Engenheiros do Hawaii em SP (quarta)

Dia: 30/05/2007 (Quarta-feira) - Às: 21:30 até 23:00

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A primeira conclusão a que se chega depois de ouvir o CD Acústico MTV Engenheiros do Hawaii é que o formato acústico e a coleção de hits da banda de Humberto Gessinger são como erva-mate e água quente. Nasceram um para o outro.
Desde o início, eu não queria um acústico super produzido, ficava pensando como encontrar a proporção certa. Me senti muito à vontade com esses arranjos, foi quase como voltar ao começo, à forma como as músicas nascem pra mim, define Humberto.

O primeiro passo foi dado em Porto Alegre, ainda em junho. Humberto partiu para gravar em casa , numa sala onde guardo os instrumentos, uma demo com 30 canções. A primeira pessoa a ouvir foi o produtor Paul Ralphes e ele foi super receptivo. Da gaitinha que comprei só pra tocar na demo até um raio que vazou durante uma gravação, todo o clima caseiro ficou impresso na fita, estava tudo lá.

A etapa seguinte foi trabalhar em cima do repertório bruto, missão que Humberto e Paul dividiram, somando e cruzando variáveis. O Paul estava mais ligado nos tons, no ritmo das canções; eu pensava nas temáticas, nas letras. Mas o fato é que as canções foram, elas mesmas, ´se escolhendo´, avalia Gessinger.

Cerca de dois meses e muitos ensaios depois, Humberto e os músicos Paulinho Galvão, Fernando Aranha, Bernardo Fonseca, Gláucio Ayala e Humberto Barros aportaram no estúdio Locall, em São Paulo, para dois dias de gravação do projeto da MTV (18 e 19 de agosto). Juntos, sucessos do final dos 80, algumas canções-lado-B do Humberto Gessinger Trio e a produção musical mais recente dos Engenheiros do Hawaii redesenharam um mosaico inconteste do talento de hitmaker de Gessinger. Foi curioso constatar que o repertório reúne canções de três décadas. Me dá um certo conforto ver que a minha produção musical foi contínua e que está aí, até hoje.

Os convidados também afinam com o tom caseiro que Humberto buscou desde o início. Baterista da formação original da banda, Carlos Maltz terça vozes na canção Depois de nós (Maltz), gravada por ele em um disco independente em 2001.
A voz que se ouve na gravação de Pose (Gessinger, 1992) é de Clara Gessinger, doze anos. Quando sua filha demonstrou interesse pelo assunto, Humberto lembrou de uma canção quase ingênua, pouco tocada pela banda, para apresentar à Clara. Eu não sabia no que iria dar até que ela chegou no ensaio, no Rio, colocou o fone e começou a dar instruções. Desse momento em diante, não consegui mais ouvir a música sem ela, atesta o pai-coruja.

Pela primeira vez, os Engenheiros contaram com Lincoln Olivetti na regência e arranjos de cordas nas gravações de Dom Quixote(2003), Vida Real (1996), Surfando Karmas e DNA (2002) e na inédita Outras Freqüências (2004). Quando ele chegou ao estúdio e ouviu a gente tocar Vida Real, já saiu assobiando uma linha melódica, de primeira. Humberto alterna violões, bandolim, gaita e teclado.

As duas inéditas do CD - Armas químicas e poemas e Outras freqüências -, pintaram no meio do processo, durante os ensaios, e acabaram se impondo à vontade inicial de não incluir canções novas no projeto.

O Acústico MTV Engenheiros do Hawaii é o projeto de número 15 na discografia de Humberto Gessinger, gaúcho que viveu oito anos no Rio sempre com uma certa sensação de turista. O especial de TV estréia dia 5 de novembro e o DVD homônimo chega às lojas ainda em novembro. Disco na rua, programa no ar, os Engenheiros já estão afivelando as malas pra ganhar a estrada na nova turnê. Depois que o disco fica pronto, começa a melhor fase: é quando a gente vê o projeto ´falar´ por si só, crescer, nos surpreender, avalia Humberto. Não tenho domínio sobre o ato de compor e sempre gostei de preservar o mistério de como a inspiração bate. Afinal, a gente não conhece o destino das canções.

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