Circuito Banco do Brasil
Publicada em 20, Dec, 2013 por Marcia Janini
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Subindo ao palco Circuito rigorosamente às 20h, Jason Mraz contagia a todos com suas canções swingadas, explorando vertentes do reggae e jamming na fusão com o soul e pop.
A “The Remedy (I Won’t Worry)” traz o delicioso sambalanço de Ben Jor em releitura para "Mas Que Nada", como vinheta incidental na introdução. Super descontraído o medley apresenta sonoridade suave, ralentada, as variações dinâmicas são determinadas pelo bem pontuado trip de metais, precedendo a conversão em ragga, divertindo a noite quente de verão.
Com introdução pautada no soul e pitadas bem dosadas de r&b “Butterfly remete deliciosamente à sonoridade 70´s, suavemente dançante. Interessante a divisão silábica do fraseado vocal, num andamento suavemente rápido. Descontraído e sem floreios, economizando nos vocalizes, mantendo tom e altura constantes a canção soa redondinha, simples e sem pedantismos... Perfeita!
Introdução apenas no vocal e violão de aço, a balada rumbeira “3 Things” cresce em dinâmica, pontuada pelos afinadíssimos metais. Rápida e contagiante!
“Good Old Daze conta apenas com o vocal de Jason e o violão de aço, numa levadinha pop gostosa, com esparsos elementos de r&b. Momento de introspecção no show.
Nota para a linda balada “Lucky”, em que Jason divide os vocais com a violinista da banda, num dueto inspirado.
Um dos maiores sucessos do cantor “Make It Mine/ Live High” marca um dos mais importantes momentos da apresentação. A introdução, com influências na bossa nova, ascende para um delicioso andamento californiano. Este medley, composto por canções que exploram vertentes musicais variadas traz nos instrumentos em dub a cadência do soul e r&b, com fortes influências jazzísticas determinadas pelos fantásticos metais. Repleto de cromatismos e variações em andamento e cadência, traduz na sonoridade rica aura retrô, sem perder o ar na contemporaneidade. Finalização em crescendo dá o toque necessário para este grande momento. Great!
Acordes doces do teclado na introdução dão o tom de suavidade para “El Whackness totalmente pautada no pop, esparsos elementos extraídos da sonoidade country surgem nos arranjos do violão de aço, acompanhado com precisão pelo banjo. Nota para a backing vocal, que empresta ao refrão perfeita sintonia entre seu timbre delicado e as notas do banjo. Teclado finaliza com precisão nos acordes densos.
Outro grande hit “Only human” embala os presentes na suavidade da balada inspirada, com fortes influências no country rock. Breaks estratégicos na conversão ao refrão, sustenta o apelo da melodia. Digna de menção a performance individual do piano. Na junção com vertentes pop, o sax tenor brilha absoluto na finalização. Belo momento do show! Carismático, o artista interage com o público, numa boa sinergia palco/plateia.
Num espetáculo seguro, onde a tônica foi ditada pela precisão e cuidado técnico de toda a banda, formada por exímios instrumentistas, percebemos o amadurecimento na carreira deste grande intérprete, em execuções técnicas sem abrir mão da descontração e total empatia com seu público.
Atração do palco Brasil, Criolo traz a sonoridade das ruas, em atmosfera urban, street em contundentes canções que exploram na temática a vida do cidadão suburbano em seus insucessos, alegrias e visão particular da realidade.
Na cadência do bolero brega de influência 70´s, Criolo em sua grande criatividade homenageia cantores como Odair José e Reginaldo Rossi. O teclado hammond e a bateria cadenciada auxiliam na construção da atmosfera retrô. A letra açucarada e o fraseado vocal fazem desta uma canção genuína deste popular estilo.
A canção seguinte já traduz a fusão entre a MPB e o soul brasileiro. Letra bem construída, repleta de figuras de linguagem e simbologias caracterizam bem o estilo. Nota para os metais e a bem conduzida percussão dos atabaques. Retrô com os pés na atualidade.
