Site de música   
Entrevistas

Harry

Compartilhe:


Publicada em 29, Nov, 2006 por Marcia Janini


harry.jpg
Em entrevista a esta equipe, os fundadores do Harry (Hansen, Johnsson e Roberto Verta) falam um pouco sobre a carreira e os próximos projetos.

<b>Musicão:</b> Como surgiu a idéia de formar a banda?
<b>Hansen:</b> Eu tocava com o Johnsson desde 76, no estilo do punk rock e a partir de 79, começaram as pesquisas em eletrônico. Naquela época, a grande maioria das bandas de linha eletrônica eram oriundas do movimento punk.

<b>Musicão:</b> Quais foram as principais influências no trabalho da banda?
<b>Hansen:</b> Além das bandas punk, Kraftwerk, Depeche Mode, Duran Duran, Human League, New Order e Visage. O Kraftwerk apresentava já tantos recursos... Coisas impraticáveis aqui no Brasil naqueles tempos.

<b>Musicão:</b> Como começou o trabalho da banda?
<b>Johnsson:</b> As primeiras coisas começaram a rolar entre 85 e 87, quando lançamos um EP com quatro músicas em bolacha de 45 rpm. Em 88, lançamos o primeiro álbum, “Fairy Tails”.

<b>Musicão:</b> Como era fazer música naquela época? Falem um pouco sobre a questão do pioneirismo no cenário eletrônico brasileiro.
<b>Johnsson:</b> Era um pouco mais complicado. Não existiam os recursos que temos hoje, onde tudo pode ser feito em simples apertos de botão e softwares, além da questão financeira, onde tudo era muito difícil, nunca tivemos patrocínio, então muitas vezes improvisávamos, emendávamos fitas K-7 para produzir efeitos, tocávamos alguns trechos ao contrário. Só tivemos contato com uma bateria eletrônica pela primeira vez num estúdio, o que era também absurdamente caro na época. Mas nossas músicas até hoje permitem uma grande versatilidade, qualquer pessoa pode cantá-las utilizando-se apenas de violão e voz.

<b>Musicão:</b> Vocês foram considerados àquela época a mais inglesa dentre as bandas brasileiras. O que pensam sobre isso hoje?
<b>Johnsson:</b> Acredito que isso ocorreu mais pela formação da banda, pois aqui cada qual tem suas influências. O Hansen e eu, como já mencionamos anteriormente, começaram tocando punk e eu sou formado em música, toco piano clássico etc. Mas todos aqui sempre ouvimos músicas internacionais e, nos anos 80, houve um ápice das bandas européias, não só inglesas, mas norueguesas, suecas, alemãs. Com certeza foram essas influências todas que deram esta característica à banda e esta identificação do público com as bandas européias. Nacionalmente, algumas bandas também influenciaram nosso trabalho, como Casa das Máquinas, Rita Lee pós Mutantes e antes da fase Roberto de Carvalho (risos) e Azul 29. Mas praticamente, o som que fazíamos era baseado no synth e tecnopop dos anos 80.

<b>Musicão:</b> E como as pessoas recebiam essa musicalidade tão européia e mesmo tão diferente para uma banda brasileira, visto que a cena eletrônica ainda era bem incipiente?
<b>Johnsson:</b> É, algumas músicas tem traços no dark, são mais etéreas, soturnas e quando saiu “Fairy Tails” as pessoas estranhavam mesmo inicialmente, e ainda mais quando descobriam tratar-se de uma banda brasileira.

<b>Musicão:</b> Ainda falando sobre os anos 80, o que vocês acham deste revival 80’s na moda, na mídia, na música, no comportamento...?
<b>Verta:</b> Bem, esta questão de retorno ao passado é meio cíclica. Mas os anos 80 foram muito legais, uma época gostosa de relembrar e até mesmo reviver em certos momentos, entretanto, passou-se por um verdadeiro funil na cena musical da época. Existia uma separação bem clara entre música comercial, acessível a todos e a música mais elitista, assim como à música de linhas marginais etc. Existia pouca coisa de qualidade, e as coisas demoravam muito para chegar até aqui.

