Bloco na Rua: Ney Matogrosso em São Paulo
Publicada em 31, Mar, 2019 por Marcia Janini
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Na noite da última sexta 29 de março o Tom Brasil em São Paulo recebeu show de abertura de "Bloco na Rua", nova turnê de Ney Matogrosso.
Subindo ao palco por volta das 22h15, ao som da canção "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", com sensuais acentos pautados nas sonoridades latinas, Ney desnuda seu potente vocal em interpretação ousada para a releitura da canção de Sérgio Sampaio.
Na execução de "Jardins da Babilônia" (Rita Lee), Ney empresta toda sua genialidade em uma interpretação perfeita, explorando tessituras agudas.
Em sequência, "O Beco" (Paralamas do Sucesso) traduz o acento latino nos bem pontuados metais de Aquiles e Everson Moraes com percussão forte em cadência ágil, determinando sonoridade mais próxima dos tambores afro, resultando em maior densidade à melodia.
A insólita "Álcool (Bolero Filosófico)" em sua velada aura de mistério bem pontuada pela ambientação das notas em suspensão do teclado de Sacha Amback, traduzem ao ousado modernismo do "bolero high tech" de DJ Dolores acentos nas sonoridades eletrônicas da atualidade, num dos momentos mais inovadores da apresentação.
Para a emblemática "Já Sei", canção com os pés na atualidade, percebe-se a fusão de sonoridades nordestinas como o coco de embolada aos arranjos urbanos dos sintetizadores. Aliado à esta deliciosa mistura, os acordes muito bem amarrados dos metais, determina o andamento que remete às bandas e fanfarras. Para a finalização, a batida forte da ciranda, determinada pela firme percussão de Felipe Roseno surge como grande diferencial.
Na execução de um grande clássico de sua carreira, Ney interpreta com brilhantismo e vigor o sucesso "Pavão Mysterioso" de Ednardo, gravada pelo cantor na década de 70, com nova roupagem dos efeitos em sampler do sintetizador. Atemporal!
O samba com o delicioso acento dos pistões da gafieira, executado pelos versáteis metais dos Irmãos Moraes na introdução de "Tua Cantiga" (Chico Buarque), ganha os ares com a precisa interpretação de Ney, em malemolente e delicado timbre, traduzindo toda a bossa e graça do sedutor malandro expressa na letra em mais um bom momento do show.
Para "Mais Feliz", grande sucesso de Adriana Calcanhoto, a melodia preserva métrica e arranjos originais, emoldurando com precisão a personalíssima interpretação de Ney traduzindo inflexões vocais características, marcando com propriedade seu jeito único e especial de canto. Amazing!
Mais um momento diferenciado da apresentação surge na execução da sensível e introspectiva "A Maçã" (Raul Seixas), em mais uma interpretação primorosa do vocal bem colocado de Ney, em modulações precisas. Digna de menção a participação do teclado de Amback em suaves arranjos, apoiando a força do refrão.
O lindo bolero "Yolanda" (Chico Buarque) ganha ares urgentes com a intensa interpretação de Ney, em precisas evoluções. Explorando notas altas na finalização dos versos, determina com graça e brilhantismo a passional letra da melodia.
Introspectivo e visceral momento da apresentação surge na execução da inédita "Postal de Amor". A bateria cadenciada de Marcos Suzano em potentes ruflares empresta dramaticidade à melodia. Pizzicatos das cordas de Maurício Negão e densos acordes do teclado surgem traduzindo à fluidez do fraseado vocal delicada e tétrica ambientação. Sublime!
Para "Ponta do Lápis", uma canção rancheira de andamento ágil, o delicioso acento sulista castelhano surge em arranjos precisos da percussão em cajons e vibrantes acordes do violão. Mantendo a cadência, a bateria de Suzano em afretados intensos alia-se ao baixo de Dunga, em contraponto perfeito.
Contrastando com a seriedade e acidez crítica da letra, festivos acordes dos metais e teclados em diálogo apoiam o enérgico vocal de Ney para "Tem Gente Com Fome", em um dos mais intensos momentos da apresentação.
Em mais um instante de grata ousadia, o hard rock de linhas clássicas de "Corista de Rock" (Rita Lee) antecede a igualmente diferenciada cadência de "Já Que Tem Que", no delicioso forró de Itamar Assunção, em gostosa descontração e show de sensualidade de Ney na performance marcante da noite. Perfeito!
Mais um sucesso gravado anteriormente por Ney, a reflexiva "O Último Dia" (Paulinho Moska), surge com a moderna roupagem do funk carioca como pano de fundo, em olhar voltado para a modernidade, explorando o som das ruas; a atualidade com graça e precisão. Mais uma irreverente e certeira cartada de Ney!
Após a intensidade de "Inominável", apresentando o contundente acento do maracatu/manguebeat em contraste ao perfeito coro em cânones da finalização, surge "Sangue Latino" mais um grande hit da carreira de Ney em nova roupagem, muito mais intensa.
Finalizando a bem cuidada apresentação, para o momento do bis as canções "Como 2 e 2" (Roberto Carlos), "Coração Civil" (Milton Nascimento) e "Feira Moderna" (Beto Guedes) encerram o espetáculo.
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