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Titãs

Dia: 13/09/2014 (Sábado) - Às: 22:00

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Uma das mais importantes bandas do rock nacional desde a década de 80, os Titãs lançaram o 18º álbum da carreira, Nheengatu, mostrando que estão mais críticos e atuais do que nunca. Com a acidez característica e engajados como sempre, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto e Branco Mello subirão ao palco do Citibank Hall, em São Paulo, para única apresentação, no dia 13 de setembro.

No show, os Titãs mostrarão o motivo de Nheengatu ter sido tão bem recebido pelos críticos e público. Além das músicas do novo trabalho, como o sucesso “Fardado”, no repertório também estarão clássicos dos 32 anos de trajetória da banda.

TITÃS - “NHEENGATU”
Não consuma esse disco se tiver estômago fraco. “Nheengatu” é repleto de cenas fortes, impróprias para quem não encara as verdades de frente. Tem pedofilia. Tem fome, miséria, crack. Tem machista covarde que dá flores para a mulher, mas que se revela um monstro de ciúme possessivo. Tem bossais preconceituosos que espancam quem não segue suas cartilhas de costumes. Tem quem sobrevive em vez de viver e personagens de HQs que poderiam perfeitamente ter saído das redes sociais.

“Nheengatu” é uma crônica ácida do Brasil em carne viva, com as angústias e mazelas que estão bem aqui do nosso lado. Os Titãs, que se consagraram por cravar a unha na ferida e nunca tiveram pudor em virar do avesso temas incômodos, lançam seu 18º disco, mais críticos e atuais do que nunca. Dessa vez, em tempo real. Como Fardado, composta enquanto protestos e manifestações varriam o país afora: “Por que você não abaixa essa arma / O meu direito é seu dever / Por que você não usa essa farda / Pra servir e pra proteger”.

“Desde o começo, tínhamos vontade de fazer um instantâneo do tempo que a gente vive. Fardado foi diretamente inspirada na fotografia de uma adolescente parada na frente de uma tropa da PM com um cartaz escrito: ´Fardado, você também é explorado´”, conta Sérgio Britto.

Nesse retrato contemporâneo, em que elementos regionais se misturam ao som predominantemente pesado, também aparecem os que andam pelas ruas por outros motivos. Drogados e mendigos perambulam por endereços famosos de São Paulo em Mensageiro da desgraça. A letra junta os sem-teto de hoje com os excluídos da nossa história, os índios. “Vejo meus antepassados / Vou vingar os meus irmãos / Os que são queimados / Enquanto dormem no chão”.

Foi olhando para nossas origens, aliás, que os Titãs batizaram o disco. Nheengatu é uma língua derivada do tupi-guarani, criada pelos jesuítas no século XVII para unir as tribos nativas do Brasil e os brancos recém-chegados. O contraponto está na capa, com a imagem da Torre de Babel, mito bíblico sobre a completa falta de comunicação entre os homens.

“Nheengatu define bem um disco que trata dos assuntos mais sensíveis no desenvolvimento da sociedade brasileira nos dias de hoje. Nossa civilidade, ética e moral estão nas letras desse CD”, detalha Paulo Miklos, que se inspirou na música indígena para compor, em parceria com o ex-titã Arnaldo Antunes, a ótima Cadáver sobre cadáver: “Retomamos esta referência que já estava na canção ´Cabeça Dinossauro´, de 1986, e que agora experimentamos com mais profundidade”.

As 14 faixas do álbum formam uma sequência vigorosa, intensa, difícil de desacoplar uma da outra, que retrata bem a personalidade forte dos Titãs. Essa contundência fica latente em Pedofilia, assunto tabu na música brasileira, composta do ponto de vista da vítima. A letra é o próprio depoimento, envergonhado e indignado, um desabafo depois de sofrer nas mãos de seu algoz. A interpretação de Britto é primorosa e revela todas as nuances do crime. Suave e doce nos argumentos do pedófilo, nervosa e repulsiva quando a vítima cospe para fora a barbaridade que sofreu.

