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Coberturas de shows

Camisa de Vênus no Teatro RioMar

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Publicada em 17, May, 2015 por Daniel Tavares


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O local é enorme, possui um estacionamento para centenas, talvez alguns milhares de carros. Lá dentro, lojas de todo tipo vendendo produtos dos mais chiques aos mais populares. E ali também são servidos desde os hambúrgueres plastificados até refeições de fino sabor oriundas do outro lado do mundo. E no interior deste local ainda há um teatro luxuoso, bonito e confortável. Estamos falando do local onde aconteceu o show da banda CAMISA DE VÊNUS em Fortaleza, o Shopping RioMar. Mais especificamente agora, de seu teatro.

Conforme anunciado nos alto-falantes, o teatro do Shopping RioMar em Fortaleza ainda está em período de ajustes. A inauguração do próprio shopping que o abriga é ainda fato recente (último semestre do ano passado). Do que pudemos constatar, o único ajuste que ainda falta é o preço dos ingressos, considerado salgado por boa parte do pequeno público que compareceu ao evento (e também até por alguns ausentes, que explicaram ser esse o motivo de sua própria ausência). Palco, som, serviço e o ambiente em si já se equiparam, quando não ultrapassam, o de outras praças de Fortaleza.

Sobre se era ou não apropriada a realização de um show de uma banda como CAMISA DE VÊNUS em um teatro (afinal, quem assistiria a um show desses sentado e comportado), podemos dizer que não houve diferença entre ter sido feito ali ou em uma barraca de praia, por exemplo. O público gritava "Bota Pra Fuder", "Bota Pra Fuder", "Bota Pra Fuder" e antes mesmo de Marcelo Nova se juntar aos seus quatro amigos (o baixista e também fundador do CAMISA Robério Santana, o baterista Célio Glouster e os guitarristas Leandro Dalle e Drake Nove) já estava todo mundo em pé. E o refrão da música, que todo o público já estava cantando, continuou.

O puro rock and roll continuou com "Hoje". Marcelo domina o palco e, às vezes, até parece que só o palco não lhe é suficiente, parece que está em vias de pular e cantar junto com seus fãs. Ele avisou antes de "Bete Morreu" que fez a música com Robério Santana quando usavam fraudas. E a polêmica letra não deixou de ser cantada pelo público, pequeno mas muito empolgado.

Do álbum "Batalhões de Estranhos", vem "Rostos e Aeroportos", que foi o mais perto que o show chegou de fazer os casais presentes de se beijarem. Drake Nova, filho de Marcelo, derramou um solo pungente. A técnica do rapaz, mais que a filiação, o credencia a fazer parte da banda nesta turnê de comemoração de trinta e cinco anos, idade que ele provavelmente não tem.

Antes da próxima, Marceleza confessou: "Essa canção hoje é mais relevante do que quando gravamos. Não podia ser outra senão "Deus Me Dê Grana". Outro que se sobressai, além dos Nova, é o baixista Robério Santana. O som de suas quatro cordas reclama seu espaço sem a menor cerimônia. "É isso que estamos fazendo, celebrando com vocês 35 anos de Rock and Roll no nosso país", diz Marcelo.

Já estamos quase na metade do show, mas o público, que tinha dispensado o conforto das poltronas desde o início do show e estava todo em pé, continua gritando "Bota Pra Fuder" entre uma música e outra (e até mesmo em meio a batmesca "Gothan City"). "Isso é que é rock and roll", alguém gritou. "Você falou tudo", Marcelo concordou.

Numa levada meio reggae, vem "Passatempo". E Drake Nova passa o tempo todo solando sua guitarra. É só pra passar tempo. E já não é tempo de ficar surpreso. Todos ali sabiam que o CAMISA irreverentemente subvertera o cancioneiro do Brasil transformando o samba-canção "Negue" (de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, famosa nas vozes, por exemplo, de MARIA BETHANIA e de NELSON GONÇALVES) em um Rock and Roll frenético. Ainda assim, nada como ouvir ao vivo toda aquela desconstrução.

"Fala a verdade, tá um puta som, não tá"?, pergunta Marceleza antes de também empunhar uma guitarra em "A Ferro e Fogo", numa versão sem o arranjo rebuscado do álbum "Correndo o Risco" (e até melhor, porque não dizer, respondendo à pergunta?). Longa e complexa (e aqui mais pesada, quase ecoando como "Rime of The Ancient Mariner"), pode-se dizer que foi sorte de quem estava ali pra ver a canção sendo tocada pelo quinteto.

