Synthpop 80´s: Camouflage em São Paulo
Publicada em 14, Sep, 2015 por Marcia Janini
Na noite do último domingo, 13 de setembro, o Inferno Club, tradicional casa noturna voltada às vertentes do underground, abriu suas portas para o show da banda de synthpop alemã Camouflage. Em sua primeira incursão pelo Brasil, trazendo show da turnê "Grayscale 2015", o evento contou com set DJs de Eneas Neto (Zensor), Moritz Shoenermann (3 Cold Men) e Marcio Vaez (Pop Wave).
Abrindo as performances musicais da noite a banda Technique, formada pelos irmãos paulistanos Alex e Robert Tibaldi, além de canções autorais constantes de seu segundo álbum "Touching the Void" lançado na ocasião, executou covers de variados clássicos do universo alternativo, passeando por vertentes como industrial, EBM e synthpop com grande propriedade. Criativa, a banda utiliza influências da cena londrina post-punk dos anos 80, assim distorções, efeitos em crossfader, sonoridades minimal e esparsas pitadas robóticas, remetendo ao futurismo, são extraídas de seus sintetizadores, demonstrando um intenso trabalho de pesquisa musical para suas ricas composições, de extrema qualidade técnica. A bateria eletrônica apresenta condução firme, determinando andamento e cadência com charme e ousadia.
Por volta das 21h40, o Camouflage sobe ao palco, iniciando sua apresentação com a execução de "Laughing". Simpático e descontraído, Marcus Meyn estabelece imediata comunicação com seu público, numa excelente sinergia palco/plateia.
Após a execução de "Passing By", com recursos suavizadores e bela performance vocal de Meyn, a igualmente calma "That Smiling Face", traz interessante construção melódica, onde vocal e cordas seguem mote de andamento ralentado para a explosão vigorosa dos sintetizadores com reforço de bass, determinando à balada delicada aura dançante.
"I´ll Follow Behind" com esparsos acordes de notas suspensas do sintetizador, e recurso crossfader na voz traduz elegantemente atmosfera de velado mistério à canção, de caráter um tanto mais introspectivo.
Intimista, a balada "If..." traduz na letra o anseio urgente, reforçado pela interessante melodia cadenciada, emoldurada esparsamente por sonoridades minimalistas, em contraponto ao vigoroso arranjo dos sintetizadores, determinando densidade dinâmica à etérea canção.
Explorando sonoridade próxima aos metais da disco music como possível influência nos recursos do sintetizador brilhantemente conduzido por Heiko Maile, a dançante "Misery" traduz leveza e descontração, surgindo como bom diferencial ao show, prenunciando a clássica melodia synthpop de "In the Cloud", em sua inconfundível sonoridade cadenciada, repleta de breaks estratégicos, apoiando dinâmicamente o poderoso refrão. Intenso!
Em "We Are Lovers" e "Suspicious Love", já se prenuncia na melodia a sonoridade dançante que surgiria revisitada na seguinte década de 90, originando o que se denominou eletro house... Momentos importantes do show, num belíssimo retrospecto da carreira da banda e do cenário musical eletrônico das últimas três décadas. Perfeito!
"Leave Your Room Behind" densa e instrospectiva, traduz em sua melodia belo trabalho técnico das cordas de Oliver Kreyssig, determinando em seus acordes e nos solfejos em falsete de Marcus fortes influências no rock psicodélico. Mais um bom diferencial à linear apresentação.
Além destas canções, a banda executa também sucessos como "You Turn", "Me and You", "Shine" e "Handsome", além dos hits que lhes conferiu projeção mundial "Love is a Shield" e "The Great Commandment".
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