Australian Connection Festival em São Paulo
Publicada em 01, Sep, 2024 por Musicao
Na noite do último dia 31 de agosto, o Vibra São Paulo sediou o Australian Connection Festival, que reuniu alguns dos grandes nomes do surf rock australiano, como as bandas RSpys (formada como tributo ao Spy x Spy), GANGgajang e Hoodoo Gurus.
A noite tem início às 22h00 ao som da reggaeira "All Over the World", pautada no forte apelo da guitarra de TK Tarawa em riffs altos aliada à malemolente percussão.
Na sequência o surf rock surge em "Credit Cards" com aquela pitada deliciosa de reggae no cadenciado firme da melodia, apresentando o baixo no contraponto que aliado à bateria de Young Chrissy Lowe auxilia na manutenção do andamento ralentado da canção. Carismático, o vocalista Craig Bloxom explora a jovialidade em seu fraseado vocal, onde breaks estratégicos apoiam o refrão.
Descontraída, a ensolarada "One of a Kind" apresenta maior dinâmica, trazendo aura levemente festiva à apresentação. Riffs rascantes da guitarra de TK Tarawa contrastam com o andamento ralentado da melodia. Em conversões ágeis ao refrão, a bateria manifesta maior vitalidade em variações dinâmicas diferenciadas.
Bem marcado, o reggae de linhas clássicas de "Hard Times" traz mais um bom momento da apresentação, seguido por "Trash the Planet" outra canção surgida da fusão entre o reggae e o rock.
Trazendo já na introdução maior dinâmica nos afretados da bateria de Young Chrissy Lowe aliados ao poderoso baixo grooveiro de Bloxom, "Harry's Reasons" apresenta bons recursos, que apoiam com propriedade o forte refrão.
Mais uma canção deliciosa, "Clarity of Mind" traz o acento forte da cadenciada bateria emoldurando o vocal despretensioso e cheio de charme de Craig. Guitarra e baixo se alinham em linha melódica ralentada, extraindo em riffs intensos cromatismos bem elaborados, sem abrir mão da aura de singela simplicidade do ska/ reggae. Bom momento do show.
Após a execução de "Working Week" surge o grande hit "Don't Tear it Down" trazendo a predominância da linha de baixo explorada pelo vocalista/baixista Craig Bloxom aliada aos rascantes riffs da guitarra em distorção, pontuando o ápice da linear apresentação da banda.
Finalizando a passagem da banda pelo palco do festival, surge a execução da roqueira "A.O. Mod", com seu instrumental pesado e contundente na cadência do punk rock.
Subindo ao palco por volta das 23h15, o GANGgajang traz em "Distraction" o groove das sonoridades urban, bem determinado pela cadência constante da bateria. No intrincado fraseado vocal, Mark 'Cal' Callaghan traz elegância e equilíbrio, bem pontuado pelos acordes precisos do teclado.
"Initiation" traz a marcante bateria de Graham Bidstrup que explora pitadas da latinidade caribenha nas finalizações de frases. Melodiosa, a guitarra semi-acústica denota aura levemente blueseira, apoiada pelo baixo de Peter Willersdorf em doom.
Após a execução do grande clássico "The Bigger They Are" em versão suavizada, surge a dinâmica "Gimme Some Lovin" trazendo vitalidade extra à apresentação, onde o teclado de Geoffrey Stapleton explora a sonoridade intensa do standard em dedilhados ágeis e sincopados, aliada à festiva bateria de Grahan 'Buzz' Bidstrup, que surge apoiada pelo preciso contraponto do baixo.
Após a execução do grande hit "Trust", em mais um grato momento na apresentação da banda, a descontraída "House of Cards" é executada, trazendo seu blueseiro apelo bem determinado pelos acordes do teclado em junção com os melífluos arranjos dedilhados da guitarra de Robbie James em cromatismos. Cadenciada, a bateria se alia ao grooveiro baixo na manutenção da ralentada cadência. Great!
Festiva e dançante, "Sounds of Then (This is Australia)" traz em seu bojo elementos da dance music e da new wave, aliados ao marcante groove, muito bem delimitado pelo forte instrumental da pulsante bateria em junção com o grooveiro baixo. Distorcidas, as guitarras explodem em rascantes precisos, dialogando com o teclado de Geoffrey Stapleton em minimal. Amazing!
