Rock Grande do Sul em São Paulo: Nenhum de Nós
Publicada em 31, Jul, 2016 por Marcia Janini
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Na noite da última sexta feira, 29 de julho, o Nenhum de Nós realizou mais uma apresentação de sua turnê "Sempre É Hoje" no Teatro J. Safra em São Paulo.
Abrindo o show, o cantor e violonista Rodrigo Del Arc, traz a magia da moderna MPB em todas as suas nuances na performance com voz e violão.
"Pobre Céu", em parceria com Thedy Corrêa, surge trazendo letra ácida, com diáfanos acordes, traduzindo grande liberdade das formas e beleza estética expressas na letra. Na cadência ritmada da MPB, bela letra para bem construída melodia.
Em "Samba Velho", acordes doces do violão se unem ao timbre aveludado e cheio de bons recursos técnicos do cantor, com fraseado vocal cadenciado e prolongamento fonético. Uma deliciosa balada, com acordes solapados nas conversões ao refrão. "Wish I Were Here" (Pink Floyd) surge inusitadamente como música incidental na finalização da faixa. Velada ousadia!
Linda, com rimas riquíssimas bem exploradas no fraseado, remete à poesia concreta, onde as palavras se completam criando inusitados recursos sonoros. "Ultraleve" surge como uma lufada de frescor, criatividade e inovação, em meio à singeleza e simplicidade da abertura, como incrível diferencial ao show! Perfeito!
A deliciosa "Lado Meu" surge charmosamente cheia de groove, em balanço contagiante, num convite à descontração, trazendo a riqueza do soul em andamento constante, repleto de bossa.
Subindo ao palco por volta das 21h30, o Nenhum de Nós inicia a apresentação com a linda balada "Se Você Ficar Um Pouco Mais", reforçando no instrumental em explosão dinâmica do refrão, após andamento contido das estrofes, a urgência apaixonada expressa na letra, com grande classe e propriedade.
Na sequência "Eu Não Entendo", trazendo suave sonoridade soul determinada pelo baixo em dub, na fusão com o pop rock e o regionalismo sulista expresso pela gaita (acordeon) bem pontuada nas finalizações. Great!
Swingada, com introdução fundida entre sonoridade jazzística e a incrível gaita permeando com charme e desenvoltura toda a melodia, num inusitado contraponto à bateria cadenciada, "Astronauta de Mármore" (versão para Starman de David Bowie) surge revisitada nesta nova empolgante versão.
"Descompasso" traduz toda a energia e vitalidade do rock de linhas hard, remetendo à sonoridade 70´s, com grandes variações dinâmicas, trazendo suaves traços em groove. Especial!
A reflexiva "Jornais" traduz à apresentação o forte cunho de crítica social de forma surpreendentemente elegante, sem acidez ou ranços desalentados na letra, aliada ao instrumental direto, contundente e incisivo da bateria em progressões firmes e condução precisa. Grande composição executada de forma fiel à versão original (1987).
Charmosa "Das Coisas que eu Entendo" traduz de forma descomplicada e descontraída os dilemas existenciais por trás das relações afetivas e amores desfeitos, com boa performance individual dos teclados determinando toque extra de suavidade ao enérgico andamento.
Em dueto com a jovem revelação da moderna MPB Roberta Campos "Foi Amor" e "De Janeiro a Janeiro" (Nando Reis) surgem como momentos importantes no show. O vocal a princípio tímido e suave da cantora explora tonalidades inusitadas, ascendendo para elementos técnicos elaborados.
Explorando nos perfeitos riffs da guitarra blueseira aliada ao baixo em dub e ao andamento constante determinado pela bateria de Sady Romrich, "Caso Sério" surge e a autobiográfica "Julho de 83", marcam pontos altos da apresentação.
Outro ponto marcante no show surgiu no fidedigno cover para "De Música Ligera", composição da banda argentina Soda Stereo, conhecida nacionalmente na versão "À Sua Maneira", gravada pela banda Capital Inicial.
O show também privilegiou grandes sucessos que marcaram a trajetória dos 30 anos da banda, como "Sobre o Tempo", "Eu Caminhava", "Camila, Camila" e "Vou Deixar que Você Se Vá".
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