Rosa de Saron no Carioca Club
Publicada em 16, Oct, 2014 por Fabiano Cruz
Domingo agradável, mesmo com os problemas que a vida paulistana vem tendo, o Carioca Club, atualmente a casa de médio porte na capital que mais recebe shows de Rock/ Heavy Metal, recebeu uma das maiores bandas nacionais da vertente cristã: a Rosa de Saron. Mesmo duas horas antes do show, a fila para entrar já era grande e o público dentro da casa lotou de forma que poucos espaços sobraram tanto na pista como nos camarotes; na rua, fãs já entoavam cantos e orações para passar o tempo, e antes da apresentação da banda, um DJ fez a festa com remixes de vários clássicos do Rock – algo muito bem animado pelos presentes, mas se fosse em algum show fora do segmento cristão, fãs com um pouco de mente mais aberta...
Em um pequeno atraso, a banda é anunciada e sem muitas firulas de introduções, a Rosa de Saron começa numa energia altíssima as excelentes e fortes canções do novo trabalho: Reis e Rainhas, Neumas D’Areezzo e Algoritmo; impressionou, por ser novas canções, o público já cantar alto e bom tom, muitas vezes encobrindo a voz de Guilherme de Sá. Canções como Ironia S/A e Projecto Juno continuaram o alto astral do show.
Que, aliás, não foi somente essa sinergia alta entre banda e público que em quase duas horas de show em momento nenhum teve pontos fracos... A produção de alto nível teve grande participação da qualidade da apresentação: o som limpo e cristalino estava perfeito em qualquer ponto da casa – algo raro no Carioca Club – e a iluminação sendo usada em seu 100% de potencial; e se não bastasse, a banda soube usar todos os espaços possíveis do palco com telão preenchendo todo o fundo e com telões laterais, numa jogada certeira onde a cada música nova animação e vídeo interagia com a plateia.
O som diversificado da Rosa de Saron também ajuda a manter o pique, indo de sons mais dançantes com uso de arranjos com batidas eletrônicas, como Maquina do Tempo e Longitude, Latitude a grande variedade de timbres e cores acústicas, onde Sem Você emendada com um trecho de More Than Words foi um dos pontos altos do show. Tudo isso muito natural no meio de sons mais agressivos.
A banda, diferente de outras do segmento, não prega seus ideais a todo o momento, a música fala por si só, e em poucas palavras direcionadas ao público, dirigem suas palavras de forma mais humanística, em mensagens que mesmo uma pessoa não sendo religiosa ou cristã, entende a posição ética e idealística dos músicos – realmente foi de emocionar quando Rogério Feltrini, antes de Meus Medos, falou de uma pessoa que estava direcionada unicamente a tirar a vida de outra, ouviu a canção e a fez mudar de pensamento, mudando seu próprio destino pela mensagem da canção. Musicalmente, a banda não tem individualismos, todos têm seu espaço, todos soam por igual em palco: instrumentos com som nítido, ouvimos toda a técnica e habilidade da banda em ricos arranjos; mesmo assim, Guilherme de Sá por ser o frontman, acaba se destacando pelo seu carisma diante os fãs.
As Dores do Silêncio abriu espaço para a reta final do show, onde a trinca Aurora, Do Alto da Pedra e O Sol da Meia Noite, tocadas quase sem intervalos entre si, causou uma verdadeira liturgia e adoração dos fãs em um momento totalmente ritualístico: uns choravam, outros com as mãos levantadas, alguns em êxtase... Mesmo após o término, ainda a energia ficou no ar dentro da casa por esse momento final da apresentação.
Fora dos contextos religiosos, a Rosa de Saron faz sim um dos melhores shows de Rock que uma banda nacional pode fazer; a qualidade sonora dos arranjos e da produção é indiscutível, acima de muitas outras bandas que tem mais espaço na mídia do que eles. Afinal, mais de 25 anos de estrada não é pouco, a qualidade da banda é só um resultado desses anos de trabalho...
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