<b>Musicão:</b> Vocês sentiram alguma mudança entre o trabalho que faziam há vinte anos e atualmente?
<b>Verta:</b> A maturidade de uma banda ocorre naturalmente, é um processo contínuo. O que fazemos agora é reviver uma determinada época da banda, realizando a releitura de nossas obras com mais qualidade e tecnologia, e claro produzimos novos trabalhos e recriamos algumas coisas inéditas. Inclusive algumas músicas que ainda não havíamos gravado fazem parte dos extras contidos no box, lançado este ano.

<b>Musicão:</b> Como está a agenda de shows?
<b>Johnsson:</b> Ainda um pouco espaçada. Estamos realizando pocket shows e tocamos no Sesc Pompéia. Aliás, foi um show muito legal e gostoso de fazer. O nosso público antigo continua fiel. Casa lotada, pedidos de bis e até alguns excessos. (Risos). Como estamos sem empresário, ainda não estamos tanto no rumo comercial da coisa. Faltam empresários no campo da música eletrônica, talvez pela grande variante de estilos, fica um certo vácuo. Então nesse retorno da banda ainda realizamos poucos shows, geralmente através da nossa gravadora, a Fiber Records e seus projetos. Atualmente o que acontece é que, apesar da má qualidade musical do mercado de uma forma geral, ele continua congestionado. Precisa-se de muita estrutura para ter efeito e retorno.

<b>Musicão:</b> Quais são as expectativas da banda com o lançamento do box e o retorno?
<b>Johsson:</b> O nosso trabalho, mesmo depois de tanto tempo, continua atual, pois na época fomos meio visionários, lançamos tendência, muito de nosso trabalho estava bem à frente do tempo, daí a contemporaneidade da obra. Mas a grande expectativa é continuar fazendo shows e atingir uma certa projeção, sem perder, entretanto, a qualidade e a identidade de nossa música. Sucesso para nós é conseqüência e não meta. E é por isso que estamos aqui, tocando na maturidade, ainda atuais e no pique de realizar shows e novos trabalhos.

<b>Musicão:</b> Porque ficaram tanto tempo sem gravar?
<b>Verta:</b> Estávamos planejando a nossa volta e a gravação de um novo trabalho há uns dez anos, mas começou a ficar difícil reunir a banda, pois cada um agora está morando em uma cidade diferente. Chegamos a gravar, mas não mixamos, então, foram muitos fatores que ocasionaram essa interrupção em nossa carreira.

<b>Musicão:</b> Quais são os planos para o futuro?
<b>Verta:</b> Como estávamos dizendo, existe um projeto inacabado. São mais de dez anos de material inédito. Queremos começar coisas que havíamos iniciado, mas tudo depende da repercussão desse box.


[ << Ant ]    [ << Mais notícias ]    [ Próx >> ]
 

Mais notícias
Coletiva de Imprensa: The Calling
Coletiva de Imprensa com a banda Seattle Supersonics
Coletivas de Imprensa Best of Blues and Rock 10 anos
Coletiva de Imprensa - Epica - Ômega Tour / 2022
Entrevista com banda SOJA
CPM22 fala sobre sua carreira e nova turnê
Entrevista com Edu Falaschi
Dire Straits Legacy Realiza Coletiva em SP
Coletiva Manu Gavassi
Entrevista com Dropkick Murphys

 
 
 
 
 
 Busca
 Siga o Musicão nas redes sociais
Facebook Siga-nos no Twitter Siga-nos no Instagram Siga-nos no Tumblr Google Plus Youtube Pinterest
 Últimas Notícias
 Agenda de shows
Criação de Sites
Serviço
Arquivo de notícias
Equipe do Musicão
Release do site
Política de Privacidade
Contato

© 2006-2024 Musicão - Todos os direitos reservados - Proibida cópia de conteúdo parcial ou integral.