Na sequência, surge "Carioca Girl" uma balada moderna, trazendo aura reflexiva no andamento ralentado e na cadência malemolente da melodia, onde os riffs encadeados da guitarra de Robbie James exploram desenhos melódicos diferenciados, repletos de cromatismos. Para a finalização, de forma inusitada, surge o samba em sua concepção mais pura... em uma dançante melodia de intensa variação dinâmica, trazendo o delicioso acento latino da rumbeira percussão, aliado ao groove marcante de bateria e baixo. Grande momento do show!
Cheia de charme e delicada descontração, a suave "Shadow of Your Love" traz mais um intimista instante do show, onde num presente aos seus fãs, o frontman Mark Callaghan decide entoar os versos da canção do meio do público, ladeado e acompanhado pelo coro uníssono das vozes. Lindo de se ver e ouvir!
Após a execução do hit "Giver of Life" a introdução explora o dedilhado ágil e preciso do country rock nas guitarras, simulando a sonoridade do banjo em cromatismos perfeitos e cheios de bossa. Firme, o vocal de Callaghan traz descontraídas modulações e grande vitalidade. Na finalização riffs altos das guitarras distorcidas trazem ainda maior dinamismo. Bom momento do show!
Encerrando sua participação no festival, a banda entoa os versos do sucesso "Hundreds of Languages" numa perfeita junção entre o jazz e o rockabilly.
O Hoodoo Gurus sobe ao palco por volta das 00h30 trazendo o rockabilly clássico em "I Want You Back" seguida pelo grande sucesso "Another World".
Para a divertida "Waking Up Tired" mais uma canção que surge da fusão do rockabilly com sonoridades urban, apresenta no cadenciado constante e nas conversões primorosas da bateria de Nik Reith o grande mote desta canção, de letra marcante. Na ponte entre refrão e estrofes, riffs da guitarra distorcida de Brad Shepherd em glissandos sobressaem com graça e energia.
Explosiva, "The Right Time" traz em seu bojo o classic rock com elementos extraídos do punk rock, bem pontuados pela frenética bateria e pelo baixo em doom de Richard Grossman associado às guitarras em distorção e ascendência. Amazing!
Na execução da balada "Night Must Fall" surge um momento intimista de rara beleza, onde a banda aponta sua total entrega à platéia. Contrastando com a suavidade do instrumental, o vocal potente de Dave Faulkner sobressai. Ascendendo na porção média da canção, em variação dinâmica intensa, o instrumental da canção segue em cadenciado, onde a guitarra explora riffs em cromatismos por meio de dedilhados ágeis.
Trazendo deliciosa aura retrô no andamento ralentado explorado pela bateria de Reith surge "My Girl" em mais uma impactante performance vocal de Faulkner em modulações precisas.
Após a execução de "I Don't Mind" mais uma canção pautada no rockabilly, surge a introspectiva "If Only..." realizando reflexões sobre a vida e a morte de maneira bem humorada, mantendo na melodia aura de suave descontração.
Trazendo a sonoridade urban dos anos 90 em uma melodia de andamento frenético, "Chariot of the Gods" traz na fusão entre o punk e o pop rock um dos grandes momentos do show, onde a explosão em glissandos e cromatismos das guitarras de Faulkner e Shepherd surgem de forma contundente associadas à bateria frenética de Reith e ao vocal marcante e dinâmico de Dave.
Para a melodia de "Out That Door" elementos tribais fundem-se a elementos do country rock, trazendo a aura interiorana para o pop rock, em uma melodia densa, onde o cadenciado da bateria de Nik em breaks estratégicos apoiam a força do refrão e da potente letra. Trazendo deliciosas dissonâncias e efeitos robóticos nas guitarras, esta surge como grande diferencial à linear apresentação.
Além destas canções, outros sucessos da carreira da banda são relembrados nas execuções de "Castles in the Air", "Bittersweet" e "What's My Scene".
Para o momento reservado ao bis, os grandes hits da carreira "Good Times", "1000 Miles Away" e a atemporal "Come Anytime" encerram a noite com muita energia e descontração.
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