E se os gritos de "Toca Raul" tornaram-se um bordão em muitos shows de rock nacional, no show de CAMISA DE VÊNUS não poderia faltar a lembrança do conterrâneo RAUL SEIXAS. "Essa foi a primeira canção que eu escrevi com um cara chamado Rauzito", revela nova antes de dar início a "Muita Estrela, Pouca Constelação". Em seguida, os gritos de "Camisa", "Camisa", "Camisa" saudaram a melhor composição de Nova e Cia, "Só o Fim".

Nova diz, sem dizer, que não acredita ao dizer que acredita nisto, naquilo e naquilo outro. Ou isso mesmo. E assim seja. Ou não. Mas está escrito: "Não vai haver amor nesse mundo nunca mais". E isto parece ser o que todo mundo acredita. É o que todos cantam enquanto Nova, que mais cedo tinha se declarado "ateu, graças a Deus", reza seu "Pai Nosso" em "O Adventista". E se fizeram o que fizeram com "Negue", podem fazer com "My Way", de SINATRA. E o fazem.

"Eu tinha tantas cartas guardadas na minha gaveta. E agora só encontro remédios tarja-preta", Nova atualiza a letra. "Eu fiz o que eu tinha que fazer, enquanto vocês gritavam ´Bota pra Fuder´". E a canção do Blue Eyes já tinha se transformado em um blues, com Nova adaptando ainda mais a letra ao momento. Impossível também deixar de lembrar de B.B.KING, que tinha nos dado a mais triste notícia do dia.

E, sim, o público ainda pedia pra "botar pra fuder". E o quinteto botou. A música que este redator, ainda criança, chamava de "Sim, Caxambó", veio convertida em um pot-pourri que incluiu a própria "Simca Chambord", "O Ponteiro Tá Subindo", "Be Bop A Lula", além de parecer brincar com a conterrânea IVETE SANGALLO ao incluir "O Chevette da Menina", de GENIVAL LACERDA, e, por fim, "The Thrill is Gone", homenagem a B.B. KING. "The Thrill is Gone. Tomorrow, we won´t have B.B.", cantou Marcelo Nova. "Ele é um cara que criou muito do que temos aqui hoje. Espero que hoje ele esteja dirigindo um Simca Chambord", completou.

Era hora do bis, mas para Marcelo Nova "esse negócio de bis é uma bobagem. Tudo ensaiado. A gente finge que vai embora. Vocês fingem que acreditam. Vamos ficar logo aqui". E mandou a incorreta "Sílvia.", de outro tempo, quando vivíamos sob outra ditadura e não a do politicamente correto. Hoje, os Trapalhões só passariam mais ou menos naquele horário, perto das 23h.

O saldo do show foi extremamente positivo. Foi uma pena que tão poucas pessoas tivessem tido a oportunidade de levar para casa as boas lembranças daquela noite. Talvez ingressos por um valor mais baixo sendo adquiridos por um número três ou quatro vezes maior de pessoas gerassem a mesma renda ou até mais. É uma reflexão que fica para próximos eventos. Quanto à parte técnica da casa e da produção, só resta desejar que continuem mostrando a mesma qualidade e comprometimento. E a segurança e conforto de assistir a um show em um shopping (com as facilidades brevemente mencionadas acima, como estacionamento, praça de alimentação, lojas) faz com que o Teatro do Shopping RioMar seja forte candidato a receber mais e mais eventos deste porte e tipo, aumentando o número de opções entre as casas que fazem a alegria da parte roqueira da cidade.

Ao fim, todos pulavam, cantavam e se declaravam inocentes. O CAMISA DE VÊNUS, comemorando seus 35 anos, botou pra fuder, mas ninguém ali matou Joana D´Arc.

Agradecimentos:

Monika Vieira, Juliana Bonfim e Rina Fontenele, pela atenção e credenciamento.
Renato Bras, pelo apoio e confiança.
Roberto Barros, pelo apoio e companhia.

<strong>Setlist</strong>
1. Bota Pra Fudê
2. Hoje
3. Bete morreu
4. Rosto e aeroportos
5. Deus me dê grana
6. Gotham City
7. Passatempo
8. Negue
9. A ferro e fogo
10. Muita estrela, pouca constelação
11. Só o fim
12. O adventista
13. My Way
14. Simca Chambord / O Ponteiro Tá Subindo / The Thrill Is Gone / Be Bop A Lula / O Chevette da Menina
15. Silvia
16. Eu não matei Joana d´Arc

<strong>Line Up</strong>
Marcelo Nova: vocal.
Drake Nova: guitarra solo.
Leandro Dalle: guitarra base.
Robério Santana: baixo.
Célio Glouster: bateria.


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