Legacy of the Beast: Iron Maiden em São Paulo
Publicada em 06, Sep, 2022 por Marcia Janini
Na noite do último domingo, 4 de setembro, o Iron Maiden apresentou mais um show de sua turnê Legacy of the Beast no Estádio do Morumbi em São Paulo, após memorável passagem no primeiro dia do Rock in Rio.
Abrindo a noite, a banda sueca Avatar trouxe composições pautadas no death metal, na fusão com outros estilos do rock, como o power metal, o heavy e o metal melódico, auxiliando na ambientação do show, nesta noite gelada de inverno na capital paulista.
Explorando extremos agudos e guturais cavernosos, viscerais, o vocalista Johannes Eckerström realiza um belo trabalho, onde pudemos apreciar um pouco de seu potente vocal. Igualmente técnicas, as guitarras rítmica e melódica em rascantes profundos aliadas à bateria cadenciada em dobrados poderosos ao bom baixo em doom no contraponto, trazem certa modernidade ao show.
Introduzindo a apresentação, o playback de "Doctor, Doctor" (UFO) prepara a atmosfera do estádio, surgindo também como singela homenagem a uma das bandas precursoras do heavy metal...
Iniciando o show, a densa e pesada "Senjutsu" traz bateria cadenciada, apoiada pelos fortes tambores, sobressaindo do conjunto... As guitarras surgem em riffs altos, emoldurando o vocal agudo de Dinkinson. A letra e o andamento ralentado da composição traduzem certa aura de mistério.
No cenário, uma tradicional vila japonesa, criando mais um conceito diferenciado na apresentação. Bruce surge de cabelo preso como os antigos Samurais, ao passo que performático, o mascote Eddie surge como um Samurai da terceira dinastia, vestindo pesada armadura.
Dinâmica, "Stratego" traz modulações vocais precisas de Dinkinson em meio ao instrumental ágil e frenético das guitarras em riffs altos... A bateria mantém o andamento constante e o baixo em dub de Steve Harris realiza o contraponto.
Flertando abertamente com sonoridades pop/ soft, a introdução de " The Writing on the Wall" remonta ligeiramente ao country no dedilhado das guitarras e na cadência desenvolvida pela bateria de Nicko McBrain, numa interessante fusão de sons... Ascendendo vertiginosamente no refrão, o instrumental explora o peso heavy em riffs e glissandos de grande valor estético.
Após breve mudança de cenário, agora apresentando uma catedral gótica, repleta de vitrais coloridos, Dikinson surge com uma andrajosa veste sobre seu figurino.
A canção "Revelations", traz introdução lenta, de acompanhamento suave, ascendendo para andamento frenético no segundo movimento da canção, demonstrando sua influéncia no progressive metal. Alucinantemente rápidos os dedilhados da guitarra melódica sweep picking de Dave Murray surgem urgentes, em rápida resposta à bateria firme, de andamento cadenciado e conversões precisas, numa importante progressão sonora. Bom momento do show!
Na sequência, mais um petardo surge em "Blood Brothers", trazendo instrumental forte, pesado, sendo suavizado nas conversões, traduzindo ares de grande hino no fraseado vocal de Dinkinson. Em uma grande consonância, as guitarras se aliam ao baixo de em doom, num diálogo simples, porém de grande efeito com a bateria, repleta de recursos verticalizadores. Cíclica, a estrutura em rondó remonta longinquamente ao som do baixo medievo... A guitarra melódica de Janick Gers simula graciosamente o som dos antigos alaúdes. Conceitual e perfeita, a melodia demonstra uma pouco da enorme criatividade da banda.
Em uma performance altamente teatralizada, surgem os monges medievais, e a simulação de uma missa negra. Explorando tonalidades baixas no vocal barítono e bateria em ruflar marcial de tambores "Sign of Cross" traz baixo em dub, onde a melodia ascende em acordes ágeis e altos no andamento constante, determinada pelo cadenciado da bateria e pelas guitarras, em intrincados cromatismos. No movimento seguinte da melodia, o coro gregoriano se rende às intensas variações dinâmicas, onde fragmentos de canções surgem encadeadas, numa composição diferenciada e criativa, em mini suíte. Fogos espocam próximo à finalização, num perfeito show de pirotecnia da cenotécnica, garantindo também o entretenimento visual para esse instante da apresentação. Great!
Para a canção seguinte, "Flight of Icarus" a guitarra rascante, de acordes solapados de Adrian Smith se une ao pesado instrumental desenvolvido pela bateria. Em mais uma bela performance vocal, Dinkinson exibe seu enorme talento e carisma em modulações precisas, emolduradas pelas ágeis guitarras, que exploram intensos cromatismos.
Em um dos mais aclamados momentos da apresentação, surge a clássica "Fear of the Dark" seguida por "Hallowed Be Thy Name" mais um aguardado hit de sucesso. O andamento suave da introdução ascende para um frenético ruflar dos tambores, seguido pelas evoluções das guitarras, em total correspondência com o alquebrado da bateria, baixo em dub no contraponto encerra o conjunto harmônico, em mais um momento especial do show.
Continuando com a sequência de grandes clássicos "The Number of the Beast" ganha os ares com sua introdução pesada de guitarras rascantes em palhetadas vigorosas, em meio às modulações e vocalizes técnicos de Dinkinson. Importante momento da apresentação!
A próxima canção "Iron Maiden" com bateria firme em uma avalanche sonora, alia-se às guitarras distorcidas para a criação de dissonâncias, tendo o belo baixo contrapontístico na finalização, explorando o dub step. Para o fraseado vocal, mais um bom momento da performance de Dinkinson na alternância de tonalidades, bem marcadas por intensos vocalizes. Amazing!
Para o momento do bis, grandes sucessos como "The Trooper", "The Clansman", "Run to the Hills" e "Aces High" relembram grandes momentos da trajetória da banda, encerrando com propriedade a apresentação.
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