Samsung Best of Blues 2019
Publicada em 28, Oct, 2019 por Marcia Janini
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Na tarde do último domingo, 27 de outubro, o Auditório do Ibirapuera apresentou a 7ª edição do festival Samsung Best of Blues, tendo como atrações o guitarrista Zakk Wylde, líder da banda Black Label Society e ex membro da banda de Ozzy Osbourne, e o guitarrista de blues Kenny Wayne Shepherd, com abertura da dupla brasileira Tati e Nina Pará, respectivamente na guitarra e na bateria.
Em mais uma edição aberta ao público, que ocupou totalmente os gramados do parque em frente ao palco montado em uma das laterais do auditório, trouxe o acesso à cultura e à música de qualidade à população paulistana, em parceria entre a Samsung e o Ministério da Cidadania.
Por volta das 17h45, subiu ao palco a dupla Tati e Nina Pará, trazendo composições próprias e releituras de grandes clássicos do rock no belo instrumental em diálogo entre o virtuosismo da guitarra de Nina e a bateria precisa de Tati Pará, em uma apresentação linear e bem cuidada, que agradou em cheio ao público presente.
Iniciando sua apresentação com uma vertiginosa jam session, o blueseiro Kenny Wayne Shepherd sobe ao palco às 18h30, trazendo sua guitarra repleta de cromatismos para a rápida "Trouble Is..." em dedilhados de intensa complexidade técnica e agilidade, acompanhado pelos exímios metais, que exploram sonoridades latinas, em uma canção descontraída.
"Woman Like You", uma canção que mescla esparsos elementos do blues ao hard rock de linhas clássicas Traz mais um bom momento do show, seguida pela instrumental "Shame, Shame, Shame" que traduz ao instrumental o blues clássico em sua mais tradicional forma, onde à guitarra em glissandos e rascantes encadeados aliou-se o andamento ralentado bem determinado pela cadenciada bateria, permeado com graça pelos metais, na predominância do perfeito sax tenor explorando arranjos diferenciados em sonoridade próxima à harmônica (gaita de boca), aliado à grave potência do bombardino e ao piano em sincopados arranjos, em uma composição arrojada.
Sensual o baixo em dub permeia com graça a melodia, emoldurando com propriedade o vocal de Shepherd, aliado aos vertiginosos solos da guitarra em distorção wah para "I Want You" somado à perícia do teclado hammond, em mais um bom momento da apresentação. Na finalização, o sax tenor explora em tessituras altas arranjos complexos, apoiando o endiabrado trompete.
Suave, a blueseira balada instrumental, em solo da guitarra de Shepherd, acompanhada suavemente pela bateria e pelo baixo em contraponto, apresenta um dos raros pontos introspectivos na apresentação. Na cadência do country rock, flertando com o andamento pop desenvolvido pela bateria, a despojada "While We Cry" surge pontuada pelos acordes em notas suspensas do teclado em mais um momento suavizado da apresentação. Nas conversões ao refrão, diálogo intenso entre a distorcida guitarra de Kayne e o violão de aço traduzem elegante dinâmica à melodia.
Na introdução de "Blue On Black", os riffs solapados das guitarras em ascensão aliam-se à potente e constante bateria. Arranjos em notas suspensas do órgão hammond e a suave intervenção dos metais fazem desta canção instrumental mais um exemplo da criatividade e inovação ao blues tradicional. Great!
Encerrando sua passagem pelo palco do festival, Wayne traz rápidos e vigoros riffs rascantes em distorção wah na introdução de "Voodoo Child", releitura para o clássico de Jim Hendrix, traduzindo na fusão entre o hard rock e o blues uma canção de intensas variações dinâmicas. Explorando cíclicos movimentos, a guitarra explora a agilidade explodindo em semi-colcheias encadeadas, exibindo intrincados cromatismos. Na finalização, a frenética jam traduz grandes variações em mais um grande momento da apresentação!
Entrando no palco por volta das 20h00 ao som de "War Pigs" (Ozzy Osbourne), numa bela homenagem ao seu padrinho no rock, Zakk Wylde inicia sua enérgica apresentação com a execução de "Whipping Post", inspirada releitura para o clássico de The Allman Brothers, traduzindo toda a fúria do heavy metal introdutório ao blueseiro baixo em dub, permeado com gentileza pela bateria alquebrada, que juntamente ao potente instrumental, emoldura o vocal visceral de Zakk. Na finalização, frenética jam session coloca as explosivas guitarras em distorcidos riffs altos, crescendo em glissandos e cromatismos intensos. Explosão em dinâmica e versatilidade!
Suavizada "Machine Gun Man" traz em seu bojo o lado mais cru do blues na belíssima versão para a emblemática canção de Pride & Glory, em uma explosão de energia e dinamismo raras vezes vista, trazendo para a simples estrutura cíclica os virtuosísticos arranjos das guitarras em intenso diálogo. Em vertiginosa variação dinâmica, determinada pela cadenciada bateria em criativas conversões acompanhada pelo baixo em doom no contraponto, surge mais uma avalanche sonora, bem pontuada pela agilidade desenvolvida pelo potente instrumental! Great!
Intensa "Fire It Up" traz em grandes evoluções das guitarras a energia de uma composição com ares de hino, na guitarra ensandecidamente ágil de Zakk... Amazing!
Na introdução em slides, surge a execução de um dos grandes clássicos do Black Sabbath "War Pigs", em cover perfeito, mantendo a métrica original da canção e fraseado e timbre vocais próximos aos de Ozzy na interpretação mais que especial de Zakk, encerrando em grande estilo o espetáculo. Wonderful!
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