A Vida Tem Dessas Coisas: Ritchie em São Paulo
Publicada em 15, Aug, 2023 por Marcia Janini
Na noite do último domingo, 13 de agosto, o cantor Ritchie, um dos ícones da geração pop rock dos anos 80, realizou apresentação no Espaço Unimed em São Paulo.
Iniciando a apresentação por volta das 20h15 ao som da ciranda eletrônica de "No Olhar", com melodia cíclica em acordes minimal, bem pontuados pelos sintetizadores, Ritchie esbanja charme e talento no descontraído tom de sua voz única.
Para o hit "A Vida Tem Dessas Coisas", no andamento ralentado do baião estilizado explorado com propriedade pelo instrumental, onde os teclados bem temperados auxiliam na ambientação. Crossover vocal traduz aura de modernidade à canção, grande clássico da carreira.
De uma safra mais recente "Lágrimas Demais" traduz a suavidade de uma rock ballad com elementos esparsos do blues bem determinados pelo baixo em dub, no contraponto à bateria cadenciada.
Trazendo o forte apelo groove da disco, mais um grande hit de sucesso surge na execução da dançante "A Mulher Invisível". Carismático, Ritchie também encanta aos seus fãs na condução da flauta transversal de acordes suspensos, denotando a deliciosa aura de velado mistério e sensualidade da canção. Amazing!
Trazendo releitura pop, levemente dançante para "Ando Meio Desligado" (Mutantes), que traz o perfeito solo do sax tenor de Hugo Hori nas conversões ao refrão, Ritchie realiza inspirada homenagem à Rita Lee, em momento intimista, rememorando momentos compartilhados com a cantora.
Para a linda balada "Loucura e Mágica", a suave melodia segue no gostoso andamento cadenciado determinado pela bateria de Luis Capano, permeada com graça pelo baixo de Igor Pimenta. No acompanhamento, os doces acordes do teclado contrastam com a vitalidade da guitarra. Em mais um grande momento de sua performance vocal, Ritchie explora acentos e tonalidades suaves. Amazing!
"Shy Moon", outro sucesso da carreira do cantor, traz a influência celta na flauta e no andamento denso explorado pelos teclados de Eron Guarnieri. A bateria igualmente explora a sonoridade marcada pelos tambores, emoldurando com propriedade o vocal de Ritchie.
Para a execução do hit "Vôo de Coração", título do homônimo álbum que marcou a década de 1980 e alçou o artista ao patamar de um dos principais cantores da década, a versão fidedigna da balada nos remeteu diretamente ao ano de 1983, em mais um bom momento do show. Melodiosa, a guitarra em riffs encadeados explode no diálogo com o potente baixo tenor de Hugo Hori, apoiando mais uma precisa interpretação de Ritchie. Great!
Na gostosa cadência do rockabilly a descontraída "O Preço do Prazer" traz jazzísticos elementos determinados pelos esparsos acordes do sax tenor em correspondência com os teclados standard de Guarnieri. A roqueira guitarra de Renato Galozzi traduz agilidade e dinâmica ao andamento.
Nota para a bela releitura de "Agora ou Jamais" (Tigres de Bengala), mantendo a delicada cadência groove na métrica e andamento, em mais uma primorosa interpretação de Ritchie. Brilhante, o baixo de Igor Pimenta permeia com graça a melodia, no intenso diálogo com a bateria.
Mais um inusitado e especial momento do show surge na execução da releitura para a icônica "Mercy Street" (Peter Gabriel) , traduzindo o acento nordestino do triângulo do baião na junção com o progressive rock. A flauta em melífluos acordes traduz ainda maior suavidade e leveza, na condução precisa de Ritchie. Em mais uma especial performance vocal, o cantor explora seu timbre diferenciado em mais um importante momento do show.
A noite reservou ainda a execução de grandes clássicos da carreira como "Só Pra o Vento", "Casanova", "Pelo Interfone", "Transas" e "Menina Veneno", em uma memorável apresentação, que celebra os mais de 40 anos de carreira do cantor, além de sua paixão pelo Brasil e pelos seus fãs.
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