Na cadência do hip hop em fusão com elementos do soul determinados pelos afinadíssimos metais e pelo vocal de Criolo em alternância entre o fraseado vocal rápido e vocalizes doridos nas conversões, traduz a interessante fusão de estilos, com grande propriedade.
Na introdução de mais uma irreverente canção, um solo de guitarra pautado no heavy metal antecede a explosão em dinâmica, fundindo o hip hop ao reggae, em mais uma mostra da grande criatividade e versatilidade de Criolo.
Trazendo o samba de partido alto, cheio de breaks estratégicos com os metais denotando a suave aura soul, marca mais um bom momento no fantástico caldeirão musical trazido a público com grande propriedade, qualidade e muita, muita ousadia nas junções totalmente inusitadas, remonstando às "festas baile". Sensacional!
Stevie Wonder sobe ao palco Circuito às 22h50, iniciando sua apresentação com "Master Blaster (Jammin)" em inspirada homenagem ao líder político Nelson Mandela, ícone na luta por igualdade racial. Nota para o afinadíssimo coral em um belo momento do show! A percussão forte e marcante auxilia na ambientação desta bem realizada releitura.
Os metais do soul em escala ascendente realizam belo contraponto à bateria cadenciada na introdução da dançante “As If You Read My Mind”. Notas esparsas de latinidade são ricamente exploradas nas cordas solapadas, rumbeiras e na condução da percussão.
"Higher Ground" swingada, surge em versão fidedigna à original, numa execução tecnicamente impecável. Nota para o baixo em dub, marcando com precisão o andamento em conjunto com a bateria. Notas do soul gospel surgem nos vocalizes da finalização. Perfeito!
"The Way You Make Me Feel", surge também em versão similar à original. Sucesso também na voz de Michael Jackson nos anos 90, é um dos grandes clássicos que marcou a era de ouro do selo Motown. Nota para o pequeno solo de gaita de Stevie na conversão ao refrão. Após inusitada performance de Stevie em sequenciador, especial momento de dança com uma de suas performáticas backing vocals. Ousado!
Em mais uma homenagem ao líder sul-africano falecido recentemente, Stevie interpreta a canção “Keep Our Love Alive” especialmente escolhida para o momento. Nos telões laterais, imagens, incluindo fotografias dos arquivos pessoais do intérprete, marcam este emocionante momento do show.
Trazendo o charme do soul standard “Overjoyed” e traduz toda a genialidade deste grande compositor e intérprete, em interpretações inspiradas onde a arte do canto e da perícia na condução instrumental foram a regra destes especiais momentos da apresentação.
Na cadência do reggae “Ribbon in the Sky”, mais uma canção suavemente dançante embala o público e contagia pelo carisma de seu descontraído vocal, em grandes vocalizes nas terminações frasais. Interessante e personalizado momento de cumplicidade com o público.
Explorando a rica influência da bossa nova e da latinidade, “Don`t You Worry ´bout a Thing” surge sapeca, brincalhona, num delicioso convite à dança. Bela homenagem ao público brasileiro, interpreta sua versão de "Aquarela do Brasil" como canção incidental, repleta do delicioso toque soul de sua fantástica banda, ascendendo na sequência para uma uma deliciosa rumba. Ousadias geniais a que Stevie pode com propriedade aderir! Nota para o delicioso e descontraído clima festivo da finalização.
O cantor surpreendeu com set list diferenciado, que privilegiou composições de seus trabalhos mais recentes, reservando para os momentos finais de sua apresentação os maiores hits.
"Living for The City" surge perfeita, fidedigna aos originais. Vertiginosa mudança de andamento, frenético na finalização. Momento especial do show!
“Isn´t She Lovely”, "Signed, Sealed, Delivered, I´m Yours", "You Are the Sunshine of My Life", "My Cherie Amour", " I Just Called To Say I Love You", “Sir Duke” e “Superstition” também constaram do seleto set list, em mais uma apresentação perfeita, encerrando de maneira magistral as apresentações da noite no palco Circuito.
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