Características Étnicas na Turnê de Lulu Santos - Acústico 2
Publicada em 11, Aug, 2010 por Marcia Janini
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A nova turnê de Lulu Santos explora a criatividade e charme do continente africano, em suas variadas nuances e influências na música brasileira e latina.
Em apresentação no último sábado, 7 de agosto, com lotação esgotada e início às 22h30 no HSBC Brasil, o espetáculo trouxe gratas surpresas para o público, como a canção inédita “E Tudo Mais...”, além de inusitadas e criativas versões para grandes clássicos de sua carreira.
A divertida noite já inicia com grande ponto de verticalização, prenunciando algumas das inovações que seriam demonstradas no decorrer da apresentação, partindo da inusitada decoração e da introdução realizada por meio de áudio de folclórico coral afro. Ao subir as cortinas, a percussão inicia o toque sincronizado dos atabaques, remetendo ao toque “barra-vento”, observado nos terreiros de umbanda e candomblé.
Lulu surge com figurino inspirado nos malandros cariocas, esbanjando charme e carisma, acompanhado pela excelente banda formada por Jorge Aílton (baixo e vocais), Chocolate, na brilhante condução da bateria, Hiroshi nos teclados, Pretinho da Serrinha, num show de percussão, PC (sopros e percussão) e Andrea Negreiros, surgindo como importante diferencial na execução dos backing vocals e também nos efeitos de percussão, demonstrando versatilidade nos mais variados instrumentos, incluindo uma cítara.
“Um Pro Outro” apresenta sutis mudanças com a introdução do sax nas conversões do refrão, ampliando o potencial dos belos arranjos da melodia.
As sonoridades indianas são exploradas por meio da cítara com perícia e criatividade na introdução de “Papo Cabeça”, ressaltando os efeitos introspectivos da letra, em elaborada melodia de belos arranjos.
O andamento de “Vale de Lágrimas” remete suavemente à dramaticidade do tango, com variações da gaita de PC, numa versão suave e bem dosada.
Alegre e vibrante surge a versão de “Tudo Azul”, na cadência do baião, traduzindo as tradições nordestinas na introdução do coco de embolada, com direito a repentes (improvisos) nos refrões e junção dos instrumentos folclóricos do gênero, como zabumba, pandeiro e triângulo, além de belíssima finalização ao som de pífanos.... Incrível!
Outro grande momento do espetáculo, a versão latina de “Adivinha o Quê”, com introdução que remonta à santeria cubana, traz a salsa latina nos vocais de Marina em participação especial, realizando delicioso dueto com o cantor. Perfeita a condução da flauta transversa, emprestando à sensualidade da canção a suavidade andina.
“Brumário” inicia com roda de pagode, traduzindo em seu bojo elementos do soul nacional, com a graça da marcação do tamborim na junção com o sax e a efusão dos atabaques na finalização. Carioca, malandra e deliciosamente alegre!
Seguindo em vertentes análogas, “Sábado à Noite” brilha com a malemolência do samba de partido alto, culminando com finalização de um belíssimo solo de cuíca para partideiro nenhum botar defeito, seguida pela delicadeza da bossa nova em “Baby de Babylon”. Fantástico!
Em show muito intenso e divertido do princípio ao fim, com versões inusitadas às gravações originais, Lulu Santos, ousado e em excelente forma criativa, em performances inspiradas, brindou a todos com um espetáculo de altíssima qualidade, em um dos melhores espetáculos da temporada, realizando o encontro perfeito entre as variadas vertentes da música nacional e as sonoridades que lhes serviram de inspiração. Bravo!
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