O disco vai também direto ao ponto em Quem são os animais?, que bate forte nas humilhações sofridas pelas minorias: “Te chamam de viado e vivem no passado / Te chamam de macaco e inventam o teu pecado”. Já Flores pra ela poderia ser uma tragédia das páginas policias, do marido possessivo e descontrolado que se sente dono da própria mulher. A interpretação envolvente de Miklos vai crescendo e se descontrolando com o avançar da música, enquanto a guitarra de Bellotto acompanha a tensão, culminando num solo que grita, berra, como um pedido de socorro.

A banda – que nesse álbum volta a contar com Mario Fabre na bateria – também ataca o politicamente correto que patrulha opiniões e comportamentos. “Não pode fumar, não pode beber / Não pode xingar, não pode correr”, reclama Britto em Não pode. A futilidade dos verborrágicos que não têm nada para dizer é tratada em Fala, Renata, assinada pelo trio Britto, Miklos e Bellotto – também autores da energética Eu me sinto bem.

A obsessão cega por uma religião que suga as crenças e o dinheiro do fiel dá as caras em Senhor. O sarcasmo crítico se traduz na estrofe “Querem meu dinheiro, querem meu salário / Um santo no espelho, uma sombra no armário”.

“Senhor foi inspirada também nessa vontade de fotografar o Brasil atual, em que a religião se mistura na política com resultados terríveis, como a manipulação e a exploração de fiéis, a resistência de bancadas religiosas em aceitar a discussão de pesquisas com células tronco, descriminalização do aborto... A canção usa o formato de uma oração ao contrário, com uma base punk bem titânica, que lembra coisas de nossos discos mais antigos”, explica Tony Bellotto, autor da música.

E se o álbum remete aos primórdios dos Titãs, flerta também com a história da música brasileira, numa colagem genial em Baião de dois. A composição de Miklos inicia com “O mundo é um moinho”, de Cartola, e “A vida é um buraco”, choro de Pixinguinha. Segue adiante com “O mundo me condena”, de Noel Rosa, e “A vida me ultrapassa”, verso de Rita Lee e Tom Zé. Até desembocar em “É só isso esse baião, e não tem mais nada não”, inspirada em “Bim Bom”, de João Gilberto.

O lado mais leve (mas não menos crítico) de “Nheengatu” vem do olhar sempre afiado de Branco Mello, em parcerias com o cartunista Angeli e o autor e diretor teatral Hugo Possolo, em República dos Bananas, e com o também dramaturgo e diretor Aderbal Freire-Filho, em Chegada ao Brasil (Terra à vista) – ambas assinadas ainda pelo guitarrista Emerson Villani.

"Angeli é o criador desses personagens que aparecem na música e um gênio dos quadrinhos. Trata-se de um retrato bem-humorado das diferentes figuras que habitam nossa República. Aderbal e Hugo são grandes artistas do teatro brasileiro. Fizemos essas músicas inicialmente para outros projetos, mas os temas se encaixaram com perfeição nesse trabalho. Um rock falando da chegada ao Brasil e outro sobre os tipos brasileiros que vivem por aqui", conta Branco.

É Branco que interpreta a única releitura do disco. Uma versão pesada para Canalha, clássico de Walter Franco, de 1979, cuja letra conversa bem com as outras faixas do disco. "Walter Franco sempre foi um compositor muito original, com referências variadas e que criou um estilo único. A canção é muito poderosa e continua atual, mesmo depois de tanto tempo", opina Bellotto.

“Nheengatu” tem homenagem. Tem influência da música indígena. Tem um pouco de baião, xaxado e samba. E tem muito rock´n´roll. A densidade e acidez das letras se complementam naturalmente na sonoridade do disco, ancorada no clássico trio guitarra-baixo-bateria. É Titãs em sua (melhor) forma e conteúdo. Sem nenhum pudor.

(Hérica Marmo e Luiz André Alzer - Maio de 2014)



Citibank Hall SP
Av. das Nações Unidas, 17955
Santo Amaro - São Paulo - SP - BR
www.citibankhall.com.br

Ingressos de R$80,00 a R$250,00
www.ticketsforfun.com.br



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