An cafe: Cancioneiro do Animê Conquista São paulo
Publicada em 11, Apr, 2009 por Marcia Janini
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Com início às 20h00 de um domingo chuvoso, mais precisamente 5 de abril último, os simpáticos garotos japoneses de uma das mais respeitadas bandas de J-rock da atualidade, o An Cafe, realizaram impactante apresentação no Citibank Hall, contando com a presença de seu fiel público, em sua maioria jovens orientais na faixa dos 12 aos 16 anos, para a sua primeira apresentação em terras brasileiras no show da turnê “NYAPPY Go Around The World II”.
Em performances repletas de jovialidade, energia e bom humor, remetem no visual andrógino e nas melodias de suas canções à onda new wave 80’s, realizando sonoridades obviamente voltadas às tendências atuais do rock underground, com maior peso e vigor acústico, explorando as temáticas dos animes, para delírio de seus fãs.
Iniciando a apresentação, hardcore com esparsos elementos da sonoridade street como o ska, em excelente execução, com bela participação dos teclados. Vocais afinados, dotados de grande projeção e timbre diferenciado. Bateria cadenciada e breaks estratégicos apóiam o refrão, numa bem realizada condução voltada ao andamento e cadência do punk rock. Admirável!
Na segunda canção executada, a introdução determinada pelos teclados explora a sonoridade do synthpop 80’s. Andamento cadenciado remete mais propriamente ao punk rock, com suaves elementos do metal, ditados pelos vocais agudos e guitarras distorcidas em suspensão. Na finalização, vocalizes guturais remetem ao death metal, numa canção pontuada pelas intensas variações de andamento e cadência, demonstrando ousadia, criatividade, desapego às formas padronizadas e, sobretudo, boas conversões e condução precisa na intensa fusão de estilos.
A canção seguinte realiza resgate admirável às glitter bands, com precisão, energia e carisma em cadência ascendente e andamento frenético, contagiante pela sonoridade e intensa comunicação com o público, em performances individuais dignas de menção.
Na continuidade da vigorosa apresentação, mais elementos esparsos de technopop e synthpop, aliadas ao peso da precisa e técnica condução da bateria, em canções de melodias contagiantes e letras emblemáticas aliadas ao poder dos vocais de ilimitados recursos e timbre marcante, numa apresentação verticalizada, onde a energia, o entusiasmo e a animação foram constantes e a comunicação com o público ocorreu de forma intensa.
Nota para duas canções que contagiaram e se pautaram no inusitado e criativo.
Uma delas realizou bem humorada homenagem a Walt Disney e sua maior criação, o Pato Donald, que surge em canção inteiramente executada em ‘patopolês’, num show de técnica vocal e ousadia, sem desafinar ou perder o tom. Outra bem elaborada canção funde variados estilos do classic rock, com andamento e cadência que desconstroem totalmente as lógicas métricas, traduzindo-se em mescla de estilos próximos, porém, com sonoridades totalmente distintas entre si, numa inspirada e inusitada confluência entre surf rock, punk e elementos do ska, determinadas em especial pela bateria que torna dissonantes os diversos elementos desta intrincada construção nos pontos de conversão, causando estranhamento e dissociação, numa ousadia digna de grandes instrumentistas. Genial!
Assim realizou-se uma excelente apresentação, com a graça e o charme juvenis, em canções que retratam o bom humor, sem, entretanto, deixar de lado a seriedade demonstrada pelo bom trabalho de construção e pesquisa musicais na composição de canções que encantaram aos presentes, traduzindo e representando com personalidade o estilo J-rock.
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