Site de música   
Coberturas de shows

Maestro Roth rege fãs e banda ao conduzir São Paulo até os mágicos anos 70

Compartilhe:


Publicada em 01, Oct, 2018 por Vagner Mastropaulo


Uli-Jon-Roth.jpg
Sabe quando um show começa tranquilo, vai esquentando e termina fervendo? Assim foi a volta de Uli Jon Roth a São Paulo, quatro anos após ter tocado no Manifesto Bar, em março de 2014. E o guitarrista não desapontou a boa lotação da casa (ainda mais com o Nightwish esgotando o Tom Brasil na mesma data e talvez ´roubando´ alguns fãs). O fato foi que quem curte seus álbuns gravados com o Scorpions entre 1974-78 (Fly To The Rainbow, In Trance, Virgin Killer e Taken By Force, além do ao vivo Tokyo Tapes) partiu satisfeito após duas horas e quinze minutos de um set focado no grupo de Hannover (além de outras surpresas) que levou a magia setentista para o Carioca. Só não vale a discussão reducionista sobre ele ´só ter feito covers´, pois, com tantos grupos resgatando e exaltando os anos 70 (Rival Sons, Blues Pills, Kadavar, Greta Van Fleet e DeWolff, só para citar alguns), melhor estar em companhia de quem lá esteve ajudou a definir tal sonoridade.

Com atraso de vinte minutos, All Night Long abriu as cortinas às 22:20, com Uli de bandana azul clara, confortáveis roupas pretas, botas marrons e auxiliado pelo baterista Richard Kirk e três músicos do Crystal Breed: Niklas Turmann (vocais e guitarra), Nico Deppisch (baixo) e Corvin Bahn (teclados). Decorando o palco, apenas o telão da casa com o nome do guitarrista e penas roxas penduradas no headstock de seu instrumento. Ao seu término, deu boa noite, expressou a felicidade em estar na cidade, "definitivamente, um de nossos lugares favoritos para tocar", antes de Longing For Fire. Então se estabeleceu um micro-padrão, com o atencioso Uli comentando as três canções seguintes: a bluesy Sun In My Hand "sobre o poder da música"; The Sails Of Charon, mais pesada, "a respeito de um homem que faz escolhas erradas o tempo todo"; e a tocante Don´t Tell The Wind, "nunca tocada em São Paulo antes, foi escrita pelo meu irmão Zeno Roth, que infelizmente faleceu no começo deste ano, um grande músico". Retirada do álbum Zeno (1986), ela presenteou o esforço coletivo: Corvin cantou o verso-título do refrão; o baixo de Nico soou destacado, mesmo com duas guitarras; Niklas sensivelmente interpretou-a; os dois bumbos de Richard, perto do final, foram de respeito; e Uli detonou em dois belos solos!

Migrando para a única do Electric Sun, Uli voltou a tecer comentários, antes de Enola Gay (Hiroshima Today?), "sobre a aeronave que lançou a bomba em Hiroshima em 1945", agora com penas vermelhas suspensas em outra guitarra. Seu final evidenciou a habilidade e liderança do músico ao: cantar uma parte, solar só com a mão esquerda e reger o restante do grupo ao esticar a mão direita, como um autêntico maestro. Mas ao terminá-la repetindo o gesto, de olhos fechados, ´enfeitiçou´ a platéia, a contemplá-lo. A técnica do braço esticado havia sido discretamente usada ao término de quase todas as canções até então, mas agora a condução adquiria novos ares. We´ll Burn The Sky foi a seguinte, mas coube à catártica In Trance deixar em transe quem a cantava, com o perdão do trocadilho, esquentando a apresentação, em nova regência de Uli, agora em seu começo.

E durante ligeiras mudanças no lay-out do palco, um engraçado e espontâneo "Olê, olê, olê, olê... Ulê, Ulê" surgiu entre a galera, antes de o guitarrista revelar que a turnê servia para: "celebrar meu qüinquagésimo aniversário de palco, pois, quando eu pisei no palco pela primeira na vez, eu tinha treze anos e mal sabia tocar guitarra, em 1968. Muitos de vocês não tinham nascido e eu sinto muito por vocês", esbanjando bom humor antes de prosseguir: "Enfim, vocês sabem, eu toco guitarra elétrica, mas estudei como tocá-la no modo clássico. Então vamos fazer algo diferente, algo mais sério, e depois podemos voltar a festejar". Em suma, Rainbow Dream Prelude, de seu álbum Scorpions Revisited (2015), tocada só por Uli em sua guitarra de oito cordas, emendada a um lindo dueto acústico, também de guitarra, com Niklas. A lamentar apenas o inacreditável zum-zum-zum de fundo, com o povo conversando durante a contextualização e o dueto, em vez de saboreá-lo. Enquanto Uli tomava fôlego, Corvin e sua barba trançada criavam rica atmosfera (não seria exagero classificá-la como um solo de teclado), em meio a uma névoa de gelo seco e luzes azuis, até que todos retornassem e seguissem com Fly To The Rainbow, mas já a partir de "rain in the sky, make the world fly", até o guitarrista concluí-la com efeitos hipnotizantes.

