talvez esse seja o motivo da surpreendente recepção, sucesso e renovação dos fãs ao longo do tempo.

Seus conhecimentos sobre música brasileira são bem incipientes, dizem conhecer um pouco de música latina de modo geral, onde há variados ritmos e sonoridades diferentes, entretanto vêem o pouco que conhecem sobre música brasileira como algo quente, sexy e diferenciado de outros estilos latinos.

Don Airey fala sobre sua experiência de caminhar na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e sobre a sensação de entrar no bar onde Tom Jobim teria composto "Garota de Ipanema", e de sua percepção sobre isso, elencando a sensação como algo único e muito pessoal.

Perguntados sobre o porquê começaram a tocar e compor, formando a banda, disseram não saber responder, e que foi algo que apenas aconteceu, foram se unindo e se separando por vezes, e que sua vontade de fazer música os está mantendo juntos até hoje...

Como parceiros e colegas de profissão que admiram, citam Joe Satriani e Steve Vai pela sonoridade e virtuosismo.

Ian Paice revela que viu o nascimento do rock em 11 de janeiro de 1963, e ele acredita esse faro ocorreu quando estava no ônibus indo para a escola e viu a correria de todos indo às lojas pra comprar o primeiro álbum dos Beatles... Para o músico, desde aquele dia o mundo passou de preto e branco para colorido.

Sobre como começou a tocar, revela que observava os bateristas de até duas gerações anteriores, achava que eles tinham um look legal e um jeito peculiar de tocar e que foi isso que o motivou a se tornar um baterista também.

A banda agradeceu aos presentes e se despediu, espalhando simpatia e bom humor à sua volta.


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