HonorSounds: De La Tierra + Armored Dawn em São Paulo
Publicada em 05, Nov, 2017 por Fabiano Cruz
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A HonorSounds vem se destacando aos poucos em suas produções, sempre com qualidade e com a assistência social como base, o que mostra seus trabalhos sendo feitos com garra e compaixão, e com profissionalismo acima de tudo. Véspera de feriado fomos nós do Musicão cobrir a vinda do De La Tierra pela HonorSounds no Tropical Butantã. Pontual, chegamos e o evento já tinha começado com a banda Karburalcool ? o que pelo menos para mim passou despercebido que eles tocariam nas informações do evento. Uma pena, pois a banda do interior paulista, com palco reduzido, bateria montada ao lado do palco e som ainda sendo regulado às pressas, mostrou garra e potencial, marcado pela voz grave e potente do vocalista Ricardo Girardi. Deu tempo de ver Em Busca do Que se Perdeu, com a participação do vocalista Rogério Fernandes (do Carro Bomba, que gravou com a banda a faixa em primeiro registro de estúdio), o desabafo do inferno que são as redes sociais em Patrulha Social, e a homenagem ao Silvio Lopes da banda King Bird em Barta Blues. A Karburalcool foi uma excelente escolha para começar a noite!
Sem muita demora, a sequência veio com Armored Dawn. Liderada pelo vocalista Eduardo Parras e nascida da finada Mad Old Lady, a banda vem com seu Power Metal carregado de lendas nórdicas e vikings ? nada novo na realidade, porém a banda com poucos anos de vida aposta na experiência de seus músicos e no forte marketing, visto que o local até montaram um stand onde os fãs pintaram a cara com marcas de guerras e tiraram fotos com espadas e elmos. O resultado foi uma casa nesse momento cheia, inclusive com fãs a caráter com cosplay de reis, rainhas e guerreiros. Promovendo o novo trabalho Barbarian in Black, o Armored Dawn começou a apresentação com bastante energia, que contagiou os presentes que cantavam a todo momento. Músicas novas intercalavam com canções do primeiro trabalho como Willian Fly (The Pirate) e Warrior Soul. A banda é coesa em palco, mesmo que a quantidade de instrumentos em certos momentos ficou embolada, afinal, ao vivo tanto banda como produção tem que rebolar muito para equalizar uma banda com duas guitarras e um teclado e tudo sair perfeito; alguns destaques individuais se sobressaem, como o baixista Fernando Giovannetti (que fez um excelente solo) e o tecladista e guitarrista Rafael Agostino, que mostrou energia de sobra; Parras mesmo sendo o claro líder da banda em muitos momentos deixou a desejar uma presença de palco forte, que foi coberta pela movimentação de outros integrantes. Os destaques ficaram pela quase Hard Rose Tatto e pela balada nova Sail Away, sendo bem criticada pela mídia especializada. Uma apresentação com energia, porém bem burocrática.
Sem muita demora, as 22:00 quase pontualmente ? o que daria até para o pessoal curtir a noite de pré feriadão pós evento -, o supergrupo latino subiu ao palco já arregaçando com Maldita Historia de seu debut. Sr. Flavio, Andreas Kisser, Andrés Gimenez e Alex Gonzalez já mostraram todo o poder do De La Tierra ao vivo; os sons calcados no Heavy Metal mais atual com toques de Thrash e elementos latinos caem perfeito ao vivo. Promovendo o segundo trabalho recém lançado, a banda sem muito falar manda Señales e Rostros numa pancadaria sem dó. Infelizmente o público reduziu a menos da metade para o De La Tierra, mas os que ficaram, tímidos no começo, começaram a agitar pra valer em enormes rodas no salão com San Asesino e Puro. Impossível um destaque individual, o De La Tierra soa como uma unidade só, porém mesmo assim Gonzalez chamou a atenção para si em vários momentos com sua insanidade na bateria, tocando de forma extremamente agressiva as viradas e tocando em pé, muito do poder do som vem da forma que ele toca; e interessante ver como o Andreas Kisser se porta em outra banda além do Sepultura, com duas guitarras, ele fica mais a vontade para criar harmonias e ambientes, mostrando que é sim um dos melhores guitarristas do Heavy Metal não só do Brasil, mas sim do mundo, o que devemos o dar muito respeito. E tome pancadaria atrás de pancadaria num show que pouco deu trégua para nós descansar: Dois Portais, Chamán de Manaus, Ciénagas de Odio. Antes de Somos Uno e Sín Limites, Flavio fez um caloroso e pelo discurso sobre como o latino americano nasceu por debaixo de lágrimas e sangue, e continua até hoje por imposições sociais e culturais de países do ?primeiro mundo?, e só mudaremos a situação quando tivermos a consciência de sermos um ? excelente, real, verdadeiro; pena q eu poucos viram... A banda termina com o bis matador com Sangramos ao Resistir e Cosmonauta Quechua.
Vale dois destaques na visão desse que vós escreve negativa: uma quase antipatia pela banda de fechamento pela maior parte do público; o tema e sonoridade levado pelo De La Tierra, podem não concordar, mas tem muito valor social e histórico para nós, portanto um mínimo de respeito deveriam ter por parte dos fãs que lotaram a casa na banda de abertura, mas não apreciaram o trabalho mais próximo a nós. A segunda o tratamento da casa para quem trabalha na mídia; não, não fomos mal tratados de forma alguma, porém a mesma antipatia foi vista em nossa recepção na lista de imprensa e a casa não nos permite nem entrar com água, coisa que em todas as outras casas paulistas permitem quem vai trabalhar entrar com um lanche e água; não sei dizer se quem recepcionou é da casa ou da produtora, mas é algo a deixar claro.
Obviamente que esses detalhes não estragaram a noite e as apresentações, feito tudo bem simples, porém com profissionalismo tanto da produção como dos músicos; e em uma noite antes de feriadão pudemos ou retornar para a casa ou curtir a noite com uma satisfação imensa de ter presenciado o evento.
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