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Overload Music Fest 2017

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Publicada em 20, Sep, 2017 por Fabiano Cruz


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Antes de começar a falar das bandas e apresentações, é imprescindível falar do festival em si. Em sua quarta edição, o Overload Music Fest vem chamando a atenção cada vez mais, pois é um festival que olha o público a que se destina, um público que vai desde as bandas mais técnicas do Progressive até as dos mais obscuros cantos do Heavy Metal extremo; ou seja, o festival não está preocupado em garantir casa cheia, está preocupado em realmente agradar os fãs. Dessa forma, o diálogo é direto, com tudo que o público quer: meeting and greeting com as bandas com todo o público ? sem cobrar a mais ou sortear meia dúzia -, merchandising de primeira qualidade, surpresas aos fãs (esse ao tivemos uma exposição dos quadros de Fursy Teyssier, mente criativa por trás de tudo do Les Discrets, inclusive seus quadros sendo usados como ilustrações nos trabalhos da banda), e, principalmente, a preocupação de uma produção impar, com um cuidado e atenção diante o público desde a escolha das bandas ? inclusive essa atenção esse ano foi tão cuidadosa que tivemos todas as apresentações até inéditas em solo brasileiro, bandas que como o Enslaved já sendo pedidas a anos para alguma produtora trazer. Tudo isso culminou em um festival quase poucos erros, com tudo ajeitado em seu lugar, tudo a mostra e fácil exposição, sem atrasos e bagunça. Impressiona esses detalhes, principalmente em um país onde muitas produtoras se preocupam somente com o lucro da bilheteria e atuam de forma completamente amadora com banda e público... E não podemos esquecer também o fato que estarmos em tempos tenebrosos no Brasil para a cultura e arte, e quem acompanhou percebeu as dificuldades do festival em ser realizado esse ano.

Com um publico ainda tímido, a abertura do evento se deu com a apresentação de John Haughm, que pertenceu ao cultuado Agalloch. A banda em um futuro incerto, John Haughm aproveita e mostra seu trabalho solo totalmente experimental; foram aproximadamente 40 minutos de ruídos, efeitos e concepções harmônicas e melódicas contemporâneas sem pausa. O som soturno e inquietante dialoga a todo momento com um vídeo onde paisagens de estradas, desertos e mansões abandonadas completam a sonoridade ? é tã bem pensado a concepção da arte que John Haughm passa que som e imagem se funde a um só. E o guitarrista mostra uma aura de mistério: sua fala é unicamente a guitarra, e o jogo de luzes azulado e avermelhado deram ao ambiente estranheza. Não é um show para se ver conversando, pois, o som intriga e prende a atenção, porém para muitos não deve ter passado de ?barulho sem sentido?; uma apresentação arriscada (mesmo que tenha mantido a tradição do Overload Music Fest sempre ter músicos experimentais presente), mas que funcionou como abertura.

Em pouco tempo, os franceses do Les Discrets entraram em palco. Esse que vos escreve não conhecia nada da banda e fui às cegas, o que me acarretou numa surpresa enorme! O som atmosférico e soturno em contraste com uma iluminação mais alegre e os músicos em palco mostrando uma alegria enorme em estar ali, esses contrastes foram perfeitos em dar enormes sensações para o público, que em momentos que aplaudia efusivamente, em questão de segundos ficavam paralisados com a performance da banda. Mesmo que o carisma e liderança do guitarrista e vocalista Fursy Teyssier comandando a todo momento, ainda a banda se mostrou um tanto recuada em palco, mas nada que tenha atrapalhado o show ? isso foi claro em alguns segundos meios tensos na abertura com L'Échappée, onde as vozes mais baixas que os instrumentos, rapidamente equalizadas, meio deixaram os músicos sem saber o que fazer. O som dos franceses tem um equilíbrio entre partes mais pesadas e mais melancólicas que poucas tem, Les Feuilles de L'olivier e Virée Nocturne mostraram bem esse viés. Ao lado de Teyssier, o baterista Winterhalter também chamou a atenção com sua técnica impecável, principalmente de texturas que ele tira na bateria. Impressionou também a quantidade de pessoas presentes a ver eles, tanto que o merchandising praticamente se esgotou e ao tocarem Après L'ombre, a banda foi ovacionada. Em uma hora de show, os franceses terminaram mais a vontade em palco com a belíssima peça Song for Mountains, muito bem aplaudidos! Após a apresentação deles, víamos os músicos no meio do público passeado numa humildade que poucos possuem...

