Samsung Best of Blues: Joe Satriani e Artur Menezes em São Paulo
Publicada em 10, Aug, 2017 por Marcia Janini
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Na noite do último domingo, 6 de agosto, a área externa do Auditório Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, recebe mais uma edição do Festival Samsung Best of Blues, trazendo para o público paulistano show de Joe Satriani com abertura de Artur Meneses, atual sensação brasileira do estilo. Em parceria com o Ministério da Cultura, o show tem entrada franca à população.
Após sucinta apresentação de Evandro Mesquita, contando um pouquinho da história e evolução do blues e apresentando as principais atrações dos cinco anos de festival, Artur Menezes e banda sobem ao palco, por volta das 18h30.
Iniciando a apresentação com interessante medley, que passeia pelas vertentes clássicas do blues, trazendo elementos de rockabilly e soul, a banda já inicia sua apresentação embalada em uma sonoridade fluida e divertida.
Na sequência, o teclado em minimal e rápidos acordes emoldura com graça a melodia, onde o baixo em dub mantém firme o andamento consistente. A guitarra em tonalidades rascantes de Menezes auxilia na densa ambientação desta melodia, com reforço de bass. A finalização, deliciosamente dissonante, abre espaço para os riffs incendiários da guitarra solapada. Great!
Trazendo interessante releitura na cadência do hard rock, Artur Menezes impressiona também no vocal, trazendo o colorido de sua potente voz, explorando graves difusos, em um bom momento de sua apresentação.
A sensual balada trazendo acordes dedilhados em afinação padrão, traduz ao show aura suave, em um momento de grande beleza estética.
Com aura de jam session, a apresentação segue com mais melodias de impacto, e inspiradas releituras para grandes clássicos do blues e rock.
Subindo ao palco por volta das 19h30, Joe Satriani traz "Shockwave Supernova", canção pautada no classic rock de linhas heavy, em riffs altos com predominância de cromatismos e variações dinâmicas, trazendo muita energia e vibração para o início de sua apresentação.
Densa, a canção "Flying in a Blue Dream" apresenta acordes dedilhados em cadência pautada no hard rock com influências no blues, determinadas pelo baixo em dub de Bryan Beller em perfeito contraponto à bateria linear. Riffs complexos surgem durantes as conversões. Finalização repleta de peso e distorções. Amazing!
Explorando linhas melódicas próximas ao hardcore, com bateria cadenciada de andamento constante, "Ice 9" explora um dos melhores momentos da performance de Satriani no show... Slides surgem à guisa de breaks estratégicos, mantendo a atmosfera descontraída da canção. Elementos tipicamente blueseiros surgem na finalização, trazendo a boa fusão entre estilos, realizada com extrema propriedade.
"Crystal Planet" pautada no heavy de linhas clássicas, com acordes solapados da guitarra na introdução evoluindo para riffs intensos, unem-se à bateria de Marco Minnemann executada com precisão. O baixo em dub no contraponto auxilia a manutenção da cadência. Distorções alavancadas surgem como trovões na finalização.
Trazendo cadência ralentada e estrutura cíclica em forma de rondó, remetendo ao baião brasileiro, "On Peregrine Wings" traz guitarras distorcidas em afinação padrão, em acordes ágeis de extrema complexidade técnica. Bateria alquebrada e baixo constante aliam-se com perfeição nesta inovadora e ousada composição.
Na cadência do hard rock de linhas clássicas, surge "Friends", em acordes distorcidos das guitarras, trazendo sonoridade encorpada, repleta de fluidez entre cromatismos em um dos mais belos momentos da noite.
Na gostosa e malemolente fusão entre hard rock e blues, "If I Could Fly" explora a constância da bateria cadenciada, abrindo espaço às variadas possibilidades de acordes e riffs da guitarra explosiva de Satriani, em intrincadas evoluções e alternâncias. Na finalização, o diálogo entre guitarra rítmica e melódica surgem como bom diferencial. Mais um bom momento do show!
"Butterfly & Zebra" na cadência do hard rock 70´s em sua estrutura, de linha melódica cíclica em andamento constante, ascendendo para ligeira mudança de andamento nas conversões, remete ao virtuosismo e à simplicidade modal de um dos mais prolíficos momentos da história do rock. Great!
Em mais um brilhante e intenso momento da apresentação, surge "Cataclysmic" em sonoridade do início do heavy metal, trazendo guitarras com grande peso e distorção, aliadas à poderosa e técnica bateria de Minnemann, em um instante de pura descontração e energia do show.
Finalização com acordes dedilhados em movimentos ascendentes para "Summer Song" aliados ao elegante teclado de Mike Keneally traduzem toda a aura de intensidade e irreverência do rock do início dos anos 80, ainda sob os ecos da influência do glam rock. Impressionante!
Além destas canções, outros grandes momentos da carreira de Satriani como "God is Crying", "Crazy Joey" e "Surfing With the Alien" são contemplados no setlist desta apresentação, num presente ao público.
Encerrando a noite, Satriani e Menezes dividem o palco na execução da contagiante releitura para "Going Down" (The Alabama State Troupers).
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