O Rock Progressivo de ELP em São Paulo
Publicada em 27, May, 2018 por Marcia Janini
Na noite de 24 de maio, quinta-feira, o Espaço das Américas recebeu mais um show da turnê de Carl Palmer, à frente de seu projeto Emerson Lake and Palmer Legacy, onde o baterista rememora os grandes sucessos da carreira.
Subindo ao palco às 22h00, Palmer acompanhado pelos integrantes de sua nova formação, inicia a apresentação ao som de "Abaddon´s Bolero", numa interessante fusão entre a sonoridade celta explorada com propriedade pelo baixo em notas suspensas e os acordes soltos e dedilhados, de grande agilidade da guitarra, permeados pela bateria em cadência influenciada pelo Bolero de Ravel. Impactante!
Para "Karn Evil 9: 1st Impression", o ruflar dos tambores na introdução se alia ao forte apelo da guitarra, em afinação padrão de intensos acordes dedilhados e ao contundente baixo em dub. Ascendendo vertiginosamente em andamento e cadência, a adoção da sonoridade wah na guitarra personifica a deliciosa ambientação na soul music. Em mais uma conversão, o andamento apresenta acentos próximos ao punk rock na finalização.
A cadenciada "Tank" exibe as bases do jazz fusion, bem determinada pela guitarra blueseira de Paul Bielatowicz, o baixo explorando a sonoridade em dub e a exímia condução da bateria em alucinante cadência de Palmer.
Densa, "Knife-Edge" traduz a contagiante aura do psicodelismo em seus cromatismos e glissandos, explorandos com maestria pela guitarra bem pontuada, num diálogo belíssimo com a bateria constante e o baixo em contraponto.
Para "Trilogy", o baixo aponta na introdução grave sonoridade de tom suave, com efeitos de distorção, seguida pelo diálogo com a guitarra em tonalidade jazzística, explorando dedilhados de rara beleza estética. Ascendendo para o frenético andamento adotado pela bateria de Palmer, a canção evolui em cascatas sonoras, irrompendo em preciosos arranjos. Amazing!
Após o não menos relevante solo do baixo, onde Simon Fitzpatrick demonstrou um pouco de sua enorme habilidade e talento em sonoridades andinas e estilos como o charleston, a execução de "Canário", adotando influências do Mediterrâneo em forte intensidade instrumental e andamento frenético, traduz ao espetáculo grande momento da apresentação na execução de um dos maiores hits do ELP.
Em uma inspiradíssima releitura "21st Century Schizoid Man" (King Crimson) surge em toda sua grandeza com conversões ousadas para as frenéticas inversões da bateria, num show de versatilidade e agilidade de Palmer. O rico diálogo estabelecido entre a guitarra rascante e o perfeito contraponto exibido pela linha de baixo transcende fronteiras e limites sonoros. Incredible!
O solo da melódica guitarra de Paul Bielatowicz traduz o delicado acento da guitarra clássica e do flamenco, em tonás e andantes garbosos, dedilhados com extrema perícia técnica e agilidade, em um dos mais belos momentos da noite.
Em mais uma inspirada releitura a frenética "Hoedown", clássico de Aaron Copland, traduz a vigorosa aura do jazz no encontro com os roqueiros e ágeis acordes da guitarra, em riffs e glissandos explosivos, apoiados por breaks estratégicos. Em um dos mais belos momentos de sua performance individual, o baixo em dub estabelece, permeia e sustenta a dinâmica e o andamento para o diálogo entre bateria e baixo, de forma única. Ousado e impressionante!
Um dos mais aguardados momentos da noite, a execução do grande hit "Lucky Man", surge em nova versão, apenas instrumental, encerrando lindo e especial momento do show.
Além destas canções constaram no repertório gratas surpresas nas releituras para grandes clássicos da música erudita como a abertura "Fortuna Imperatrix Mundi" da cantata Carmina Burana de Karl Orff e excerto da suíte "Nutrocker" (O Quebra-Nozes) de Tchaikovsky.
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