Pictured Life botou ordem na casa e Catch Your Train acelerou os andamentos, mantendo o show nos trilhos de Virgin Killer, agora com Polar Nights, totalmente cantada por Uli, que a puxou com um interessante wah-wah, enquanto os outros músicos pediam por palmas ritmadas. E após confidenciar que só havia tempo para mais uma, Dark Lady, o músico comentou que fez calor no Rio, onde tocara na véspera, provocando o retrucar de um confuso fã: "Aqui não é Rio, não, Uli!". Antes de sair do palco, o guitarrista fez os costumeiros agradecimentos, apresentou seus companheiros, fez juras de amor à cidade e deu boa-noite. Como se ninguém soubesse que haveria mais...

Com o retorno veio Yellow Raven, a última do Scorpions na noite, levando até Walcir Chalas (o da Woodstock mesmo - a cada dia mais parecido com John Bush, vocalista do Armored Saint) de volta à grade, de onde tinha saído para tomar ar. Reconhecido, abriu-se caminho para que ele retornasse até onde estava antes. Respeito assim é para poucos... e por falar em respeito, finalizando o set, Uli prestou tributo a dois ídolos em suas músicas derradeiras, ambas por ele cantadas: All Along The Watchtower (Bob Dylan) e Little Wing (Jimi Hendrix). Desnecessário dizer que elas levaram o Carioca ao delírio... e assim, diretamente de 1967 para 2018, encerrou-se uma verdadeira aula, sob regência do maestro Uli Jon Roth, sobre como ferver sua platéia com o bom, velho e eterno rock and roll! E não havendo mais o que ouvir ou dizer, os músicos partiram à 00:35, com os fãs deixando as dependências do Carioca, torcendo para que Uli e banda retornem em breve.

Setlist
01) All Night Long (Scorpions)
02) Longing For Fire (Scorpions)
03) Sun In My Hand (Scorpions)
04) The Sails Of Charon (Scorpions)
05) Don´t Tell The Wind (Zeno Cover)
06) Enola Gay (Hiroshima Today?) (Electric Sun)
07) We´ll Burn The Sky (Scorpions)
08) In Trance (Scorpions)
09) Rainbow Dream Prelude
10) Acoustic Guitar Solo - Uli Jon Roth + Niklas Turmann
11) Fly To The Rainbow (Scorpions)
12) Pictured Life (Scorpions)
13) Catch Your Train (Scorpions)
14) Polar Nights (Scorpions)
15) Dark Lady (Scorpions)
Encore
16) Yellow Raven (Scorpions)
17) All Along The Watchtower (Bob Dylan Cover)
18) Little Wing (Jimi Hendrix Cover)


[ << Ant ]    [ << Mais notícias ]    [ Próx >> ]
 

Mais notícias
Noite de clássicos atemporais celebra os 40 anos da carreira de Ritchie em São Paulo
ID. Entity: Riverside em São Paulo
Banquete de Signos: Zé Ramalho traz o Cancioneiro Regional à São Paulo
Men at Work relembra clássicos 80´s em São Paulo
Who I Am Tour: Nick Carter em São Paulo
Titãs Reencontra seus Fãs em São Paulo Pra Dizer Adeus
Entre dois mundos: Uriah Heep em São Paulo
Dreamworld: Pet Shop Boys em São Paulo
You Can't Kill My Rock 'n Roll: Hardcore Superstar em São Paulo
Night and Day: Diana Krall em São Paulo

 
 
 
 
 
 Busca
 Siga o Musicão nas redes sociais
Facebook Siga-nos no Twitter Siga-nos no Instagram Siga-nos no Tumblr Google Plus Youtube Pinterest
 Últimas Notícias
 Agenda de shows
Criação de Sites
Serviço
Arquivo de notícias
Equipe do Musicão
Release do site
Política de Privacidade
Contato

© 2006-2024 Musicão - Todos os direitos reservados - Proibida cópia de conteúdo parcial ou integral.