Ney Matogrosso Revela seus Sinais em SP
Publicada em 06, Feb, 2017 por Marcia Janini
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Na noite da última sexta-feira, 3 de fevereiro, o emblemático artista, ícone do rock progressivo dos anos 70 junto aos Secos e Molhados e um dos grandes nomes da MPB, realiza mais um show da turnê "Atento aos Sinais".
Subindo ao palco do Espaço das Américas por volta das 22h30, sob elegante e brilhante aparato cênico, composto pelo privilegiado esquema de iluminação, Ney Matogrosso inicia a noite com "Rua da Passagem" na cadência rumbeira e ensolarada do cancioneiro latino.
"Incêndio", uma canção alegre, dançante, traduzindo aos ritmos do nordeste brasileiro como o forró e o baião a distinta elegância de seu vocal, em meio ao contagiante e malemolente andamento da melodia, também surge como bom momento do show.
Para a urgente "Vida Louca Vida", no andamento frenético do rock n' roll, vigorosa performance de Ney, seguida pelo delicioso samba de "Roendo as Unhas".
As densas e introspectivas "Noite Torta" e "A Ilusão da Casa" onde os metais emolduram com graça e leveza a potente e límpida voz do cantor, traduzem ao espetáculo toque de sutil requinte ao cancioneiro popular. Brilhante!
Rompendo totalmente a visão cênica tradicional da "quarta-parede", o artista se desnuda (de seu personagem) em cena, realizando aos olhos de todos as trocas de figurino necessárias, de forma velada pelo lusco-fusco da iluminação. Um momento de total entrega à sua arte e ao seu público, com naturalidade ímpar!
Após a sensual releitura para "Two Naira Fifty Kobo" (Caetano Veloso) introduzindo a musicalidade africana de matriz iorubá no espetáculo, em meio à forte percussão, ritmada, expressiva surge a crônica cotidiana expressa na letra de "Freguês da Meia-Noite", repleta de crítica social, ao retratar de forma introspectiva e visceral o drama da prostituição. Toca na ferida com garbo, conduzindo à reflexão com grande propriedade, sem descambar no popularesco lugar comum ou em piedosa e melancólica visão. Mais um importante momento da apresentação!
Ousado na performance de "Isso Não Vai Ficar Assim", permite-se acariciar e receber o carinho de seus fãs, em meio à evoluções sensuais e fluidas de dança. Inusitado!
O bolero de "Não Consigo", envolto em gostosa latinidade revisitada em modernos arranjos, segue antecedendo a explosão de ritmos de "Tupi Fusão".
O "Samba do Blackberry" traduz o maxixe dos anos 20 aos nossos dias não apenas por meio da letra "high-tech" bem-humorada, mas pelos arranjos primorosos, que fundem estilos tão díspares como os primórdios do samba ao pop atual de forma tão harmoniosa e precisa! Fantástico!!!
Além destas canções, grandes clássicos da carreira como "Amor" e "Poema" surgem durante o bis, para deleite dos fãs.
Em mais um feliz instante do espetáculo, o samba "Ex-Amor" de Martinho da Vila ganha ares sofisticados na bela releitura de Ney, relembrando o samba de gafieira de maneira primorosa.
Assim termina a brilhante apresentação, com todos os sinais de uma bem consolidada carreira, prenunciando que ainda há muitos outros sinais à surgir... Fiquemos atentos!!!
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