Com um pouco de atraso, as primeiras notas de Silfur-Refur da deixou claro que o Sóltafir veio ao Brasil para fazer uma performance impecável e que muitos dos presentes ? a essa altura a casa já quase cheia ? estavam lá para ver eles. E foi o que de fato aconteceu. O show foi de uma energia impressionante do começo ao fim, onde tudo deu certo, inclusive som e iluminação que nesse momento foram impecáveis. E muita da energia do Sóltafir advém do guitarrista e vocalista Tryggvason Sæþór; uma presença de palco fantástica, onde chegou a conversar com o público para saber em nossa língua como falar Svartir Sandar, nome de uma das músicas mais conhecidas, a anunciando como Areia Negra a literalmente se pendurar na grade entre público e palco para cantar com os fãs. Claro, depois de duas apresentações mais soturnas, o som mais calcado em um folk e mais forte também fizeram com que Sólstafir tomasse a atenção para eles; mesmo as passagens mais progressivas e psicodélicas não fizeram cair em nenhum momento a apresentação. E o público.... Ótta, Náttmál, Djákninn, não importa que som tocassem, o público urrava e cantava junto; mesmo o término com a seminal Goddess of the Ages, os fãs permaneceram por minutos aplaudindo a banda.

Seria difícil bater a apresentação os islandeses, mas o Enslaved era uma das bandas mais esperadas a vir no Brasil. Muitos conversavam aqui e ali sobre como seria a apresentação, afinal, o som da banda é uma complexidade que varia do Heavy estremo ao progressivo a todo momento. De fato, com a abertura com a enigmática Ruun, já hipnotizava quem estivesse vendo, era impossível reagir ao som tamanho impacto que os noruegueses impunham com seu som. Porém o começo não foi perfeito; infelizmente na principal atração o som teve falhas graves: as vozes muito mal equalizadas e na abertura e em Death in the Eyes of Dawn a guitarra de Ivar Bjørnson apresentou problemas que demorou a ser solucionado, praticamente ele ficando de fora das duas músicas. Mas estamos falando de uma das mais respeitadas bandas europeias da atualidade, e mesmo com problemas e conseguir se sobressair ao show anterior, o Enslaved mostrou toda uma garra e potência. A apresentação foi dividida em duas partes, na primeira os sons mais novos; além da abertura, Ground, a dedicada ao Sósltafir Ethica Odini e uma das mais pedidas One Thousand Years of Rain mostrou uma banda coesa com seus sons não somente fortes em estúdio, mas também ao vivo. Difícil a banda ter destaque individual, o Enslaved soa como único e cada detalhe das músicas são representadas ao vivo ? o que deve ser extremamente difícil devido aos detalhes de arranjos ? mas difícil não prestar atenção em Grutle Kjellson, vocalista e baixista, e como ele tem domínio de palco, tomando todo o espaço e não parando um momento sequer. Heimdallr anunciou a segunda parte com os sons mais antigos e mais extremos ? como a banda visitava o Brasil a primeira vez, tiveram cuidado de tocar pelo menos uma canção de seus trabalhos mais importantes. A casa veio a baixo. Kjellson até pergunta ?então é o velho Enslaved que vocês querem ouvir?? E quase como um murro na cara, Vetrarnótt e Allf?ðr Oðinn são tocadas, terminando com Isa. Voltaram ao bis e a surpresa de Slaget i skogen bortenfor, canção de um Split com Emperor, quase uma viagem ao túnel do tempo nos primórdios da segunda geração do Black Metal. Conseguiram. Mesmo com dificuldades o Enslaved conseguiu fazer jus a ser headliner e uma apresentação inesquecível, claramente a banda dando muito de si para essa primeira vez no Brasil

Saldo final: espetacular, não temos o que reclamar da produção do Overload Music Fest e muito menos das bandas, que estrearam em solo brasileiro com muita vontade e garra. E esperamos as surpresas do Overload Music Fest para sua edição de 2018 já sabendo a qualidade que terá!.


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