Orquestra Petrobras Sinfônica Toca Black Álbum do Metallica em São Paulo
Publicada em 02, Jul, 2019 por Marcia Janini
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No último domingo, 30 de junho, a Orquestra Petrobras Sinfônica sob a regência de Felipe Prazeres executa na íntegra a versão erudita com arranjos de Ricardo Cândido para o álbum "Black" (1991) da banda de heavy metal Metallica.
No inovador e ousado projeto "Álbuns", a Sinfônica busca a formação de público e a popularização da música erudita no país, traduzindo-se na iniciativa de execução de grandes discos populares, em variados estilos musicais, rearranjados para a sonoridade instrumental de orquestra.
Com início por volta das 19h45, após a execução da icônica canção de abertura de grande parte dos shows do Metallica "Ecstasy of Gold", trazendo toda a sua grandiosidade dramática em aura densa, surge o hit "Enter Sandman", com o predomínio dos potentes metais nas conversões e a participação da trompa permeando esparsamente a melodia.
Os cellos surgem vibrantes e encorpados na introdução de "Sad But True", evoluindo no preciso diálogo com o som aveludado das madeiras, conduzidas com maestria pelas flautas que delineiam com propriedade a estrutura melódica. Para a conversão aos refrões, mais uma vez os metais entram trazendo maior dinamismo na porção rítmica. Great!
Para a introdução em crescendo de "Holier Than Thou", o clarinete em cromatismos vigorosos apoia-se no andamento frenético desenvolvido pelo naipe da percussão, aliado ao incrível trabalho da viola de Carlos Mendes (surgindo como guitarra rítmica). Na porção média da melodia, angariando entusiasmados aplausos da platéia, o 1º violino do spalla Ricardo Amado brilha com intensidade, traduzindo em allegro vivace a sonoridade da guitarra melódica. Amazing!
Densa "The Unforgiven" surge como um dos mais felizes momentos da apresentação. Seu andamento suave em adágio revela o intenso trabalho dos músicos e do arranjador Ricardo Cândido na busca da perfeição estética. Afretando nas conversões os violoncelos aliam-se à potência da bateria e dos metais, em um dos mais dinâmicos momentos do espetáculo.
As madeiras para "Wherever I May Roam" em doces acordes na introdução denotam a influência oriental, permeada pelas cordas em pizzicato, ascendendo em intensas variações dinâmicas aliadas à brilhante condução da bateria. Em glissandos intensos, os violinos frenéticos comandados por Amado reinam soberanos na ponte entre estrofe e refrão, explorando a sonoridade dos solos distorcidos de guitarra com maestria. Visceral!
"Don´t Tread on Me" surge com a densa introdução em cadenciado determinada pelos tímpanos, evoluindo para a cadência do andante com preciosos arranjos dos contrabaixos acústicos, que se fundem à bateria, em contraponto ao belíssimo diálogo entre cordas e madeiras. Amazing!
Após breve intervalo de cerca de 20 minutos, tem início a segunda parte do concerto, com a execução da dinâmica "Through the Never", traduzindo em potentes glissandos das cordas nas conversões a sonoridade das guitarras distorcidas em afinação alta... Com grande graça e propriedade a tuba surge auxiliando na ambientação dos staccatos do refrão, trazendo enorme diferencial à melodia.
Para a urgente balada "Nothing Else Matters" suave introdução com a presença de címbalos em doces notas. As cordas surgem suaves e precisas, em lindo diálogo com as madeiras, traduzindo à melodia aura de lirismo. Traduzindo maior vigor dinâmico em esparsos movimentos a trompa irrompe nas conversões, em resposta aos arpejos de rara beleza dos violinos em um dos mais belos momentos da apresentação.
"Of Wolf and Man" traduz em seu dinamismo crescente a precisão cirúrgica do instrumental nas profundas e intensas variações dinâmicas. Permeados pela firme condução da bateria cadenciada em andante liggero, os demais instrumentos estabelecem vigoroso diálogo. No contraponto, a tuba e o contrabaixo auxiliam na manutenção do andamento constante.
Para "The God That Failed" mais um precioso momento, determinado pelos arranjos dos metais, que traduzem à melodia aura festiva, contrastando com a solenidade das cordas e madeiras, em uma interessante correspondência. Ousada a trompa surge determinando a cadência, permitindo à bateria liberdade para explorar inovadora linha melódica na condução, traduzindo-se em solos nada óbvios. Pizzicatos das cordas na finalização traduzem ainda mais jovialidade à melodia. Bravíssimo!!!
A delicada "My Friend of Misery" ganha velada aura de mistério com a linha melódica adotada pelas madeiras na introdução.
Finalizando a histórica apresentação, "The Struggle Within" última faixa do álbum, é executada com grande apuro e rigor estético, em mais um grande momento da noite!
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